Monday, August 14, 2006

Mais da "freguesia"...

Conforme já declarei, acredito em freguesia. Por isso tive um bom motivo para assistir a Fluminense X Cruzeiro no dia dos pais. Nos últimos anos, no que se refere a clássicos nacionais, a maior "freguesia" tem sido neste confronto (meu amado Fluminense não bate o São Paulo no Morumbi desde 84, mas pelo menos ganha no Maracanã; já o Cruzeiro perde pro Flu no Mineirão – os últimos dois duelos travados nos gramados de Minas Gerais foram 3x2 pro tricolor.).
O Fluminense estava estreando o novo treinador, Josué Teixeira, que tem sorte no jogo, pois comandou a equipe em alguns jogos em 2006 e ganhou todos. "Freguesia" à parte, a sorte ajudou ao Fluminense na última rodada do Brasileirão, pois o mal escalado time das Laranjeiras saiu de campo com mais três pontos.
Aos 23 minutos do primeiro tempo, escutava um comentarista de futebol de uma rede de TV aberta dizer que o clube carioca desempenhava um futebol fraco, e profetizar que o mesmo entraria em desespero em breve, pois o Cruzeiro “melhor na partida busca mais o gol e o Fluminense não tem jogada, não chegou nenhuma vez a área adversária”. Pois é...o caro comentarista vascaíno gosta de ver o Flu perder, e estávamos sim passando por uma fase ruim, mas com gigante não se brinca, e de gigante não se espera pouco! Em menos de dois minutos, o lateral esquerdo Marcelo, que tentava uma tabela com Tuta pela direita, viu o atacante cair, a bola que seria cortada bater em sua cabeça e o zagueiro adversário ficar com a sobra para cortar a tentativa de ataque. O garoto que saiu de Xerém para a Seleção entrou na área, passou pela defesa, roubou a bola, enganou o goleiro Fábio e chutou para o gol. Um a zero para o Fluzão!

O Cruzeiro estava a fim de estragar a festa dos tricolores e, minutos depois, a defesa do Flu falhou e numa jogada de escanteio o time da casa empatou. O primeiro tempo seguiu com este placar até o fim. Se quisesse vencer, Josué que entrou com uma formação 3-6-1 teria que mexer no time e no esquema tático.

O Fluminense voltou diferente para o segundo tempo; o armador Juliano deu lugar ao atacante Cláudio Pitbull. Quem mostrou mais eficiência no princípio do segundo tempo, no entanto, foi a Raposa, que virou o jogo aos seis minutos da etapa final. A equipe carioca precisava da vitória, principalmente em função da semana conturbada que viveu após a derrota para a Ponte Preta, na qual torcedores fizeram um papelão, embora tivessem motivo para tal. No lugar do zagueiro Thiago, entrou mais um atacante, o Beto, vestindo a camisa 18. A partida ganhou mais movimentação e o Fluminense passou a criar mais oportunidades de gol, até que aos 25 minutos, Roger recebeu um cruzamento da direita e concluiu. A conclusão saiu errada, mas a pelota morreu no fundo da rede (Típico gol que só "freguês" toma...) depois que o goleiro convocado por Dunga caiu e não alcançou a bola.

A partir daí, os dois times passaram a buscar a vitória (os dois tinham vencido pela última vez no dia 12 de julho, quando terminou o recesso marcado pela Copa do Mundo), da qual tanto precisavam. O Cruzeiro colocou mais um atacante e o Flu lançou Romeu no lugar de Ângelo. O jogo se encaminhava para um empate, ruim para as duas equipes, quando em jogada de Petkovic, que anda em baixa com a torcida tricolor, Cláudio Pitbull recebeu e finalizou - senti o gol, principalmente porque meu querido irmão disse que a jogada não ia dar em nada, ao mesmo tempo em que meu pai criticava o ataque do nosso time. Pitbull bateu, Fábio rebateu e Tuta marcou.

Depois da partida ficou claro que: a defesa do Fluminense tem que ficar mais atenta, para não tomar gols bobos e evitáveis; o meio de campo tem que ser mais criativo, levar a sério os treinamentos e criar mais jogadas; o Tuta tem que ficar dentro da área e não sair em busca do jogo, pois foi jogando assim que foi o artilheiro tricolor em 2005; além do nosso camisa 9, outro atacante tem que jogar como titular, alguém de velocidade, que canse a defesa adversária e ajude a criar jogadas que possam resultar em gol, de preferência o Beto; as revelações de Xerém têm que ser tratadas com carinho e seus contratos redigidos com cuidado, pois não adianta formar craques e só colher os frutos por seis meses, já que depois desse tempo são negociados com clubes árabes, russos, turcos, da terceira divisão de Portugal, etc.

De minha parte, fica a torcida para que o time melhore, ganhe confiança, conquiste resultados melhores e apresente o belo e glorioso futebol ao qual os torcedores das Laranjeiras estão acostumados - aquele que remete às palavras do mestre Parreira:
“ - Isso aqui é o Fluminense, é o Fluminense!”
Rita Sussekind, 14/08/06

O fim da era (?)

Não seria possível resistir a uma derrota tão absurda, ainda mais impactada pela sequência de maus resultados anteriormente obtido. E ponto: Oswaldo de Oliveira não é mais o treinador do Fluminense.
Cabem algumas considerações a respeito.
Uma, relativa ao fato da péssima lição de casa que o Tricolor tem ensaiado este ano, ao contrário de outros: trocar de técnico como quem troca de camisa suada. Entre 1999 e 2005, o Fluminense marcou seu trabalho pela manutenção de treinadores; se os resultados não foram exatamente os que se esperava, ao menos foi resgatada a tradição competitiva do time das Laranjeiras - dois títulos estaduais, algumas decisões e outras excelentes boas colocações. E 2006? A bagunça impediu até que o Fluminense disputasse ao menos as semifinais dos turnos do campeonato estadual. A campanha no Brasileiro, embora considerada boa em termos de pontuação, não dá segurança aos torcedores em termos de expectativas de título, nem mesmo de chegada à Libertadores.
É preciso lembrar que Oswaldo, embora respeitado e marcado por uma postura ética intocável, não é e nem nunca foi o que o Fluminense precisava quando o contratou: um armador de times, um arrumador. Sua trajetória no futebol brasileiro demonstra isso. O resultado foi que, embora conquistando os pontos, o Flu ressentiu-se de padrão de jogo, padrão tático e, incrivelmente, entrosamento. Sempre me chamou a atenção nas últimas partidas a demora de Oswaldo em perceber, muitas vezes, o óbvio: a necessidade de mudança na equipe. A insistência com Tuta e Rogério também foi um enorme complicador. Petkovic está muito mal? Evidentemente que sim. Contudo, porque substituir regularmente o único jogador que, embora em péssima fase, ainda possa ter um lampejo, ao contrário dos que nunca eram sacados e que também nunca tiveram qualquer lampejo ou coisa que o valha?
A volta da competição, após a Copa do Mundo, selou o destino de Oswaldo. Parece que querem efetivar Josué Teixeira, que já assumiu o time interinamente. Bom, talvez seja mais razoável deixar no comendo alguém que já acompanha o grupo do que apostar em mais uma aventura naufragável, tal como as de Ivo Wortmann e Paulo Campos.
Apesar de algumas limitações, time o Fluminense tem. Falta orientação e comando. Falta ajustar as peças; explorar umas, sacar outras.
Hoje, ninguém é melhor do que Josué para esta tarefa.
Amanhã, não se sabe.


Paulo Roberto Andel, 08/08/06

Sinal de alerta

Os resultados do fim de semana, definitivamente, trouxeram aos torcedores da Guanabara um verdadeiro pote de temores e incertezas quanto às possibilidades dos times cariocas na competição maior do país, que é o campeonato brasileiro.
No sábado, embora não tenha cumprido uma jornada necessariamente ruim, o claudicante Flamengo só conseguiu a vitória contra o escrete de Goiás no final da partida, em uma rebatida que sobrou para Obina. Ainda pouco para a grandeza do Flamengo, muito mais perto da famigerada zona de rebaixamento (aliás, uma constante infelicidade nos últimos anos) do que da disputa pelo tope da tabela. A importante conquista da Copa do Brasil deve ser deixada de lado desde já - é preciso crescer neste campeonato antes que maiores riscos possam comprometer as estruturas da Gávea, e ainda montar o time para a Libertadores de 2007 (embora, em termos de futebol carioca, compreenda-se seis ou sete meses de antecedência de preparo como um verdadeiro século). Mais ainda, sabe-se que o time da Copa do Brasil não é suficiente para uma boa campanha no Brasileiro e em nenhuma outra competição.
O domingo foi trágico.
O Vasco perdeu para o Paraná em um jogo que revelou a sua clássica deficiência nos últimos tempos: o arremate. A jogada final que antecede o gol. A equipe cruzmaltina teve vários contra-ataques a seu favor; contudo, a deficiência não permitiu nenhuma grande finalização no primeiro e segundo tempos, sem contar o gol vascaíno, mais fruto de desatenção paranista do que propriamente do talento de São Januário. O Vasco seguramente está na melhor classificação recente em campeonatos brasileiros, entre os dez primeiros, quando sua prática ultimamente era ficar à frente da ZR. Percebe-se que o principal problema do Vasco é mesmo o material humano: há que se louvar o trabalho de Renato como comandante, mas o elenco é de uma limitação enorme - embora isso não signifique que não se possa evoluir num campeonato marcado pelo baixo nível técnico.
Em Volta Redonda, o Botafogo ficou no empate com o São Paulo. Melhor dizendo, com o time reserva do São Paulo - o que, de certa forma, não quer dizer muito, já que o elenco suplente do Morumbi é mais forte do que o de boa parte dos times titulares que disputam o campeonato. Qual outro time do país teria como reservas jogadores como Thiago ou Alex Dias? O complicador do resultado foi que o alvinegro voltou para a ZR, e isso sempre causa um tremendo mal-estar desde 2002, ainda que passageiro. O Botafogo está pagando o preço da ausência de peças de reposição para jogadores importantes como Lúcio Flávio e Dodô; mais ainda, o preço de se imaginar que o elenco para o Carioca era suficiente para o Brasileiro, mais ou menos na mesma linha de pecado do Flamengo. O campeonato está chegando quase ao final do turno, e o alvinegro precisa de uma reação breve, para não ter que sofrer até o final do ano. Maiores alegrias? Pouco provável.
O desastre da rodada coube ao Fluminense. Mesmo fora de casa (o que nem deveria ser algo tão importante quando se trata de grandes clubes), o Tricolor enfrentou um time que estava entre os últimos colocados, que entrou em campo com seis desfalques inesperados, que ficou boa parte do jogo com dez jogadores e...perdeu de três a zero. Não se pode jogar a culpa do péssimo resultado em cima da também péssima cobrança de pênalti feita por Petkovic, logicamente desperdiçada. O Tricolor foi ostensivamente dominado e, se tivesse encarado um adversário que dispusesse de recursos técnicos mínimos, poderia ter levado uma goleada histórica. Estranhíssimo é o fato de um time que, em treinamento durante quarenta dias na interrupção do campeonato, voltou com jogadores visivelmente fora de forma, sem ritmo de jogo e completamente desentrosado. A torcida certamente esperava bem mais de Oswaldo de Oliveira - que, com o resultado obtido, poderá até deixar o cargo, causando ainda mais confusão no desorientado barco das Laranjeiras.
Esperemos a sequência para notícias melhores. Assim seja.
Paulo Roberto Andel - 07/08/06

Friday, August 04, 2006

Du barulho...

Não assisti nem sei o que ocorreu durante o match entre Cabofriense e Madureira, jogado na última quarta-feira no Alair Corrêa, na terra de onde saí na semana passada. As únicas notícias que tive antes da partida começar eram as de que ao Tricolor Suburbano só a vitória interessaria, pois tinha acumulado parcos quatro pontos em cinco jogos, e ao antigo Fluminense de Cabo Frio um empate bastava, talvez até uma derrota, para a classificação à segunda fase da regionalizada Série C.

O jogo terminou 2 a 1 para os donos da casa e este resultado, claro, classificou o club da Região dos Lagos. Este fato, contudo, não aparece com maior importância depois do que ocorreu após o término da partida. O árbitro Francisco Leite Matos, do quadro da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, e seus auxiliares na partida saíram do vestiário cerca de uma hora depois do final do jogo quando foram interpelados por Elias Duba (presidente do Madureira), acompanhado por ‘amigos seus’, que gostaria de cobrar satisfações deles sobre sua atuação na partida, onde Matos expulsou dois jogadores do Madureira (Maicon e Odvan).

Aí a história passa a ter duas versões: Matos diz que Duba e seus amigos o ameaçaram de morte e ele teve que correr e se refugiar pulando o muro de uma casa nas cercanias, enquanto um de seus auxiliares tentava conter os reclamantes e um dos ‘amigos’ sacou de uma arma e atirou em sua direção enquanto este fugia em direção ao vestiário. Este fato foi relatado pelo Presidente do Sindicato dos Árbitros do Rio de Janeiro, Jorge Rabelo. Na versão de Duba, ele apenas foi perguntar a Matos se este sempre apitava mal contra o Madureira em função de um problema pessoal entre os dois, o que não conseguiu pois o árbitro saiu correndo quando iniciaram as conversas além de negar ter havido qualquer disparo de arma de fogo ou mesmo estar acompanhado de seguranças.

Este caso é mais um protagonizado por Duba, dirigente que há anos está no comando do simpático clube do Mercadão fazendo-se uma espécie de Eurico Miranda do subúrbio do Rio. Durante as finais do Estadual deste ano, ele entrou no gramado do Maracanã com seus seguranças e disse alguns impropérios sobre a torcida do Botafogo, rival de então.

O futebol de um modo geral, e do Rio em particular, é afetado negativamente por dirigentes deste tipo, que tentam se impor através da força achando que são eles os donos do espetáculo e que não podem sair perdendo nunca. Há quem diga que isto só ocorreu em um jogo da Série C, tentando minimizar o caso, mas quem não se lembra de Eurico invadindo o campo em São Januário para tentar acabar com o jogo entre o Vasco e o Paraná, da Série A, e intimidar o árbitro Paulo César Oliveira? Neste caso o jogo ainda não havia terminado!

Muito se reclama sobre a postura das torcidas organizadas nas arquibancadas, mas estas apenas refletem o pensamento e o comportamento dos dirigentes de seus clubes, espantando assim os torcedores do bem e fiéis dos estádios.

Sei que a relação entre os torcedores e seus clubes é a de um amor infinito – quantas vezes não se diz que o indivíduo troca de mulher diversas vezes durante a vida (o que não é meu caso), mas nunca troca de time – contudo, deve-se ter noção do que aqueles que representam os clubes fazem em nome de sua paixão.

O Estatuto do Torcedor ou algum outro instrumento legal deveria prever punições para os dirigentes que agem desta forma, manchando ainda mais este esporte que tanto amamos com estas atitudes de coronelismo que não cabem em uma sociedade como a nossa. Futebol é coisa séria, mexe com sentimentos, alegrias e frustrações de pessoas de bem e deveria ser conduzido por pessoas sérias que não tentem se impor.

Até quando teremos que ver Mirandas, Dubas, Pintinhos e seus iguais fazendo este tipo de coisa e manchando ainda mais o nosso futebol?

Vamos deixar a Lei de Gérson de lado!
Alexandre Machado - amsilva88@hotmail.com - 03/08/06

Tradição na camisa, mas não no campo.

O clássico de ontem, envolvendo Fluminense e Botafogo, poderia ter uma dinâmica e uma importância bem maiores do que as relacionadas ao atual momento dos dois times.
Embora distanciados na tabela, ambos têm marcado ponto na competição pela irregularidade: os de General Severiano, na parte baixa e, consequentemente, próxima da temida zona de rebaixamento; os de Laranjeiras, na parte alta, mas sem conseguir ultrapassar os atuais líderes, que também perderam pontos.
Outra questão importante é a de que trata-se do confronto de grandes times mais antigo do Brasil - efeito que, em outros países, provavelmente serviria para uma grande celebração, mas que diante do atual momento do futebol carioca, passou em brancas nuvens. Brancas, não, corrigindo: cinzentísimas. A chuva e o frio foram presença firme no domingo. Somando-se o ingrato horário de 18 horas, por conta da imposição televisiva, mais os percalços que hoje cercam um programa de futebol no estádio, entende-se o baixíssimo público para o jogo, de pouco mais de dez mil pagantes.
O jogo não foi realmente bom. Uma grande quantidade de passes errados marcou a partida, juntamente com um grande número de faltas e cartões amarelos. Ainda no primeiro tempo, a expulsão de Arouca logicamente enfraqueceu o Tricolor; por outro lado, o Botafogo não imprimia velocidade e qualidade suficientes para explorar o fato de ter um jogador a mais. Não seria nem o caso de dizer tratar-se de um jogo morno, pelo frio da temperatura e da pouc movimentação dos jogadores. Uma ou outra defesa, Fernando e Lopes pouco foram exidos - e o bom goleiro alvinegro andou hesitante em alguns momentos.
O segundo tempo não apresentou grandes modificações. As substituições feitas de ambos os lados não causaram efeitos de maior reação nos times. Embora Cuca tenha normalmente mais ousadia do que o comedido Oswaldo de Oliveira, este causou relativa surpresa ao sacar Petkovic - que sabidamente, é um jogador talentosíssimo mas, ultimamente, não tem mostrado regularidade. Mesmo nos dois jogos em que fez grandes gols, como contra Grêmio e São Caetano, Pet não foi regular. A entrada do outro Fernando, irmão de Carlos Alberto, hoje corinthiano, também não causou nenhum grande impacto.
O final não poderia ser mais justo. Ambos irregulares, Botafogo e Fluminense tiveram brevíssimos momentos de supremacia um sobre o outro, mas nada que pudesse justificar vitória. Empate merecido, e que faz pensar: será mesmo o Tricolor candidato ao título? Poderá mesmo o Botafogo reagir e subir na tabela? É o que esperamos; contudo, feito São Tomé, precisamos ver para crer - no caso, um futebol razoável e consistente.
Paulo Roberto Andel - 31/07/06

Wednesday, August 02, 2006

Freguesia? Sim!

Acreditem ou não os mais racionais, a “freguesia” desempenha sim um papel de suma importância no futebol. Este esporte, capaz de unir massas e juntar pessoas de diferentes crenças, valores e classes em nome de um interesse maior, não depende só de talento ou de espírito de equipe. É claro que os fatores citados têm um peso muito forte durante uma partida, mas a sorte também faz parte, assim como a “freguesia”.

Todos nós, amantes do futebol, sabemos o que é isso. Os “racionais” que mencionei na primeira linha sempre me criticaram por não acharem possível a crença em “pé-frio”, “freguês” ou outras superstições que eu e milhares de torcedores pelo mundo temos com relação a estes duelos disputados semanalmente por campeonatos estaduais ou nacionais.

A final da Copa do Brasil 2006 é o principal tema em pauta em todos os veículos de comunicação esportiva do país. Eu, como tricolor fanática e outros mais de 100.000.000 de brasileiros que compõem a maior torcida do mundo (sim, pois a torcida anti - Flamengo é a maior do mundo) estamos insatisfeitos e desgostosos por termos que aturar a algazarra que sucede às conquistas rubro-negras (que seriam menos freqüentes, se os torcedores do clube da Gávea não comemorassem a não-queda para a série B do Campeonato Brasileiro com tanta intensidade, quase todo ano); no entanto, não estamos surpresos justamente pelo fator “freguesia”.

O meu querido clube do coração está “freguês” do Vasco há alguns anos, digo “está” e não “é”, pois quem acompanha futebol há mais tempo sabe que na verdade o freguês nesse confronto é o Vasco, e o gol do Edinho em 80 comprova isso – só um “freguês” toma aquele gol. Por causa da recente estatística desse clássico, o clube de Eurico chegou a final. Na semifinal contra o Fluminense, deu Vasco, e quando os rubro-negros bateram o Ipatinga, a final estava anunciada. E final disputada entre Vasco e Flamengo significa felicidade rubro-negra, aliás, levando-se em consideração o sentimento dos vascaínos pelos flamenguistas, não entendo por que motivo eles se deram ao trabalho de eliminar o Fluminense - que geralmente é o algoz rubro-negro em finais. Os confrontos entre estes dois clubes não são como aqueles entre Fluminense e Vasco. De jeito nenhum. Os últimos jogos entre os clubes das Laranjeiras e de São Januário têm sido inexplicáveis, bolas que em qualquer outro jogo acabariam na rede não entram, o Tricolor domina, briga, corre atrás, e quando massacra, consegue um empate (às vezes com uma ajudazinha de fora, é verdade, como na vez em que o jogo terminou 2x2, o Flu do Renato Gaúcho vencia até os acréscimos, quando um pênalti providencial foi marcado e convertido por Petkovic, então jogador do Vasco).

As finais entre Flamengo e Vasco deixam os rubro-negros rindo à toa, mesmo antes dos jogos. Em 1999, 2000 e 2001, os dois se enfrentaram pela final do campeonato estadual - em todas as ocasiões, o Vasco jogava por um empate. Resultado? Flamengo Tricampeão. Em 2004, a história se repetiu, com direito a linha de passe dentro da área cruzmaltina e gol de Jean. O campeão carioca não tinha um grande time, e o campeonato brasileiro deixou isso claro, dado que o melhor do Rio, mais uma vez, foi o Fluminense. Antes da Copa do Mundo, já eram conhecidos os finalistas, e eu, como tantos outros, já sabia quem estaria na Libertadores 2007...

Ninguém precisava consultar cigana ou vidente pra saber. O Vasco já entrou derrotado. A torcida não vibrou em nenhum momento como vibrou nos jogos contra o Fluminense. A paixão pelo clube sempre leva o torcedor a pensar que é possível, mas mesmo que inconscientemente, os vascaínos já esperavam, e os jogadores também. Levaram golaço de Obina e gol de cabeça de Luizão, dupla que nunca havia marcado no mesmo jogo. Depois do jogo, Renato Gaúcho, que sempre foi um guerreiro e nunca aceitou derrota antes do apito final, sendo que já ganhou campeonato até com a barriga, declarou que o time ia lutar, “poderia até perder”, mas iria tentar. Logo ele, que sempre se recusa a perder.

Depois, veio a segunda disputa. O normal seria ver o time que estava em desvantagem partir pra cima, e buscar um gol o quanto antes para sufocar até o fim. Mas quem ameaçou primeiro foi o Flamengo, que perdeu um gol feito. Logo no começo, aos 16 minutos, Valdir Papel, um reserva que ganhou a oportunidade de iniciar a partida como titular no lugar de Valdiram, foi expulso depois de dar um carrinho em Leonardo Moura. Quem ainda não sabia que ia dar Flamengo na final, percebeu aí. Renato deu um empurrão no jogador expulso enquanto ele se dirigia ao vestiário - o treinador demonstrou que já tinha perdido a cabeça e qualquer esperança. O Flamengo logo depois mostrou que o Vasco é “freguês” e por quê: Juan fez um gol de fora da área com um chute no cantinho. Como já disse, sou tricolor e conheço bem ao Juan, assisti a todos os jogos do Fluminense em 2005, cansei de vê-lo tentando esse chute. Acertou duas vezes, uma pelo estadual 2005, contra o América, na abertura da taça Rio, jogo que terminou 4x0, outra contra o Universidad Católica do Chile, num frangaço do goleiro. O que normalmente acontecia era ou chute fraco no meio do gol, ou chute pra fora. Às vezes batia na zaga, mas o fato é que era quase sempre um ataque perdido. E ainda no primeiro tempo, o torneio estava liquidado e o destino da Colina selado.

Aos vascaínos faltava este vice-campeonato (Até na disputa de maior de todos os vices, o Vasco é vice. O campeão dos vices é o clube da Gávea).

Aos rubro-negros só resta comemorar, mais do que comemoraram quando descobriram que o primeiro finalista do torneio seria o Vasco, já que ao vencerem a sua semifinal, sentiram o gosto do título, mas para levantar a taça teriam que cumprir a mera burocracia de disputar dois jogos, o que não seria nenhum problema, o adversário é “freguês”. Em oito anos, foram cinco títulos. Quanto aos tricolores, botafoguenses, americanos, e ao resto do Brasil, só nos resta aturar as comemorações e nos divertirmos um pouco com o pessoal que vai gritar “rumo a Tóquio”, “O Mengão é o melhor do mundo” etc., até que o calor passe e os rubro-negros voltem a um lugar do qual já são freqüentadores, a Igreja de São Judas Tadeu, onde farão promessas e pedirão para que o santo ajude para que o time dispute a série A do Brasileiro de 2007.
Rita Sussekind, 28/07/2006

Tuesday, August 01, 2006

A nova Seleção de Dunga

Na primeira convocação da nova fase da seleção, tivemos três jogadores de clubes cariocas chamados pelo selecionador (ainda não vou chamar o Dunga de técnico ou treinador, pois não sei se ele se enquadra nestas categorias). Marcelo, Morais e Jônatas são as novas esperanças da torcida carioca para a criação de uma nova mentalidade de dirigentes e jogadores dos clubes daqui da Maravilhosa.

É claro que ainda temos alguns poucos nomes que poderiam estar nesta lista, principalmente Arouca e talvez Leonadro Moura. Porém esta ainda é a primeira de uma série de convocações que irão ocorrer até a olimpíada (em primeiro plano) e/ou a Copa de 2010. Até lá ainda há tempo para que os dirigentes dos clubes onde atuam estes convocados possam vendê-los para fora do estado ou do país e, quem sabe, ficaremos a ver navios.

Marcelo vem aparecendo muito bem na lateral esquerda do Tricolor. É um daqueles casos que, não sabemos porque, o jogador é o reserva na base e depois estoura no time de cima e deixa o antigo titular na saudade. Apresenta um futebol envolvente, faz muitos gols, se apresenta para o jogo e está em um patamar igual ou próximo a Junior, do São Paulo, que deveria ser o escolhido caso não houvesse a Libertadores no caminho.
Após um período em que a própria torcida não o agüentava mais, Jônatas conseguiu reencontrar o bom futebol da época em que Waldemar Lemos o lançou. O interessante é que este futebol só voltou após a volta de Waldemar à Gávea. Deixou de lado a máscara e passou a encarar o futebol com profissionalismo, o que foi excepcional para sua melhora. É, sem sombra de dúvidas, o principal jogador do Flamengo e foi peça-chave na conquista da Copa do Brasil. Como joga em uma posição em que há diversos jogadores em melhor condição deve aproveitar a oportunidade para aprender e melhorar o seu potencial.
A mesma situação vive Morais, meia que vem jogando o que se dizia que ele jogava quando apareceu no Vasco. Porém, destaca-se no clube da Colina mais pela incapacidade de seus companheiros do que por sua qualificação. Deve usar este período na seleção para aprender.

O melhor alento é ver que no Rio ainda há futebol, por mais que alguns queiram negar isso.
Parabéns ao trio e ao Rio.
Alexandre Machado, 01/08/06