Não assisti nem sei o que ocorreu durante o match entre Cabofriense e Madureira, jogado na última quarta-feira no Alair Corrêa, na terra de onde saí na semana passada. As únicas notícias que tive antes da partida começar eram as de que ao Tricolor Suburbano só a vitória interessaria, pois tinha acumulado parcos quatro pontos em cinco jogos, e ao antigo Fluminense de Cabo Frio um empate bastava, talvez até uma derrota, para a classificação à segunda fase da regionalizada Série C.
O jogo terminou 2 a 1 para os donos da casa e este resultado, claro, classificou o club da Região dos Lagos. Este fato, contudo, não aparece com maior importância depois do que ocorreu após o término da partida. O árbitro Francisco Leite Matos, do quadro da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, e seus auxiliares na partida saíram do vestiário cerca de uma hora depois do final do jogo quando foram interpelados por Elias Duba (presidente do Madureira), acompanhado por ‘amigos seus’, que gostaria de cobrar satisfações deles sobre sua atuação na partida, onde Matos expulsou dois jogadores do Madureira (Maicon e Odvan).
Aí a história passa a ter duas versões: Matos diz que Duba e seus amigos o ameaçaram de morte e ele teve que correr e se refugiar pulando o muro de uma casa nas cercanias, enquanto um de seus auxiliares tentava conter os reclamantes e um dos ‘amigos’ sacou de uma arma e atirou em sua direção enquanto este fugia em direção ao vestiário. Este fato foi relatado pelo Presidente do Sindicato dos Árbitros do Rio de Janeiro, Jorge Rabelo. Na versão de Duba, ele apenas foi perguntar a Matos se este sempre apitava mal contra o Madureira em função de um problema pessoal entre os dois, o que não conseguiu pois o árbitro saiu correndo quando iniciaram as conversas além de negar ter havido qualquer disparo de arma de fogo ou mesmo estar acompanhado de seguranças.
Este caso é mais um protagonizado por Duba, dirigente que há anos está no comando do simpático clube do Mercadão fazendo-se uma espécie de Eurico Miranda do subúrbio do Rio. Durante as finais do Estadual deste ano, ele entrou no gramado do Maracanã com seus seguranças e disse alguns impropérios sobre a torcida do Botafogo, rival de então.
O futebol de um modo geral, e do Rio em particular, é afetado negativamente por dirigentes deste tipo, que tentam se impor através da força achando que são eles os donos do espetáculo e que não podem sair perdendo nunca. Há quem diga que isto só ocorreu em um jogo da Série C, tentando minimizar o caso, mas quem não se lembra de Eurico invadindo o campo em São Januário para tentar acabar com o jogo entre o Vasco e o Paraná, da Série A, e intimidar o árbitro Paulo César Oliveira? Neste caso o jogo ainda não havia terminado!
Muito se reclama sobre a postura das torcidas organizadas nas arquibancadas, mas estas apenas refletem o pensamento e o comportamento dos dirigentes de seus clubes, espantando assim os torcedores do bem e fiéis dos estádios.
Sei que a relação entre os torcedores e seus clubes é a de um amor infinito – quantas vezes não se diz que o indivíduo troca de mulher diversas vezes durante a vida (o que não é meu caso), mas nunca troca de time – contudo, deve-se ter noção do que aqueles que representam os clubes fazem em nome de sua paixão.
O Estatuto do Torcedor ou algum outro instrumento legal deveria prever punições para os dirigentes que agem desta forma, manchando ainda mais este esporte que tanto amamos com estas atitudes de coronelismo que não cabem em uma sociedade como a nossa. Futebol é coisa séria, mexe com sentimentos, alegrias e frustrações de pessoas de bem e deveria ser conduzido por pessoas sérias que não tentem se impor.
Até quando teremos que ver Mirandas, Dubas, Pintinhos e seus iguais fazendo este tipo de coisa e manchando ainda mais o nosso futebol?
Vamos deixar a Lei de Gérson de lado!
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