Friday, May 28, 2010

FLUMINENSE 2 X 1 FLAMENGO (26/05/2010)


Que “tabu”? (27/05/2010)

Haja o que houver, quando nasce um Fla-Flu as multidões se movimentam, mesmo que distantes de um Maracanã em horário de rush no meio de semana. Assim foi o jogo de ontem e, a se julgar o exótico horário da partida, estabelecido contra os interesses dos que freqüentam regularmente o estádio, vinte mil pessoas no Mário Filho formam um conjunto bem razoável em termos de presença. O Fluminense enfrentou seu grande adversário, dominou a partida por completo e conseguiu sua segunda vitória no campeonato brasileiro, com absoluta justiça. Mais do que isso, destruiu um “tabu” criado pela imprensa “oficial” do futebol carioca, o de não vencer clássicos recentemente – a maior parte deles terminou com empates. O resultado final, de dois a um, foi até pouco diante da completa superioridade Tricolor durante todo o match.

Antes da bola rolar, rumores davam conta de que nosso matador Fred poderia não estar em campo, devido a dores que sentira, mas que não foram ratificadas como problema pelos exames médicos. O artilheiro veio a campo, parecia visivelmente limitado do ponto de vista físico, mas, dado seu talento, é um problema para qualquer defesa adversária mesmo que esteja com as duas pernas imobilizadas. Foi dele o primeiro chute a gol, com cerca de trinta segundos. A bola foi longe, mas foi o cartão de visitas do que seria o jogo em seu primeiro tempo: o Fluminense tomando de assalto a intermediária da Gávea, praticamente sem réplicas. A distribuição em campo do time lembrou muito a do segundo tempo contra o Corinthians, quando perdemos mais jogamos muito melhor do que os mosqueteiros.

Volto a falar do público. Como tinha dito, tendo ocorrido a aberração do horário de sete e meia da noite, naturalmente seria impossível encher o Maracanã como ele merece. Por alguns instantes, voltei no tempo. O velho jogo de 1979, quando Paulo Goulart, monumental, defendeu o penal do camisa dez – mais à frente, o apoteótico drible de Cristóvão em Manguito, deixando o parrudo zagueiro da Gávea no chão, para depois fuzilar Cantarelli. Um três a zero de claudicar oceanos. Bem queria voltar no tempo e rever aquele jogo; dada a impossibilidade, nada melhor do que ver uma grande vitória no hoje, no agora. E a noite de ontem me concedeu um brinde à infância, como em tantas outras vezes, só que com a estranheza de ver os flamengos em bem menor número, calados, quase mudos diante de um time que não fez jus à sua tradição no clássico, dada sua total falta de reação frente à força do Tricolor.

Fred tinha chutado a primeira bola para fora; porém, mesmo longe das condições idéias, é um jogador que complica qualquer marcação adversária, ainda mais tendo como seu municiador Darío Conca, que costuma fazer boas apresentações contra o rubro-negro. E foi justamente num belo passe de Conca, depois de uma arrancada pelo meio-de-campo, que Rodriguinho recebeu pela direita do ataque na área, livre, e deslocou Bruno, tocando mansamente em diagonal no canto direito do goleiro. Um belo começo: marcar seu primeiro tento com a camisa sagrada das Laranjeiras justamente num Fla-Flu. Aberto o placar, o Fluminense mostrou que começa a entender o estilo Muricy: não arredou pé do ataque, não abdicou de marcar mais gols, impôs ostensiva marcação. Continuou a tentar. O jogo só voltou a ter relativo equilíbrio quase dez minutos depois, quando Vagner Love ia encobrir Rafael, mas o goleiro recuou, defendeu a tempo e evitou o empate. Por pouco tempo. O Fluminense estava disposto a vencer o jogo e tinha ótimas opções, a começar por Carlinhos, que caiu como uma luva na lateral-esquerda. O gol acabou não saindo, mas o Fluminense terminou o primeiro tempo com méritos, diante do poderoso campeão brasileiro, numa partida muito corrida.

Um a zero num Fla-Flu é nada, não garante nada. Assim, era preciso ampliar o placar na volta para o segundo tempo. A Gávea, mais ofensiva com duas alterações, queria a igualdade. Mas o craque faz toda a diferença. Dario Conca, de frente para gol e um lindo chute de chapa, com força, no canto direito de Bruno, indefensável. O segundo gol cobria o Fluminense de autoridade, e poderia dizer que o jogo se desenhou ali. Mas como, num Fla-Flu? Simples: não seria possível manter o ritmo dinâmico do primeiro tempo e, com a diminuição do ritmo de jogo, seria pior para os flamengos, em desvantagem no marcador. Mais ainda: num misto de nervosismo e violência, ex-jogadores como Toró e Fernando abusavam das faltas grosseiras – no final, o próprio Fernando foi expulso depois de verdadeira agressão contra Carlinhos, sem precisar sequer receber o cartão amarelo. Saudades de casa? Não importa. A partir da expulsão, coube ao Fluminense valorizar a posse de bola para garantir o resultado. Nos minutos finais, ainda restou o gol da Gávea, em cobrança de falta e falha nossa no golpe de vista de Rafael, que definitivamente não vive uma boa fase – o que muito me preocupa, porque alguns querem ressuscitar o beque-equipe como titular, para desespero de qualquer bom entendedor de futebol. De toda forma, o gol foi o último chute de uma partida que já estava decidida e muito bem jogada por nossa equipe. Basta dizer que até Marquinho quase fez um gol de cabeça. Estivéssemos com Fred num grande dia e maior poder de fogo, a goleada teria sido iminente.

Para completar, o desespero recolhido dos flamengos, ávidos por nos provocar com uma faixa que ironiza um verso de nosso hino. Nela, apologias a um hexacampeonato que não aconteceu, uma hegemonia conquistada à custa de distorções matemáticas e de calendário, mais a cereja do bolo: a palavra “Libertadores”, que não poderia soar mais imprópria depois de nova eliminação precoce da competição sulamericana, com direito a hecatombes imperiais. Não ficamos atrás: abrimos a nossa faixa com Renato Gaúcho e Assis, mais os vices que impusemos à Gávea em decisões. Ontem, o Fluminense foi o vencedor em campo, nas arquibancadas, na justiça e na história. Eles são um instante; nós, a eternidade. O Fluminense está vivo e, com Muricy, pode começar a trilhar os caminhos de uma grande campanha neste ano. Os grandes campeões da imprensa estão com o silêncio da derrota. Nós, com os passos humildes, progredimos. O Tricolor voltou. Eu vos pergunto: que tabu, amigos das Laranjeiras?

Que tabu era esse?

O da Gávea não perder jogos sob a arbitragem de Marcelo de Lima Henrique.

O Fluminense nasceu para desafiar paradigmas.


Paulo-Roberto Andel

Wednesday, May 26, 2010

CORINTHIANS 1 X 0 FLUMINENSE (23/05/2010)


Apito infeliz (24/05/2010)

Meus caros amigos, não é muito do meu feitio reclamar de arbitragens que se equivocam contra o meu amado Fluminense. Na maioria das vezes, os lances só podem ser questionados quando se tem recursos tecnológicos inerentes às transmissões da televisão; enfim, o jogo é entre seres humanos, com os condutores das partidas também na condição de seres humanos – ao menos, é o que se espera. Tenho plena noção de quando meu time não atuou bem e não alimento delírios com craques imaginários e jogadas do além, que muitas vezes são “lidas” em jornais e, por isso, geram enorme frustração nos torcedores dos times “mais queridos”. Porém, em outras poucas oportunidades, os erros de arbitragem podem ser decisivos para o sucesso ou o revés de um time. Foi o nosso caso de ontem. Não perdemos para o Corinthians somente por conta do gol de falta de Chicão, mais uma vez, contando com a desatenção do nosso goleiro Rafael. Não perdemos somente porque Fred, o grande artilheiro, cabeceou livre uma bola no primeiro tempo, daquelas que geralmente marca o gol, mas desta vez colocou fora do campo. E nem porque Fred quase fez um gol de carrinho no segundo tempo, com a bola passando muito perto da trave esquerda. E não perdeu também por conta de uma má atuação: pelo contrário, fez um de seus melhores jogos este ano, com grande vigor na marcação, tabelas, cruzamentos e, em menor escala, chutes. O atestado de óbito do tricolor neste jogo foi assinado pelo senhor Gaciba, com sua atuação que pode ser chamada de temerária ou desastrosa, dependendo do gosto do freguês. Um completo e lamentável DESASTRE que, coincidentemente, favoreceu o Corinthians, justamente num momento em que o alvinegro paulista completa seu centenário e vem de um início de crise, provocada pela precoce eliminação na Copa Libertadores. Com a vitória de ontem, o time paulista assumiu a ponta da tebela.

Reitero: um DESASTRE do senhor Gaciba. E mais uma vez.

A rigor, o Fluminense só não teve as rédeas da partida nos quinze primeiros de jogo, justamente quando sofreu o gol que decidiu o jogo, numa cobrança de falta não-convencional feita pelo zagueiro Chicão, chutando a bola pelo lado de fora da barreira na diagonal esquerda da defesa Tricolor. Rafael, preocupado com o chute de Roberto Carlos, outro potencial cobrador, falhou claramente no lance: deveria ter ficado mais ao centro da meta, em vez de escolher o canto direito e tentar adivinhar. Quando o chute veio, era natural que chegasse atrasado e foi o que aconteceu. O Fluminense tinha começado a partida de maneira tímida e insegura, proporcionando ao Corinthians o predomínio absoluto na posse de bola e, com um a zero no placar, ainda levou alguns poucos minutos para se recobrar do golpe; porém, quando o fez, passou a dominar o jogo até o fim, nos dois tempos.

Então, foram setenta e cinco minutos de domínio contra o forte time mandante e sua fanática torcida? Sim. Merecíamos o empate e a virada no marcador? Sim. Tivemos mais chances, mais chutes, mais ameaças? Sim. Fizemos até gol, com Rodriguinho, mas o desastre de Gaciba não permitiu nosso empate, ao referendar um impedimento absurdo, estando o atacante Tricolor quase dois metros atrás do último marcador corinthiano, que só poderia ter sido marcado se o juiz de linha fosse completamente míope. E, no finalzinho, ainda houve a cabeçada de Fred, livre, que buscou o ângulo direito do goleiro Felipe, com a bola indo para fora.

Se, no começo da partida, o Fluminense era vacilante, principalmente nos erros de passes de Diogo e Diguinho, por outro lado o estreante Carlinhos mostrava personalidade em sua estréia na nossa lateral-esquerda, mostrando que pode acabar com um estigma de anos de fracasso dos jogadores naquela posição. Rodriguinho se movimentava muito bem: é rápido e impetuoso – além disso, fez o gol que Gaciba não permitiu. Fred pode ter sentido um pouco a falta de ritmo, mas é sempre Fred: sensato, preciso, combativo. Conca, nem tão brilhante, é sempre Conca: raça, dribles, impetuosidade. O gol era a cereja no bolo que não veio.

O segundo tempo só acentuou o ímpeto ofensivo do Fluminense, montando uma verdadeira blitz na defesa mosqueteira. Raras vezes o Corinthians foi tão acuado dentro de sua casa. De toda forma, era difícil furar o bloqueio defensivo. Fred, na bela jogada de carrinho, quase conseguiu outra vez. Não deu. Um jogo que dominávamos, mas era difícil de marcar o tento. O erro crasso na feitura de Rodriguinho começava a pesar. Até que veio a jogada capital da partida: Fred entrou livre na área, foi derrubado por Felipe, houve o pênalti. Gaciba, com sua postura corporal exótica, a um metro do lance, marcou a falta penal. Antes disso, o outro juiz de linha colocou a cereja que faltava no bolo. Só que uma cereja podre: marcou impedimento de Fred. Em resumo, mais uma patetada: ficou evidente que o árbitro apontou o pênalti sem olhar para o assistente. Então, a falta foi desmarcada, o cartão aplicado a Felipe foi desconsiderado e o Corinthians seguiu para o jogo com toda a felicidade. Simples, não? Não. Outro DESASTRE de Gaciba.

Os vinte e cinco minutos finais mostraram um Fluminense combativo, lutando contra seus próprios erros, buscando o ataque a todo custo, mas sem sucesso no penúltimo toque e na finalização das jogadas, até com certo nervosismo naturalmente provocado pelo apito infeliz, capaz de tirar a segurança de qualquer futebolista. E o Corinthians completamente encolhido, se defendendo e lutando para manter a vantagem, o que acabou acontecendo. Se é que pudemos tirar algo de positivo deste jogo, foi em relação à postura do time, que a cada compromisso se mostra mais próximo da tradicional “pegada” dos times comandados por Muricy Ramalho. Continuamos nossa luta gradual para estar numa posição intermediária da tabela até que se tenha o intervalo da Copa do Mundo; aí sim, nosso treinador terá o tempo para montar o Fluminense que todos esperamos. Confio nisso. A postura de ontem e a de sábado passado, mesmo com erros, nos dá uma sensação de progresso, ainda que lento.

Encerro esta crônica falando de Gaciba, o árbitro do apito infeliz. Mas pouco. Estas não são palavras com gosto de choro de perdedor, mas sim de lamento por quem foi completamente garfado. Ainda está em minha memória a verdadeira zorra que o time do Paulista de Jundiaí promoveu em São Januário, quando fomos vice-campeões em 2005: cera, quedas em campo, retardo de reposição, ausência de descontos de tempo plausíveis. Passaram-se cinco anos. E o senhor Gaciba voltou a fazer uma apresentação de péssimo nível, que tendenciou claramente o resultado da partida em nosso prejuízo e que, de certa forma, pode explicar sua ausência dos primeiros quadros da arbitragem nacional e estrangeira. Raras vezes fomos tão prejudicados. Que os homens das Laranjeiras ponham suas barbas de molho.


Paulo-Roberto Andel

Thursday, May 20, 2010

FLUMINENSE 1 X 0 ATLÉTICO-GO (15/05/2010)



Espantando a zica (16/05/2010)

Finalmente, o Fluminense fez as pazes com a vitória. Não foi da maneira esperada, com um futebol de alto nível, mas nas dificuldades do campeonato brasileiro toda pontuação é bem-vinda. Mais do que isso: não se pode errar em casa. E o Tricolor soube fazer sua lição, diante de um jogo que poderia ter sido mais fácil mas tornou-se de enorme dificuldade, inclusive contando com bolas na trave e inúmeros gols perdidos nossos, até que Marquinho finalmente inaugurou e decretou o placar definitivo. Se alguns erros tradicionais continuaram a existir, ficou bastante claro para os torcedores presente que, ao menos, um dedo claro de Muricy começa a aparecer à vista, quando se trata da atitude da equipe. O perfil sonolento dos jogos contra Grêmio e Ceará ficou para trás. O time mostrou muito esforço e luta, que foram decisivos para uma vitória que não era obtida na técnica. E sabemos dos erros que ainda vão perdurar, mas o mais importante é pontuar gradualmente até a interrupção do campeonato, por conta da Copa do Mundo; até lá, conseguindo estar na parte intermediária da tabela, o Fluminense terá praticamente uma nova pré-temporada e, a partir de então, poderemos dar a arrancada que tanto sonhamos rumo ao topo da classificação.

Num Maracanã de agradável temperatura e pequeno público, tendo em vista a insegurança que ainda atormente a torcida do Fluminense com o time, o jogo começou com os nossos partindo para cima, mesmo que sem sucesso. Reitero que esta foi a característica mais importante a se perceber durante todo o jogo: a dedicação, a garra. Mesmo limitado tecnicamente e ainda sob as ausências de Fred e Alan, nosso time utilizou ao máximo o status de mandante e colocou pressão no jogo. Em certo momento, nossos erros eram mais visíveis porque, ao imperar no ataque, deixávamos espaço para investidas do rubro-negro e, por sua vez, nossa defesa ainda bate cabeça em determinados lances. Porém, deve ficar claro que a atitude do jogo foi toda do Fluminense: logo de cara, Conca acertou o travessão, André Lima perdeu gols e o estreante Rodriguinho era um azougue a infernizar a defesa do Atlético, E, contrariando todas as expectativas recentes, quem apareceu muito bem foi o lateral-esquerdo Julio César, provavelmente já procurando demarcar território com a possível chegada de outro jogador para sua posição. Diogo entrou com a garra de sempre. Entre erros e acertos, nossa balança tendia para o positivo, mas as falhas individuais comprometiam, principalmente nos passes, o que engessava nossa munição de ataque. Até Marquinho, que tem sido marcado pelos erros bobos, veio bem, fazendo boa ligação da defesa com o ataque, apesar de seus chutes serem vacilantes. Quem destoou, ao contrário de jogos anteriores foi Diguinho, que não teve uma tarde boa: errava tudo o que tentava. Passava o tempo e o gol não saía, ainda mais diante de um time como o Atlético, que provavelmente vai complicar a vida de muitos times grandes na competição; além contar com o veterano técnico Geninho, campeão brasileiro em 2001, ainda tinha em campo dois ex-Tricolores: Rodrigo Tiuí e Elias. Apesar do nosso absoluto predomínio em campo, cuja não tradução em gols chegou a irritar nossa torcida, uma das jogadas mais perigosas de gol foi feita pelos goianos, ao fim do primeiro tempo, explorando a nossa dedicação no ataque: veio a réplica, Elias livre na frente do gol fuzilou Rafael, que defendeu com os pés e evitou a abertura do escore; assim, o goleiro mostrou que começa ao voltar aos seus melhores dias, inclusive ao se notabilizar no lance com uma defesa típica de seu reserva.

Terminou a primeira etapa. Se não tivemos uma atuação bela, pressionamos o adversário asperamente, mas o gol não saiu. Era seguir em frente.

Na volta para o segundo tempo, o Fluminense não arredou o pé de sua condição de mandante e manteve o Atlético emparedado em seu campo de defesa. Novamente Conca acertou a trave, em belíssima cobrança de falta, e obrigou o goleiro Edson a fazer uma defesa com os pés no lance seguinte. E assim foi durante praticamente toda a metade do segundo tempo: um jogo de ataque contra defesa, mesmo que o Fluminense parecesse até desorganizado – na verdade, era a avidez pela vitória. Quem espera sempre alcança, até que aos vinte e quatro minutos, Mariano, sempre ele, deu arrancada pela direita e colocou a bola na diagonal esquerda para Marquinho, livre. O chute não saiu com tanta força, mantendo a tendência vacilante, e o goleiro Edson chegou a tocar na bola, mas ela ganhou as redes, mansamente, no canto esquerdo e o Maracanã explodiu num misto de alívio e alegria. A seguir, a justa expulsão do limitadíssimo zagueiro Welton Felipe amenizou um pouco a força que o Atlético tinha nos contra-ataques, sempre causando perigo à nossa atabalhoada defesa. A partir do gol, não houve grandes modificações no panorama: o Fluminense era o senhor dos ataques, embora em ritmo menos alucinante, e o Atlético ameaçava nas respostas, mais por falhas nossas do que por mérito deles, propriamente. Felizmente, não foi o suficiente para nos alvejar e a vitória pelo placar magro foi conquistada, com sabor de goleada.

Vencer ontem não mascarou nenhuma das deficiências que Muricy terá que trabalhar – e bastante – para corrigir no time. Muita, mas muita coisa precisa ser acertada. Agora, até por uma questão psicológica, vencer ontem por um décimo a zero já seria importante, principalmente depois da desclassificação na Copa do Brasil. O grupo voltou a ter moral, aos poucos as instruções de Muricy vão funcionando e, principalmente, depois de partidas tíbias sob o novo comando, o Fluminense mostrou atitude, mostrou vontade e venceu por isso. Repito: precisamos de equilíbrio gradual, subir aos poucos. Semana que vem, teremos Fred e Alan de volta. Novos reforços podem chegar a qualquer momento. O que precisamos é pontuar o máximo de partidas até a interrupção. Tenho absoluta confiança que, com um mês de treinamentos, o Fluminense deixará de ser o alvo de dardos da imprensa para se tornar um real postulante à América. Podemos mais do que isso, talvez. Basta ver os outros times, grandes favoritos da imprensa: têm elencos tão superiores ao nosso? Na beira do campo, treinador é o que temos de sobra. Não há por que esconder nossas limitações, mas com alguma melhora técnica, reforços e a garra de ontem, fica claro que o Fluminense do segundo semestre será um time de briga pelo alto da tabela: tem tudo para isso. Não se surpreendam os arautos da objetividade.


Paulo-Roberto Andel

Friday, May 14, 2010

CEARÁ 1 X 0 FLUMINENSE (09/05/2010)


Pé-esquerdo (10/05/2010)

Meus amigos, começou o campeonato brasileiro. E, com ele, mais um capítulo da nossa trajetória em 2010: falhas, irregularidades e o imponderável pelo caminho. Estreamos com derrota, um a zero para o Ceará, calouro da primeira divisão, numa partida em que jogamos muito mal – ou até pior do que noutras oportunidades deste ano – e, ainda por cima, fomos claramente prejudicados pelo árbitro Oliveira, que assinalou um pênalti de Cássio que era, no mínimo, discutível. Este penal acabou sendo decisivo para a vitória do time cearense, pois além do tento, ganharam a vantagem de mais um jogador em campo praticamente até o final da partida, quando Heleno também recebeu o cartão vermelho, muito mais naquele tradicional clima de compensação do que propriamente do jogo em si.

Começando nova trilha depois do fracasso na Copa do Brasil, o Fluminense não teve tempo para sequer recolher os cacos. Some a isso a má fase, a distância continental e a pressão que existe em todos os jogos deste certame, o resultado foi mais uma derrota, a terceira sob o comando de Muricy Ramalho. Uma estreia no campeonato com o pé-esquerdo! Contudo, é importante ressaltar que o treinador, até o momento, está completamente isento destes maus resultados recentes. A bem da verdade, tirando o primeiro tempo da segunda partida contra o Grêmio e os primeiros minutos da primeira partida, o resto somado não dá um jogo sequer razoável do nosso time. Curiosamente, justo na primeira temporada em anos que conseguimos estrear com uma base do ano anterior, é que o Fluminense parece completamente desentrosado.

Até a marcação do tresloucado pênalti – que, repito, não seria marcado contra outras equipes que normalmente lideram as preferências midiáticas -, pode-se dizer que o jogo estava nivelado por baixo. Tímido, o Ceará, mesmo apoiado por sua grande torcida, não era ameaçador. E o Fluminense, por sua vez, nem chutava a gol. Em paralelo, muitos erros de passes e jogadas sem conclusão. Era um jogo com cara de zero a zero. Isso durou meia hora, até que uma jogada de falta do Ceará, não marcada no meio de campo, gerou um lançamento irregular para o meio da área. Cássio, que normalmente tem dificuldades de antecipação contra qualquer atacante, desta vez tocou a bola antes de encostar no experiente centroavante Geraldo, que caiu com o leve toque. Oliveira, além de marcar um pênalti que não ocorreu e foi oriundo de uma jogada faltosa, ainda expulsou o zagueiro por ser o último homem. Em dois segundos, comprometeu catastroficamente a atuação de um Fluminense que, se não vinha jogando bem, ao menos empatava com certa justiça e, neste campeonato, todo ponto conquistado fora de casa é por demais bem-vindo. Houve ainda uma questão que muitos consideram polêmica, embora não seja meu caso: a defesa do pênalti por Rafael. Sim, nosso goleiro evitou o gol, mas é certo que se adiantou e a repetição do lance, a meu ver, estava plenamente justificada. E então Geraldo fez o gol que, no fim das contas, decidiu o jogo. Entendo que o pênalti foi criado com o intuito de beneficiar o ataque através da facilidade de marcação do gol; logo, ele não deve ser um instrumento paternalista a favor de goleiros ou de defesas. Quem comete o pênalti merece levar o gol. Porém, neste caso, nem deveria haver a jogada suspeita de pênalti, uma vez que o lance foi o prosseguimento de uma aberração, que foi a falta de ataque do time cearense. Em segundos, Oliveira comprometeu sua atuação e a do Fluminense.

Se você estranhou minha ênfase neste tema, o do penal mal marcado, posso explicar: o que teríamos para falar de melhor nosso nesse primeiro tempo? Nada. Ninguém melhor do que Muricy, à beira de um infarto na área técnica, vociferando justamente contra tudo o que via em campo em termos da má atuação de nosso time. E, seja lá o que tenha acontecido no vestiário, o fato é que quase nada mudou na volta do time para o campo.

Everton entrou no lugar do sempre apagado Williams, o que deu um mínimo de movimentação a mais para o Fluminense. O maior favorecido seria Mariano, nosso guerreiro, que poderia atacar mais; entretanto, o time embolava sempre e poucas foram as vezes que conseguiu. Conca é nosso termômetro: não estando bem, o time todo se ressente. E, definitivamente, como tem sido há quase um ano, o Fluminense com Fred é um em campo: capaz de construir jogadas, tabelas no ataque, reter a bola nos momentos mais difíceis. Sem ele, é um time nitidamente inferior, quase sem brilho na função ofensiva. Quando não agredimos o Grêmio, era de se imaginar pelo fato de força que tem a equipe gaúcha; o Ceará, como qualquer adversário nosso, merece todo respeito, mas está muito abaixo do padrão gremista, e também não conseguimos produzir nada de útil para nossa pontuação em todo o segundo tempo. Para eles, a vitória magra em casa já era um excelente resultado, e bastou.

Todos confiamos em Muricy. E somente ele poderá modificar o curso deste rio. Me parece ser mais razoável tentar não naufragar nesta sete partidas que faremos antes da interrupção do campeonato, por conta da Copa do Mundo; depois disso, aí sim o capacitado treinador poderá fazer a sua pré-temporada e transformar novamente o time de guerreiros num candidato a títulos. Por enquanto, restam muita paciência e trabalho.

Muito.

GRÊMIO 2 X 0 FLUMINENSE (05/05/2010)


Amarga despedida (06/05/2010)


Nenhuma eliminação é confortável, por mais que pareça provável. Não é simples para o torcedor que ama seu clube vê-lo alijado da disputa de um título, mesmo que a louca correria do futebol passe de competição para competição. É o que nos acontecerá agora: acabamos de nos despedir da Copa do Brasil e o campeonato brasileiro de 2010 já nos espera, sem folga. E foi uma despedida amarga: mesmo tendo sido inapelavelmente batidos pelo forte time do Grêmio, ficou no ar – mais uma vez – que o time do Fluminense tinha cacife para mais do que isso que vimos. Tem sido assim. Ano passado, quando promovemos a virada das viradas, rebaixando matemáticos e tresloucados comentaristas, a brisa indicava que, se tivéssemos começado arranque até para uma vaga na Libertadores. Este ano, em momentos decisivos, perdemos nos pênaltis para um Vasco a quem dominamos em campo; depois, o Botafogo, com calma, nos impôs uma virada depois de termos perdido a chance de golear. E agora, nesta Copa do Brasil, mesmo sem ter jogado uma partida sequer que justificasse a nossa posição de favoritos - ou ao menos um dos favoritos -, contávamos com a força de Fred nos momentos decisivos, mas ele e Alan sucumbiram temporariamente frente à inacreditável onda de apendicite que malversou o Tricolor. O Grêmio venceu com autoridade no Maracanã e no Olímpico Monumental, não nos cabe contestar. Mas fica o velho gosto que tem nos perseguido: bater na trave em momentos decisivos. A esperança agora está na força de Muricy, o discípulo do nosso velho Telê, em reconduzir o time de guerreiros ao caminho de pódio.

Para quem imaginava um Fluminense acuado diante da força gremista no primeiro tempo, o erro foi crasso. A partida foi muito equilibrada e tivemos algumas chances reais de gol, todas desperdiçadas porque o nosso craque da finalização está em repouso pós-hospitalar. Fica claro que, sem Fred, a força ofensiva do Fluminense é outra. Não é o caso de crucificar André Lima, esforçado, ou mesmo o menino Wellington, mas Fred é Fred – o matador, o craque de seleção brasileira, cujo desfalque foi de um peso incomensurável. E, mesmo com o equilíbrio da primeira etapa, ficava claro que o prejuízo era somente nosso: afinal, com a boa vitória conseguida no Maracanã, o Grêmio não precisava se preocupar com uma forte postura ofensiva; bastava-lhe administrar o resultado com eficiência. Nós, jogando fora de casa contra um adversário que não é batido em casa há anos, não podíamos nos contentar apenas com uma partida equilibrada. O resultado é que, embora fosse visível ver progressos em relação ao desastre do Maracanã, o cômputo geral era insuficiente para nos levar adiante. E, como pudemos ver, depois do primeiro tempo o que se viu foi o Fluminense sucumbindo lentamente à medida que o time gremista acelerava sua força ofensiva. A rigor, afora a melhora do conjunto, cabe um leve elogio aos avanços de Adeílson, transformado em uma espécie de ala-esquerdo, que tentou algumas jogadas, mesmo não tendo os recursos técnicos necessários para cumprir bem essa função. Enfim, tentou e, com isso, já foi superior ao que Júlio César tinha feito noutras partidas. De toda forma, reitero: era pouco para quem precisava de uma vitória maiúscula, feito aquelas que tivemos no final do ano passado, aquelas maravilhosas contra São Paulo e Boca Juniors na Libertadores de 2008 e assemelhados.

Findo o intervalo, ficou claro que uma virada feito alguma daquelas não aconteceria ontem.

Quem voltou cada vez mais ofensivo e buscando o gol que consolidaria a classificação foi o Grêmio. Nós, aos poucos, perdemos espaço em nossa própria intermediária, e passamos a jogar em contra-ataques. Num deles, não bastasse a astúcia gremista, ainda tiveram uma finalização de ouro, em belíssimo chute de Hugo, na diagonal esquerda, de fora da área, fuzilando o ângulo direito de Rafael e abrindo o marcador. Se a coisa já estava difícil, aí azedou de vez. Decaindo em campo, sem um banco de grande força, sem alternativas, sem Fred e com as estatísticas completamente contra si, o Fluminense ensaiou seu canto de cisne na Copa do Brasil. Sete minutos depois, Jonas, livre, sacramentava o segundo gol e liquidava a fatura. O Tricolor estava eliminado. Dali até o fim do jogo, foi um Grêmio tocando a bola e nosso time sem força para reagir.

Em maio, sentimos mais um gosto amargo: o de pensar que, talvez, nosso time pudesse ter condições de ir à frente, de ganhar um título nacional, de voltar à América. Não era nesta Copa do Brasil. As duas derrotas para o Grêmio nos servem de boa lição, de noção das nossas limitações. É certo que temos bons jogadores, mas no papel o Fluminense tem sido um e, no gramado, outro. Agora, temos um dos maiores treinadores do Brasil, mas vai levar algum tempo até que tenhamos uma equipe azeitada. E inegavelmente precisamos de reforços. Dario Conca precisa de um companheiro para revezar o municiamento do ataque. A lateral-esquerda está vaga. E o ataque, sem Alan e Fred, não é bem um ataque.

O tempo é curto, não há o que esperar e nem há jeito de lamentar. Domingo, começa o campeonato brasileiro. Pela frente, o recém-chegado Ceará, em seus domínios. Começa um rol de batalhas difíceis. O torcedor do Fluminense não merece novos suplícios. Precisamos brigar na tabela, mas pela parte de cima. Hoje, há muito a fazer, mas serão sete jogos até a interrupção da competição por conta da Copa do Mundo. Então, teremos uma nova “pré-temporada”. E desta vez temos Muricy Ramalho no comando.

A hora é de acreditar.

Wednesday, May 05, 2010

FLUMINENSE 2 X 3 GRÊMIO (29/04/2010)


Azar de estreante? (30/04/2010)

Em torno de oito da noite de ontem, eu fitava a minha querida UERJ, vizinha do Maracanã, postado na rampa da estação do metrô ao lado do Presidente Sussekind e à espera de nossa turma para assistirmos o difícil confronto contra o Grêmio, primeira partida das quartas-de-final da Copa do Brasil. De repente, a maldição chega pelo blackberry do amigo: Fred estava fora do jogo. Em seguida, meu amigo Bolinha, vascaíno, me telefonou e não somente confirmou a notícia, como disse que Fred poderia ter ido para um hospital.

Houve silêncio e mal-estar nos arredores do grande estádio. Não bastasse ficamos sem Conca, a ausência de Fred soava como golpe duríssimo em nossos planos, ainda mais num jogo decisivo contra uma das mais aguerridas equipes do futebol brasileiro. E veio o nocaute: o artilheiro não entraria mesmo em campo, por motivos que hoje já sabemos, mas os jornais-de-um-time-só, em tom de galhofa, sugeriram que seria alguma indisciplina do jogador contra o estreante – e vencedor – Muricy Ramalho. Não apuraram nem corrigiram a gafe. Fred teve uma apendicite e foi operado imediatamente. Vejam, amigos, quanta falta de sorte: algum de vocês já soube de algum time na história que, num intervalo de uma semana, perdesse dois jogadores importantes por conta de apendicite? A princípio, só o Fluminense. E, com esse mau clima, entramos em campo para o difícil embate em campo encharcado pelas chuvas do Rio.

Logo de cara, mesmo com a imponente chuva e o desfalque dos craques, tudo parecia que ia ser bom para o Fluminense: André Lima fez um lindo gol de cabeça após o passe de Diguinho, o sensacional cruzamento de Mariano da Raça (em belíssima curva). O artilheiro fuzilou o canto esquerdo baixo do selecionável Victor e abriu o marcador. Parecia alívio, parecia bom presságio ainda mais depois do inesperado revés do começo da noite. Parecia, não era.

Dez minutos depois, os gaúchos empataram. Jonas fez o que quis na esquerda de nossa defesa, driblou e cruzou. Douglas desferiu um chute forte e a bola bateu em Gum, mas a bola ficou limpa para ele mesmo, Douglas, cabecear sem defesa para Rafael, no canto direito, enquanto nossa defesa permanecia atônita debaixo da chuva. A partir de então, o time sulista deu as cartas na partida, virou a partida com justiça na total liberdade de Jonas para chutar rasteiro no canto direito de Rafael e, mesmo com a posterior expulsão do zagueiro Rodrigo, jogou como se não tivesse qualquer desvantagem numérica. Foi absoluto em campo. A nós, restou a lembrança de alguns bons momentos na partida e a dor-de-cabeça de ver nossa defesa batendo pino, sendo facilmente ultrapassada pelos gremistas e nos fazendo temer até uma goleada humilhante e eliminadora, justamente na estréia do treinador discípulo de nosso Telê Santana. Muricy sempre foi um sonho para as Laranjeiras e, por conta disso, merecia uma primeira partida com mais qualidade de nossos zagueiros. Fazendo as contas, com humildade, principalmente pela pressão que levou nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, saiu barato para nós a derrota por escore mínimo, apesar de que levar dois gols em casa nesta competição é uma sentença de morte. Só cabia correr atrás do prejuízo.

Para a segunda etapa, Muricy tentou mudar o time, tirando Digão para a entrada de Equi. O jovem zagueiro é dos nossos melhores jogadores, mas não estava bem e, além do mais, já tinha cartão. Com o argentino, a idéia foi a de agredir mais o Grêmio e tentar o empate. De certa forma, a qualidade do argentino tornou bem menos pior a nossa performance, mas o estado do gramado e a nossa má atuação comprometiam qualquer tentativa mais objetiva. Erros de passes eram uma constante, para desespero do nosso novo treinador. Equi, uma exceção, jogava bem. Desde o ano passado, mesmo ainda fora de forma, o argentino demonstrava que seria uma excelente opção para o meio-campo, mas foi pouco aproveitado por Cuca. E, graças a Equi, algumas poucas jogadas chegaram perto da área do Grêmio. Ainda houve uma boa cabeçada de Wellington, defendida por Victor. Mas era pouco, mesmo que tivéssemos alguma maior ocupação da meia-cancha. Desesperado, Muricy tentou uma outra cartada ao tirar o inexplicavelmente inoperante Julio César para a entrada do, bem, inesperado Adeilson, famoso por sua dificuldade em marcar gols e criar jogadas. A impaciência tomou conta do Maracanã, e ainda seria pior.

Douglas é reconhecidamente um dos bons jogadores do futebol brasileiro. Em algumas vezes, não se firmou em times por conta de suas aventuras noturnas. Sabe chutar, passar, cobra faltas, tem categoria. Mas normalmente é lento; ainda carrega o estilo clássico de outras décadas. Imaginem-no sobre um gramado encharcado e a quinze minutos do fim. Pois é, mas mesmo assim, fez gato e sapato do pobre Everton, bom jogador, mas inteiramente perdido ontem, entrou pela esquerda do ataque e fez o terceiro gol, que praticamente aniquilaria nossas chances. Por sorte, pouco tempo depois, quem estava lá para chutar quase sem ângulo no alto do gol de Victor, diminuindo o placar? Ele mesmo: Ezequiel González, o Equi. O três a dois aconteceu aos trinta e três minutos e, dali até o fim do jogo, o Fluminense perseguiu o empate com muita luta, mas atabalhoadamente. Muita vontade e pouca técnica. A verdade é que, num hipotético segundo tempo com Conca, Alan e Fred, mesmo em dias pouco inspirados, o Fluminense seria outro, muito outro. Infelizmente, não foi.

O torcedor do Fluminense não é um deslumbrado. Não tem a seu favor manchetes colossais nos jornais a enaltecer-lhe noite e dia, principalmente em façanhas quixotescas. Muito pelo contrário. Mais ainda, o Grêmio foi superior ontem e tem enorme vantagem num estádio onde raramente perde, ainda mais por dois gols de diferença. É o grande favorito e só uma grande atuação do Fluminense, daquelas que tivemos na luta contra a UTI do ano passado, pode nos dar alguma chance. Novamente não teremos Fred, precisamos de uma vantagem enorme em se tratando de Estádio Olímpico e, antes de Muricy, o time não vem jogando nada bem. Mas quem disse que a lógica é o fato? Somos dos poucos times que já eliminaram o Grêmio em uma Copa do Brasil, cinco anos atrás. Poucos lembram disso. E Conca estará de volta, com toda a sede. Seria azar do estreante Muricy? Que nada! Em todos os times em que foi campeão, o treinador perdeu seu primeiro jogo.

Só um louco acharia que a classificação do Fluminense não é muito difícil. Para superá-lo, somente outro, mais louco ainda, ao dizer que o Tricolor chegar às semifinais nestas circunstâncias é impossível. Já rebaixamos os matemáticos, os parajornalistas calhordas e podemos muito bem dar um bico nas expectativas de hoje à noite. Quem tem essa camisa imortal, tem Dario Conca e Muricy, pode chegar longe.

Muito longe.


Paulo-Roberto Andel