Friday, January 26, 2007

Recomeço

Foi um pedaço de verão que pareceu longo e tenebroso inverno.
Finda a tempestade, o céu amanheceu com seus encantos e deleites do velho futebol, da velha Guanabara.
Primeiramente, falarei do Tricolor. Não foi uma grande partida no Maracanã, neste estranho horário que é o das dezenove horas e meia. Imaginável. Houve um desmonte completo em relação ao ano passado, e não se arma um grande time em dez dias. Novos jogadores chegaram. Alguns, com grande prestígio mas ainda precisando mostrar no campo tudo o que deles se espera, como Carlos Alberto. Outros, mal classificados como "reforços", embora jogadores razoáveis, adentraram Álvaro Chaves. No meu tempo e de Alexandre Machado, reforço era o jogador que vinha de grande fase, em condições melhores do que seu antecessor no clube. Não é pessimismo nem desdém, apenas realidade: o Tricolor fez, isso sim, uma grande mudança no time, mas comprovar a melhora do time é coisa que somente o tempo e as jornadas poderão garantir.
Houve um jogador jovem, promissor, o Soares. Entrou e perdeu um gol absoluto. Mas foi somente o começo, e poderá brilhar, é o que espera a nação das três cores. Tivemos o gol magro de Alex Dias, chorado, com a bola amarela escapando das mãos do goleiro friburguense e quicando mansamente até a lateral direita da rede. Após o tento, cedemos alguns espaços para o time da serra, mas nada que fosse plenamente assustador. Algumas alterações, mais como testes de ajustes para o ano que vem por aí. Vitória merecida, apesar do brilho não ter sido intenso.
As arquibancadas sentiram falta durante a escalação no velho placar de lâmpadas. Não havia Marcão. Agora é passado, injustiçado. O jogador trazido para sua posição foi Fabinho, que era reserva no Internacional de Porto Alegre; Romeu, jovem criado em nossa casa, ganhou a titularidade, e não parece disposto a cedê-la. Fabinho talvez seja um componente do elenco, o que pode ser preciso se o Tricolor realmente avançar em competições futuras como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
Ressalto a beleza das cadeiras novas, ocupantes da falecida geral. Será bonito vê-las cheias. Há quem diga que os arquibaldos arremessarão de tudo. Descreio. Sempre foi assim. Assisti muitos jogos de geral no passado, sempre com tranquilidade. Basta que a polícia cumpra suas obrigações de segurança nas arquibancadas, e tudo correrá bem.
Volto a falar de Carlos Alberto. É um jogador de grande talento, que tem experiências positivas e negativas no currículo. Foi bonito vê-lo, já rico e famoso, falar maravilhas de Xerém, da casa Tricolor, e ressaltando palavras suas do passado, quando havia dito que, um dia, voltaria a vestir o manto das três cores, mas não como um veterano em despedida, e sim ainda capaz de fazer diferenças. Planejadamente ou não, cumpriu a palavra. Sabe-se que não há de durar muito, talvez um ano, ou menos. Contudo, a beleza de um drible, um passe ou um grande gol levam segundos e, às vezes, posterizam-se, permanecem para todo sempre. É o que se espera do camisa dez de cabelo trançado à vert, blanc, rouge.
Alguns tentaram classificar o Fluminense como favorito ao título. Eu descarto essa tese, principalmente na condição de torcedor. Nós estamos acostumados a vencer quando nos desprezam, o timinho, o inesperado. Em anos recentes, quando vieram grandes contratações, os resultados foram pífios. O Tricolor precisa ser desconsiderado para voar alto. Outro argumento também é o de que há um equilíbrio muito forte entre os grandes times do certame, e mesmo menores como o Madureira estão certinhos, aliando conjuntos e experiência em seus elencos. O Vasco, mesmo com as limitações de seu elenco, ganhará muita qualidade com o argentino Conca e tem o melhor conjunto, haja visto que manteve a base do ano passado. Flamengo e Botafogo estão como nós, trabalhando e com castings de qualidade. Adversários tradicionalmente difíceis, cujas tradicionais camisas já são barreira para qualquer um.
Não será fácil. Ilude-se o torcedor das Laranjeiras ao imaginar que as favas são contadas.
Podemos ser campeões; certamente temos o direito ao título, provavelmente até a obrigação de conquistá-lo em função da nossa eterna sina, que é a de carregar troféus.
Merecermos é outra questão, a depender do afinco da equipe, que deve trabalhar cada partida como o lavrador ara a terra carinhosa e cuidadosamente, semeando tudo o que pode florescer em inestimáveis frutos.
Paulo Roberto Andel, 26/01/2007

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