Acreditem ou não os mais racionais, a “freguesia” desempenha sim um papel de suma importância no futebol. Este esporte, capaz de unir massas e juntar pessoas de diferentes crenças, valores e classes em nome de um interesse maior, não depende só de talento ou de espírito de equipe. É claro que os fatores citados têm um peso muito forte durante uma partida, mas a sorte também faz parte, assim como a “freguesia”.
Todos nós, amantes do futebol, sabemos o que é isso. Os “racionais” que mencionei na primeira linha sempre me criticaram por não acharem possível a crença em “pé-frio”, “freguês” ou outras superstições que eu e milhares de torcedores pelo mundo temos com relação a estes duelos disputados semanalmente por campeonatos estaduais ou nacionais.
A final da Copa do Brasil 2006 é o principal tema em pauta em todos os veículos de comunicação esportiva do país. Eu, como tricolor fanática e outros mais de 100.000.000 de brasileiros que compõem a maior torcida do mundo (sim, pois a torcida anti - Flamengo é a maior do mundo) estamos insatisfeitos e desgostosos por termos que aturar a algazarra que sucede às conquistas rubro-negras (que seriam menos freqüentes, se os torcedores do clube da Gávea não comemorassem a não-queda para a série B do Campeonato Brasileiro com tanta intensidade, quase todo ano); no entanto, não estamos surpresos justamente pelo fator “freguesia”.
O meu querido clube do coração está “freguês” do Vasco há alguns anos, digo “está” e não “é”, pois quem acompanha futebol há mais tempo sabe que na verdade o freguês nesse confronto é o Vasco, e o gol do Edinho em 80 comprova isso – só um “freguês” toma aquele gol. Por causa da recente estatística desse clássico, o clube de Eurico chegou a final. Na semifinal contra o Fluminense, deu Vasco, e quando os rubro-negros bateram o Ipatinga, a final estava anunciada. E final disputada entre Vasco e Flamengo significa felicidade rubro-negra, aliás, levando-se em consideração o sentimento dos vascaínos pelos flamenguistas, não entendo por que motivo eles se deram ao trabalho de eliminar o Fluminense - que geralmente é o algoz rubro-negro em finais. Os confrontos entre estes dois clubes não são como aqueles entre Fluminense e Vasco. De jeito nenhum. Os últimos jogos entre os clubes das Laranjeiras e de São Januário têm sido inexplicáveis, bolas que em qualquer outro jogo acabariam na rede não entram, o Tricolor domina, briga, corre atrás, e quando massacra, consegue um empate (às vezes com uma ajudazinha de fora, é verdade, como na vez em que o jogo terminou 2x2, o Flu do Renato Gaúcho vencia até os acréscimos, quando um pênalti providencial foi marcado e convertido por Petkovic, então jogador do Vasco).
As finais entre Flamengo e Vasco deixam os rubro-negros rindo à toa, mesmo antes dos jogos. Em 1999, 2000 e 2001, os dois se enfrentaram pela final do campeonato estadual - em todas as ocasiões, o Vasco jogava por um empate. Resultado? Flamengo Tricampeão. Em 2004, a história se repetiu, com direito a linha de passe dentro da área cruzmaltina e gol de Jean. O campeão carioca não tinha um grande time, e o campeonato brasileiro deixou isso claro, dado que o melhor do Rio, mais uma vez, foi o Fluminense. Antes da Copa do Mundo, já eram conhecidos os finalistas, e eu, como tantos outros, já sabia quem estaria na Libertadores 2007...
Ninguém precisava consultar cigana ou vidente pra saber. O Vasco já entrou derrotado. A torcida não vibrou em nenhum momento como vibrou nos jogos contra o Fluminense. A paixão pelo clube sempre leva o torcedor a pensar que é possível, mas mesmo que inconscientemente, os vascaínos já esperavam, e os jogadores também. Levaram golaço de Obina e gol de cabeça de Luizão, dupla que nunca havia marcado no mesmo jogo. Depois do jogo, Renato Gaúcho, que sempre foi um guerreiro e nunca aceitou derrota antes do apito final, sendo que já ganhou campeonato até com a barriga, declarou que o time ia lutar, “poderia até perder”, mas iria tentar. Logo ele, que sempre se recusa a perder.
Depois, veio a segunda disputa. O normal seria ver o time que estava em desvantagem partir pra cima, e buscar um gol o quanto antes para sufocar até o fim. Mas quem ameaçou primeiro foi o Flamengo, que perdeu um gol feito. Logo no começo, aos 16 minutos, Valdir Papel, um reserva que ganhou a oportunidade de iniciar a partida como titular no lugar de Valdiram, foi expulso depois de dar um carrinho em Leonardo Moura. Quem ainda não sabia que ia dar Flamengo na final, percebeu aí. Renato deu um empurrão no jogador expulso enquanto ele se dirigia ao vestiário - o treinador demonstrou que já tinha perdido a cabeça e qualquer esperança. O Flamengo logo depois mostrou que o Vasco é “freguês” e por quê: Juan fez um gol de fora da área com um chute no cantinho. Como já disse, sou tricolor e conheço bem ao Juan, assisti a todos os jogos do Fluminense em 2005, cansei de vê-lo tentando esse chute. Acertou duas vezes, uma pelo estadual 2005, contra o América, na abertura da taça Rio, jogo que terminou 4x0, outra contra o Universidad Católica do Chile, num frangaço do goleiro. O que normalmente acontecia era ou chute fraco no meio do gol, ou chute pra fora. Às vezes batia na zaga, mas o fato é que era quase sempre um ataque perdido. E ainda no primeiro tempo, o torneio estava liquidado e o destino da Colina selado.
Aos vascaínos faltava este vice-campeonato (Até na disputa de maior de todos os vices, o Vasco é vice. O campeão dos vices é o clube da Gávea).
Aos rubro-negros só resta comemorar, mais do que comemoraram quando descobriram que o primeiro finalista do torneio seria o Vasco, já que ao vencerem a sua semifinal, sentiram o gosto do título, mas para levantar a taça teriam que cumprir a mera burocracia de disputar dois jogos, o que não seria nenhum problema, o adversário é “freguês”. Em oito anos, foram cinco títulos. Quanto aos tricolores, botafoguenses, americanos, e ao resto do Brasil, só nos resta aturar as comemorações e nos divertirmos um pouco com o pessoal que vai gritar “rumo a Tóquio”, “O Mengão é o melhor do mundo” etc., até que o calor passe e os rubro-negros voltem a um lugar do qual já são freqüentadores, a Igreja de São Judas Tadeu, onde farão promessas e pedirão para que o santo ajude para que o time dispute a série A do Brasileiro de 2007.
Todos nós, amantes do futebol, sabemos o que é isso. Os “racionais” que mencionei na primeira linha sempre me criticaram por não acharem possível a crença em “pé-frio”, “freguês” ou outras superstições que eu e milhares de torcedores pelo mundo temos com relação a estes duelos disputados semanalmente por campeonatos estaduais ou nacionais.
A final da Copa do Brasil 2006 é o principal tema em pauta em todos os veículos de comunicação esportiva do país. Eu, como tricolor fanática e outros mais de 100.000.000 de brasileiros que compõem a maior torcida do mundo (sim, pois a torcida anti - Flamengo é a maior do mundo) estamos insatisfeitos e desgostosos por termos que aturar a algazarra que sucede às conquistas rubro-negras (que seriam menos freqüentes, se os torcedores do clube da Gávea não comemorassem a não-queda para a série B do Campeonato Brasileiro com tanta intensidade, quase todo ano); no entanto, não estamos surpresos justamente pelo fator “freguesia”.
O meu querido clube do coração está “freguês” do Vasco há alguns anos, digo “está” e não “é”, pois quem acompanha futebol há mais tempo sabe que na verdade o freguês nesse confronto é o Vasco, e o gol do Edinho em 80 comprova isso – só um “freguês” toma aquele gol. Por causa da recente estatística desse clássico, o clube de Eurico chegou a final. Na semifinal contra o Fluminense, deu Vasco, e quando os rubro-negros bateram o Ipatinga, a final estava anunciada. E final disputada entre Vasco e Flamengo significa felicidade rubro-negra, aliás, levando-se em consideração o sentimento dos vascaínos pelos flamenguistas, não entendo por que motivo eles se deram ao trabalho de eliminar o Fluminense - que geralmente é o algoz rubro-negro em finais. Os confrontos entre estes dois clubes não são como aqueles entre Fluminense e Vasco. De jeito nenhum. Os últimos jogos entre os clubes das Laranjeiras e de São Januário têm sido inexplicáveis, bolas que em qualquer outro jogo acabariam na rede não entram, o Tricolor domina, briga, corre atrás, e quando massacra, consegue um empate (às vezes com uma ajudazinha de fora, é verdade, como na vez em que o jogo terminou 2x2, o Flu do Renato Gaúcho vencia até os acréscimos, quando um pênalti providencial foi marcado e convertido por Petkovic, então jogador do Vasco).
As finais entre Flamengo e Vasco deixam os rubro-negros rindo à toa, mesmo antes dos jogos. Em 1999, 2000 e 2001, os dois se enfrentaram pela final do campeonato estadual - em todas as ocasiões, o Vasco jogava por um empate. Resultado? Flamengo Tricampeão. Em 2004, a história se repetiu, com direito a linha de passe dentro da área cruzmaltina e gol de Jean. O campeão carioca não tinha um grande time, e o campeonato brasileiro deixou isso claro, dado que o melhor do Rio, mais uma vez, foi o Fluminense. Antes da Copa do Mundo, já eram conhecidos os finalistas, e eu, como tantos outros, já sabia quem estaria na Libertadores 2007...
Ninguém precisava consultar cigana ou vidente pra saber. O Vasco já entrou derrotado. A torcida não vibrou em nenhum momento como vibrou nos jogos contra o Fluminense. A paixão pelo clube sempre leva o torcedor a pensar que é possível, mas mesmo que inconscientemente, os vascaínos já esperavam, e os jogadores também. Levaram golaço de Obina e gol de cabeça de Luizão, dupla que nunca havia marcado no mesmo jogo. Depois do jogo, Renato Gaúcho, que sempre foi um guerreiro e nunca aceitou derrota antes do apito final, sendo que já ganhou campeonato até com a barriga, declarou que o time ia lutar, “poderia até perder”, mas iria tentar. Logo ele, que sempre se recusa a perder.
Depois, veio a segunda disputa. O normal seria ver o time que estava em desvantagem partir pra cima, e buscar um gol o quanto antes para sufocar até o fim. Mas quem ameaçou primeiro foi o Flamengo, que perdeu um gol feito. Logo no começo, aos 16 minutos, Valdir Papel, um reserva que ganhou a oportunidade de iniciar a partida como titular no lugar de Valdiram, foi expulso depois de dar um carrinho em Leonardo Moura. Quem ainda não sabia que ia dar Flamengo na final, percebeu aí. Renato deu um empurrão no jogador expulso enquanto ele se dirigia ao vestiário - o treinador demonstrou que já tinha perdido a cabeça e qualquer esperança. O Flamengo logo depois mostrou que o Vasco é “freguês” e por quê: Juan fez um gol de fora da área com um chute no cantinho. Como já disse, sou tricolor e conheço bem ao Juan, assisti a todos os jogos do Fluminense em 2005, cansei de vê-lo tentando esse chute. Acertou duas vezes, uma pelo estadual 2005, contra o América, na abertura da taça Rio, jogo que terminou 4x0, outra contra o Universidad Católica do Chile, num frangaço do goleiro. O que normalmente acontecia era ou chute fraco no meio do gol, ou chute pra fora. Às vezes batia na zaga, mas o fato é que era quase sempre um ataque perdido. E ainda no primeiro tempo, o torneio estava liquidado e o destino da Colina selado.
Aos vascaínos faltava este vice-campeonato (Até na disputa de maior de todos os vices, o Vasco é vice. O campeão dos vices é o clube da Gávea).
Aos rubro-negros só resta comemorar, mais do que comemoraram quando descobriram que o primeiro finalista do torneio seria o Vasco, já que ao vencerem a sua semifinal, sentiram o gosto do título, mas para levantar a taça teriam que cumprir a mera burocracia de disputar dois jogos, o que não seria nenhum problema, o adversário é “freguês”. Em oito anos, foram cinco títulos. Quanto aos tricolores, botafoguenses, americanos, e ao resto do Brasil, só nos resta aturar as comemorações e nos divertirmos um pouco com o pessoal que vai gritar “rumo a Tóquio”, “O Mengão é o melhor do mundo” etc., até que o calor passe e os rubro-negros voltem a um lugar do qual já são freqüentadores, a Igreja de São Judas Tadeu, onde farão promessas e pedirão para que o santo ajude para que o time dispute a série A do Brasileiro de 2007.
Rita Sussekind, 28/07/2006
1 comment:
Deixa de ser idiota...
http://img177.imageshack.us/img177/2605/atgaaab7b23bruhuzqypa6dmn8.jpg
Isso aí fala tudo, e de lá pra cá...o flamengo só ganho na final do vasco na copa do brasil. Então são 21 vitórias vascaínas contra 19 flamenguistas.
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