Monday, January 29, 2007

Vazio

Acho que a televisão é muito importante para o futebol, sem sombra de dúvida, e tenho certeza que são necessárias regulamentações como o dito ‘Estatuto do Torcedor’ para o bom andamento dos espetáculos; porém, quando a TV ou o Estatuto fazem com que determinados jogos sejam marcados ou remarcados para outras datas e/ou horários que não são tão afinadas com o Soccer, como as tardes dos finais de semana, sinto como se houvesse um vazio, uma certa solidão. Ou seja, coisas que apenas o futebol pode fazer com você.

O Flamengo teve seu jogo adiado para uma noite de quarta-feira, contra um time de Campos, a ser jogado em Volta Redonda por decisão do Corpo de Bombeiros. Devemos agradecer aos nossos companheiros vermelhos, pois jogos na terra do chuvisco e de mamãe são sempre muito duros. Mas isso me deixou com o sentimento dito acima, pois não teve o Rubro-Negro no final de semana. Nem pelo rádio, nem na TV a cabo, nem em lugar nenhum, apenas uma ou outra nota nos jornais dominicais.

Gosto muito mesmo de futebol, a ponto de acompanhar a tediosa Copa SP de Juniores, os patéticos Campeonatos Francês e Alemão, enquanto os clubes daqui do balneário estavam em férias ou pré-temporada. Já assisti diversas "bombas", mas como dizia Carlos Drummond de Andrade, a esperança se renova a cada virada de ano, ou no meu caso, a cada início de temporada.

No dia da abertura do Estadual eu estava ansioso para a primeira rodada. Assisti ao embate entre o Time do Mercadão e o Glorioso, atual campeão, sabia do resultado entre Boavista e o Chuvisco’s antes de qualquer pessoa de minha família, além de ficar feliz em ver os clubes GRANDES não perdendo suas partidas.
Mas tudo era uma cortina para tentar disfarçar o stress que sofria por aguardar a estréia contra o esquadrão de Cabo Frio. O jogo aconteceu e, mesmo se a vitória não aparecesse, eu já estaria satisfeito, pois o Flamengo voltara ao meu dia a dia.

Em decorrência disto, o adiamento do jogo contra o time do Caixa me fez voltar muito cedo aquela sensação de vazio da qual há tão pouco tempo me livrei. Haviam diversas opções, dentre elas o Fluminense, Campeonatos europeus, Sub-20, mas não havia o principal: o Flamengo!

Pensei comigo: “Como vou atualizar minhas estatísticas, que estão paradas há tanto tempo?”

Uma das principais características do torcedor é essa necessidade de ter seu time junto de si a qualquer momento e ver / sofrer/ festejar/ duvidar / incentivar aqueles caras que correm atrás da bola, apenas por um sentimento egoísta que só eu conheço e que ninguém mais no mundo sabe como é. Apenas cada pessoa que torce pelo seu clube, seja ele qual for, sabe o que eu estou falando.

Quanto ao que sobrou da rodada, pude perceber que o Vasco voltará a ser um dos grandes do Rio e já o coloco como favorito à Taça GB. Ignorou aquela história de tabu e colocou o antigo Fluminense de Friburgo em seu devido lugar: o time pequeno. O mesmo não fez o Fluminense do Rio, que foi para a terra de Tiba e achou que iria vencer sem problemas o time da casa. Soberba! Esse é o mal que aflige 12 em cada 10 clubes ditos GRANDES. Os elencos são melhores, mas até para cumprir as tarefas mais fáceis é necessário seriedade.
Logo, é melhor fazer o dever de casa e não dar sopa para a falta de sorte.

Que não haja novos adiamentos e tenhamos pelo menos dois jogos por semana!!!

Positividade:
· Todos os jogos que sobraram tiveram gols marcados.

Negatividade:
· O Campeão empatou, o melhor elenco perdeu. Cuidado.
Alexandre Machado, 29/01/2007

O tropeço

Caríssimos, é como eu havia comentado: para galgar o Olimpo, o Tricolor precisaria tratar o futebol em campo como o lavrador que ara o terreno, carinhosamente, para nele semear e depois colher os melhores frutos.
Não foi o que aconteceu ontem, no belíssimo Estádio da Cidadania, na simpática cidade de Volta Redonda.
Encarar o aurinegro é sempre problemático: jogam com inegável disposição, tradicionalmente possuem bons elencos, times arrumados e não é de hoje. Vejam Moreno, o treinador do Volta Redonda. Foi um bom jogador. Meu primeiro radinho de pilha foi presente de minha amada mãe, no ano de 1979. Era um sábado à tarde. Moreno estava em campo, perdemos por 2 x 1. Nosso gol foi feito por Toinzinho. Vejam, 1979: há quase trinta anos, jogar lá é tarefa complicada.
O primeiro tempo do match teve boa movimentação. O time da casa tinha maior por posse de bola, mas não chegava ao gol com absoluta e decisiva ousadia, ao passo que nós tínhamos algumas boas chances, alguns chutes perigosos. O Volta treina há mais tempo, e num campeonato veloz como esse, o fator do entrosamento conta muito. De qualquer forma, o Tricolor treinou por duas semanas e não acho pouco. Coloquem seis garotos para bater bola nas areias do Juventus por volta de duas horas da tarde. Quando o sol se for, estarão tinindo e trocando passes como se fossem os Harlem Globetrotters.
Retornando ao jogo, estava sendo movimentado, agradável, divertido de se ver. Perto dos quarenta minutos, o lateral direito da casa, Julio César, fez belo corte no bico esquerdo da área e disparou um petardo monumental, impactante, violento, e abriu o marcador para o Volta. O Tricolor teve o natural e instantâneo desnorteio que atinge boa parte dos times feridos de gol. Era um jogo equilibrado e, de repente, houve a vantagem para os mandantes. Não constituiu uma enorme injustiça, de forma alguma, mas talvez não dissesse a realidade do campo. Veio o intervalo, hora de conversa e de recuperação.
Mal começou o segundo tempo, e a realidade do jogo voltou a ser levemente distorcida, mas do lado contrário. Aconteceu um escanteio e, em jogada ensaiada, o menino Soares cabeceou no ângulo, com o gol vazio, empatando o jogo. Imediatamente a seguir, Carlos Alberto executou um lindo drible em dois zagueiros aurinegros e acertou o ângulo esquerdo do goleiro Sandro. Os gols e a vantagem deveriam dar ânimo à equipe; contudo, minha vista é de que Paulo César Gusmão errou nas substituições durante o intervalo, e este mesmo erro seria glorificado com a virada. Porém, era cedo demais, o Volta Redonda tem boa equipe e o Tricolor parecia completamente desordenado em seu meio de campo, sem criação de jogadas, não fazendo jus à vantagem velozmente construída. Ele vieram para cima, implacavelmente, e estavam jogando melhor. Contudo, o gol de empate, feito por Welton, livre, quase debaixo do travessão, demorou a surgir, veio a dez minutos do final. E causou dúvidas sobre a atual zaga titular, enquanto Thiago Silva e Roger, que foram dois dos melhores jogadores da temporada passada, estão amargando o banco.
Quando aconteceu o gol, amigos, quebrou o cabo da enxada e o lavrador se viu sem ferramentas.
O Tricolor adormeceu. Minutos depois, numa jogada boba, o atacante Rafael foi expulso na hora em que ia para o ataque. Deu uma cotovelada inútil. Pelo pouco tempo que restava, nem dá para dizer que o ato corroborou a derrota, mas é claro que foi um obstáculo a mais para o time. Com um jogador a mais, faltando cinco minutos, o Volta atirou-se dos céus sem pára-quedas, e foi bem sucedido. A zaga novamente falhou, e o atacante Amaral deu números finais ao jogo. Esta vantagem sim, ao contrário das outras que sucederam-se durante o evento, foi justa e merecida. No conjunto da obra, ganhou o melhor. Tropeçou o Tricolor.
Ainda é cedo para uma longa jornada de sessenta partidas ao ano. Contudo, o campeonato do Estado é curto, veloz, não permite erro.
Erramos. Recuperar é possível, mas não haverá segunda chance.
O Vasco fez o dever dele; o Fluminense, não. E, por mais que o Volta Redonda mereça toda fidalguia e respeito, e bem merece, tomar três gols de times de menor investimento é assunto para muito mais treino e atenção. Há cinco dias de trabalho para isso. Paulo César não pode reclamar. Teve o crédito e a confiança depositados desde o ano passado. Elenco, há. Carlos Alberto, esparsamente, brilhou. Temos terra, enxada, aro e peões. Que venha a semeadura.
Paulo Roberto Andel, 29/01/2207

Friday, January 26, 2007

Recomeço

Foi um pedaço de verão que pareceu longo e tenebroso inverno.
Finda a tempestade, o céu amanheceu com seus encantos e deleites do velho futebol, da velha Guanabara.
Primeiramente, falarei do Tricolor. Não foi uma grande partida no Maracanã, neste estranho horário que é o das dezenove horas e meia. Imaginável. Houve um desmonte completo em relação ao ano passado, e não se arma um grande time em dez dias. Novos jogadores chegaram. Alguns, com grande prestígio mas ainda precisando mostrar no campo tudo o que deles se espera, como Carlos Alberto. Outros, mal classificados como "reforços", embora jogadores razoáveis, adentraram Álvaro Chaves. No meu tempo e de Alexandre Machado, reforço era o jogador que vinha de grande fase, em condições melhores do que seu antecessor no clube. Não é pessimismo nem desdém, apenas realidade: o Tricolor fez, isso sim, uma grande mudança no time, mas comprovar a melhora do time é coisa que somente o tempo e as jornadas poderão garantir.
Houve um jogador jovem, promissor, o Soares. Entrou e perdeu um gol absoluto. Mas foi somente o começo, e poderá brilhar, é o que espera a nação das três cores. Tivemos o gol magro de Alex Dias, chorado, com a bola amarela escapando das mãos do goleiro friburguense e quicando mansamente até a lateral direita da rede. Após o tento, cedemos alguns espaços para o time da serra, mas nada que fosse plenamente assustador. Algumas alterações, mais como testes de ajustes para o ano que vem por aí. Vitória merecida, apesar do brilho não ter sido intenso.
As arquibancadas sentiram falta durante a escalação no velho placar de lâmpadas. Não havia Marcão. Agora é passado, injustiçado. O jogador trazido para sua posição foi Fabinho, que era reserva no Internacional de Porto Alegre; Romeu, jovem criado em nossa casa, ganhou a titularidade, e não parece disposto a cedê-la. Fabinho talvez seja um componente do elenco, o que pode ser preciso se o Tricolor realmente avançar em competições futuras como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
Ressalto a beleza das cadeiras novas, ocupantes da falecida geral. Será bonito vê-las cheias. Há quem diga que os arquibaldos arremessarão de tudo. Descreio. Sempre foi assim. Assisti muitos jogos de geral no passado, sempre com tranquilidade. Basta que a polícia cumpra suas obrigações de segurança nas arquibancadas, e tudo correrá bem.
Volto a falar de Carlos Alberto. É um jogador de grande talento, que tem experiências positivas e negativas no currículo. Foi bonito vê-lo, já rico e famoso, falar maravilhas de Xerém, da casa Tricolor, e ressaltando palavras suas do passado, quando havia dito que, um dia, voltaria a vestir o manto das três cores, mas não como um veterano em despedida, e sim ainda capaz de fazer diferenças. Planejadamente ou não, cumpriu a palavra. Sabe-se que não há de durar muito, talvez um ano, ou menos. Contudo, a beleza de um drible, um passe ou um grande gol levam segundos e, às vezes, posterizam-se, permanecem para todo sempre. É o que se espera do camisa dez de cabelo trançado à vert, blanc, rouge.
Alguns tentaram classificar o Fluminense como favorito ao título. Eu descarto essa tese, principalmente na condição de torcedor. Nós estamos acostumados a vencer quando nos desprezam, o timinho, o inesperado. Em anos recentes, quando vieram grandes contratações, os resultados foram pífios. O Tricolor precisa ser desconsiderado para voar alto. Outro argumento também é o de que há um equilíbrio muito forte entre os grandes times do certame, e mesmo menores como o Madureira estão certinhos, aliando conjuntos e experiência em seus elencos. O Vasco, mesmo com as limitações de seu elenco, ganhará muita qualidade com o argentino Conca e tem o melhor conjunto, haja visto que manteve a base do ano passado. Flamengo e Botafogo estão como nós, trabalhando e com castings de qualidade. Adversários tradicionalmente difíceis, cujas tradicionais camisas já são barreira para qualquer um.
Não será fácil. Ilude-se o torcedor das Laranjeiras ao imaginar que as favas são contadas.
Podemos ser campeões; certamente temos o direito ao título, provavelmente até a obrigação de conquistá-lo em função da nossa eterna sina, que é a de carregar troféus.
Merecermos é outra questão, a depender do afinco da equipe, que deve trabalhar cada partida como o lavrador ara a terra carinhosa e cuidadosamente, semeando tudo o que pode florescer em inestimáveis frutos.
Paulo Roberto Andel, 26/01/2007

Estatísticas

Corria o mês de junho do ano de 1987, meu pai havia falecido no início do ano, eu estava na dúvida sobre para qual curso eu deveria prestar vestibular.
Como estudava à tarde, passava minhas manhãs jogando um simulador de futebol com dados, jogo este que eu me orgulhava de ter inventado (embora hoje saiba que milhares de rapazes faziam o mesmo). Marcava os resultados em cadernos antigos que encontrava pela casa, com tabulações que aprendi nas aulas de estatística que tive no primeiro ano.
Um belo dia tive um estalo e decidi que deveria ser um estatístico. Como sempre gostei de trabalhar com números e de futebol, percebi que podia tentar ganhar dinheiro com essas duas paixões: bastava me formar e conseguir um emprego em um clube ou federação.
Formar-me como bacharel em estatística não foi uma tarefa muito simples, demorei um pouco além do que o esperado, mas acredito que foi no tempo necessário para conseguir um pouco mais de responsabilidade. Nunca consegui emprego em clubes ou federações; contudo aprendi muito a trabalhar com estatísticas para o futebol e, em especial, para o Flamengo.
Acho uma temeridade as ditas ‘estatísticas’ que são apresentadas durante as transmissões de partidas de futebol. Apesar de serem dados simples, estes são informados como verdades definitivas, como por exemplo: "A torcida pode se animar, pois o time do Coxopó, faz mais gols no segundo tempo!". É apenas um blá-blá-blá para ocupar o tempo da transmissão.

Sou a favor sim de estatísticas consistentes, como por exemplo, as utilizadas na NBA: um verdadeiro show de scout. Dado que não trabalho em clubes, conforme dito acima, meu tempo para produzir estatísticas fica bastante reduzido e tentarei ser mais objetivo.

Iniciou-se o estadual de 20 anos após minha escolha profissional. Depois de 20 anos, os quatro grandes clubes mantiveram suas comissões técnicas, Flamengo e Fluminense praticamente renovaram seus elencos; o campeão Botafogo mudou apenas onde achou necessário e o Vasco tentou ser cirúrgico em suas aquisições, formando assim um panorama bastante diferente e muito mais animador do que ocorreu nos últimos anos. Na primeira rodada os grandes não perderam, o que também não ocorria há muito tempo. Apenas o Botafogo deslizou em sua estréia; contudo, tem time para se manter no topo, também por conta da fragilidade dos chamados ‘pequenos’. O Fluminense parece repetir os erros do ano passado, pois contratou demais; porém, desta vez foi mais consistente e apresenta o melhor elenco deste início de temporada. Já o clube da Colina venceu, aparentemente convenceu e deve ter uma boa temporada, devendo focar a Copa do Brasil, uma vez que seu time não parece ser consistente para ser bom por mais de 60 partidas durante o ano. Por fim temos o Flamengo, objeto de paixão deste que vos escreve. Diferentemente de outros anos, desta vez iniciamos com um trabalho digno. Pode não ter sido algo descomunal; porém, perto da bagunça dos últimos anos, estamos próximos da perfeição. Veremos em que isso vai dar.


Destaques da primeira rodada:

Positivos:

· Valdir Papel (Madureira), pelo conjunto da obra contra o Botafogo;
· As substituições de Cuca;
· A torcida do Flamengo com seu canto: "Obina é melhor que Nilmar";
· Carlos Alberto e suas tranças tricolores;
· Conca e Morais no Vasco dos Baixinhos;
· O Novo Maraca, que de novo não tem nada.
Negativos:

· A escalação inicial do Botafogo;
· Ex-jogadores em atividade em clubes pequenos;
· A falta da Geral.
Alexandre Machado, 26/01/2007