Tuesday, June 02, 2009

FLUMINENSE 1 X 4 SANTOS

Debacle (28/05/2009)

Caros amigos, hoje é quinta-feira e somente agora venho falar do jogo de domingo. Segui minha intuição. O que aconteceu no Maracanã entre Fluminense e Santos não foi apenas um jogo no dia sagrado, mas sim uma partida que começou antes – segundos após o empate que nos tirou da Copa do Brasil – e que terminou bem depois do apito de Vuaden. Foi uma goleada. Foi uma hecatombe, prorrogada por dias, até o lamentável incidente ocorrido nas Laranjeiras envolvendo jogadores, torcedores e um suposto amigo do goleiro Fernando, armado e que disparou um tiro para o alto.

Quem viu o jogo de domingo em seu primeiro tempo, viu na maior parte do tempo um Fluminense com boa performance: marcava, corria e atacava. Há quem diga que Mariano tenha feito o gol praticamente sem querer, no começo da partida, ao chutar quando se desequilibrava; reconheço que o lateral não tem na habilidade o seu forte, mas o fato é que estava na área no momento certo e carimbou a rede. Era uma apresentação tranqüila, com até mais torcedores que eu esperaria devido à eliminação da quarta-feira anterior. Perdemos várias oportunidades de aumentar o marcador.

E então veio o gol do Santos.

Um frango. Um erro crasso de Fernando, em sua já conhecida deficiência de posicionamento nas cobranças de falta. Molina empatou o jogo, a sete minutos do intervalo.

O time do Fluminense sentiu o golpe e se descontrolou por completo. Quando voltou a campo, nem parecia uma equipe treinada por um profissional do garbo de Carlos Alberto Parreira. Tornou-se um bando inconseqüente, presa facílima para qualquer adversário que fosse – e, ali, o oponente não era um qualquer, mas o tradicional Santos. E veio uma goleada incontestável. Houve a expulsão de Dieguinho, errada a meu ver, que naturalmente atrapalhou um time já desnorteado; mais à frente, novo cartão vermelho para o inacreditável Ratinho. Ora, se um time enfrenta outro de igual para igual, jogando mal, já encontra dificuldades de um bom resultado, imagine aquele mesmo time, jogando pessimamente e com dois jogadores a menos? Batata. Contudo, cabe ressaltar que as expulsões só acentuaram o placar, pois a derrota, até mesmo para os mais fanáticos torcedores presentes, era questão de contar os minutos após a virada dos santistas, num tipo de gol que tem se repetido incessantemente contra nossa defesa: a insólita tentativa de se fazer a linha de impedimento com jogadores mais pesados e desatentos. Deu errado nos dois jogos contra o Corinthians e deu errado novamente contra o Santos.

Perder faz parte do processo natural do futebol, sem dúvida. O que a torcida do Fluminense não aceitou, de forma alguma, foi como isso aconteceu. Pela desordem do time, os jogadores ficam mal-espaçados em campo; então, o cansaço sempre vem antes da hora. Com um a menos, aconteceu que o Santos passeou em campo com toda velocidade e autoridade, enquanto o Fluminense, atônito, praticamente apenas observava. Poderia ter sido pior, se a promessa Neymar estivesse em campo além dos minutos finais da partida, com tudo já decidido. Naquela partida, parecíamos em campo uma equipe modesta, de preliminar, e não o Fluminense. Desnecessário dizer que nossa torcida, desesperada e já em tom de justificável deboche, comemorou a expulsão de Ratinho.

Três gols no segundo tempo mostram bem o que aconteceu. O último, mais uma falha de rebote do goleiro, espalmando uma bola fraca nos pés do atacante Kleber Pereira. Um vitória justíssima do Santos, por tudo o que demonstrou em campo a partir de mais uma falha gritante de Fernando – que colaborou bastante, embora não tenha sido o único responsável pela quadra peixeira.

Era possível ver nos milhares de Tricolores a desilusão pela maneira como se perdeu. E compreensível. Tudo descambou para o pior, quando um grupo organizado adentrou Álvaro Chaves para satisfações com a torcida, dois dias depois da derrota. Houve atos de violência, indesejáveis e inaceitáveis, que merecem rigor na apuração e punição dos responsáveis. O cume da desordem veio com um amigo de Fernando, que atirou para o alto em busca da paz no gramado. Para o homem, sempre é possível ir mais longe, entretanto; os fortes das Laranjeiras decretaram a proibição do acesso de não-sócios ao veterano estádio, berço do futebol brasileiro, como “medida de segurança”, após o acontecimento. Ora, quem disparou um tiro foi um sujeito que entrou pela porta da frente do clube, acompanhante de um jogador! Evidentemente, precisamos de um novo e moderno centro de treinamento. Agora, proibir torcedores de se aproximar do time beira o patético. Bastaria que o clube dispusesse de condições mínimas de segurança e nada de violento teria acontecido. Em suma, para curarem uma luxação, não tiveram dúvida: ampute-se o braço.

Pouparei meu tempo e meus nervos; assim, não comentarei hoje sobre o descalabro que é o atual governo do Fluminense. A melhor medida de segurança no momento passaria por uma reformulação do time, coordenada pelo grande profissional que é Parreira. Nas partidas decisivas deste ano, fomos eliminados das competições por limitações técnicas e físicas. É o que precisa mudar, imediatamente.

Vem uma dificílima partida contra o Náutico, no temível estádio dos Aflitos. Não há nome mais apropriado: será uma aflição. Ano passado, na luta contra o rebaixamento, uma vitória expressiva por três a um tirou a corda de nosso pescoço; agora é diferente, há outra situação, o campeonato ainda começa. Mas precisamos saber qual é o Fluminense que ainda teremos este ano: o que pode ir mais longe ou o que enfrentará cinco meses de agonia.


Paulo-Roberto Andel

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