Thursday, August 20, 2009

FLUMINENSE 5 X 1 SPORT - 06/07/2009

Entre gols e incertezas (07/08/2009)

Meus amigos, depois de longo e tenebroso jejum, eis que o Fluminense voltou a vencer. Passamos por um momento terrível e ainda estamos na amaldiçoada zona de rebaixamento; contudo, a goleada de cinco a um imposta ontem ao Sport, no Maracanã, parece nos levar a outros rumos, muito mais dignos.

Mesmo diante do caos que nos ronda e apavora, doze mil abnegados do Fluminense estiveram no Maracanã. Não tenho dúvidas: o time mostrou até um bom futebol, facilitado pela fraqueza do time pernambucano, mas quem decidiu a partida foi a torcida. O primeiro gol teve o último toque na bola por Kieza, após uma furada inacreditável de Roni, que jogou bem boa parte da partida, mas errou muito no começo – entretanto, quem emurrou a bola para as redes foi a torcida, com seu grito sofrido e carinhoso. Todos estávamos ali com a sede da vitória e o urro da dor, por conta da má colocação. Antes do gol, tivemos chances, mas o nervosismo imperava por conta da má situação.

Com a porteira aberta, em meia hora chegamos ao segundo gol, numa bela jogada de velocidade e, agora sim, um passe preciso de Roni para mais um gol de Kieza. O atacante não finalizou com maestria, não deu um toque com força e a bola passou muito perto o goleiro Magrão, quase no meio do gol. Mas a torcida urrou de novo e empurrou a pelota com toda a fúria para as redes. E, logo a seguir, mais uma boa jogada de Roni, que foi derrubado na direita da grande área, e o pênalti foi assinalado. Muitos urros e choros nas arquibancadas do Mário Filho. A cobrança do veterano artilheiro foi perfeita, no canto direito de Magrão. Três a zero no primeiro tempo e, pela primeira vez em muitos meses, nós, os da arquibancada, tínhamos um intervalo tranqüilo, sem temores ou desesperos. O Fluminense vencia, e vencia bem. A velocidade do ataque permitiu a boa atuação da primeira etapa. Atrás, o jovem Dalton parecia muito seguro. Destoando em campo, Wellington Monteiro, que abusava de erros nos passes, afora a já costumeira limitação física.

No segundo tempo, o jogo parecia sob controle do Tricolor, que explorava os contra-ataques para tentar aumentar a vantagem. Em alguns momentos, o Sport ameaçava chegar perto do gol. E conseguiu marcar aos dezesseis minutos, numa cobrança de pênalti de Vandinho, de forma inesperada. A penalidade foi provocada de forma infantil por Wellington Monteiro, que pôs o braço na bola dentro da área ao errar uma matada de peito, após cobrança de escanteio dos pernambucanos. Um clima de apreensão tomou o Maracanã. Estaria por acontecer uma nova tragédia, num jogo que parecia tão fácil para nós? Tensão à vista. Mas por pouco tempo. Cinco minutos para ser mais preciso.

Aconteceu a segunda jogada mais bonita de toda a partida. O jovem Carlos Eduardo, que tinha entrado em campo no lugar do também jovem lateral Dieguinho, fez um lindo giro à direita da área do Sport e chutou sem deixar a bola cair, fuzilando o canto esquerdo de Marcão e fazendo um golaço. Não havia mais espaço para sermos sufocados. Quatro a um. Estava encerrada a reação do Sport. Dali em diante, o que se viu foi um Fluminense que nem parecia estar entre os últimos colocados: calmo, tranqüilo e impetuoso, procurando o melhor momento de trucidar o adversário.
A entrada dos jovens Alan e Maicon deu nova velocidade ao time, que continuou à frente. Havia espaço para mais um gol e ele veio. Não foi um gol qualquer, um gol corriqueiro; foi a complementação de uma jogada de placa, feita pelo argentino Conca: pela esquerda, ele limpou meio time do Sport e, na saída do goleiro, deu com o lado de fora do pé para Maicon, livre, tocar de calcanhar para o fundo do gol vazio.

Foi uma grande noite, menos pela excelência do futebol. Não podemos nos iludir; sabemos que o Fluminense precisa melhorar muito para escapar da degola. Todavia, foi possível ver que o Fluminense não está ferido de morte, o Fluminense não é um mero rebaixado como quer parte da imprensa esportiva. Ainda rolam os dados; o tempo não para. Podemos reverter essa péssima situação. A vitória de ontem traz algum alento, sem dúvida. E a próxima batalha será uma pedreira: encarar o Vitória da Bahia no Barradão. Mas o campeonato não permite escolher situação; só nos resta vencer. Não sabemos o que nos resta pela frente; somos cercados pelas incertezas. A hora é de reagir.


Paulo-Roberto Andel, 07/08/2009

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