Friday, September 25, 2009

BOTAFOGO 0 X 0 FLUMINENSE (13/09/2009)



O empate a zero (14/09/2009)

Meus caros amigos, o drama continua. Apesar de todos os resultados favoráveis à evolução do Fluminense dentro do campeonato brasileiro, não fizemos nossa parte. Houve mais um empate. A seqüência sem vitórias é desesperadora e, por conta do zero a zero ontem, com o Botafogo, no estádio João Havelange, permanecemos no último lugar, praticamente condenados à morte e execrados pela imprensa dita esportiva da cidade. Ainda que em situação menos desesperadora do que nós, o Botafogo também lamentou o resultado e, no fim, quem mais perde é o torcedor carioca, vendo duas de suas principais equipes em situação degradante.

Tivemos dezoito mil torcedores no estádio; dos nossos, cerca de quatro mil nossos, um número baixo e esperado por conta da trágica campanha e ainda pela não familiarização do torcedor carioca com o Engenhão – o que é uma pena e deve ser sanado prontamente, já que a tendência é a de ficarmos anos sem o Maracanã para jogos de futebol, tendo em vista as propaladas reformas para a Copa do Mundo de 2014. Se diminuta nas estatísticas, nossa torcida não se calou: gritou e muito. Somos fabulosos nas arquibancadas: não importa que sejamos mil, três mil ou trinta mil – a diferença está apenas no tamanho físico, mas não na dedicação e no amor. E gritamos logo de início, quando o experiente meia argentino Ezequiel González, o Equi, acertou o travessão do goleiro alvinegro Jefferson, que retornou do exterior. Equi jogou quase um tempo e meio, além do que poderia suportar, mas imprimiu garra e velocidade ao time do Fluminense – o problema era que ele era destoante de outros jogadores em campo, inclusive alguns dos que sempre esperamos muito, como nosso craque Conca.

A bola no travessão causou preocupação momentânea aos botafogos, e alguma promessa de esperança em nossos corações. Contudo, o fragilizado miolo de meio-campo, composto por Diogo e Diguinho, errava tudo o que tentava, de modo que os alvinegros chegavam com facilidade à frente da nossa área, felizmente sem maiores finalizações perigosas. Aos poucos, e empurrados pela torcida caseira, avançaram o time, o que nos abriu caminhos para contra-ataques. Num deles, uma excelente finalização do garoto Alan, obrigado Jefferson a espalmar a bola para escanteio num chute de virada, cruzado, pela direita do ataque – a única finalização de Alan e a única realmente perigosa de nosso time no primeiro tempo, afora o belo chute de Equi no travessão. Ainda houve um chute do também estreante Adeílson, mas sem êxito. O novo jogador mostrou velocidade e algum ímpeto ofensivo, mas nada capaz de sacudir nosso Fluminense. E, sem muita inspiração dos ataques, o primeiro tempo encerrou em zero igual no marcador. Nas arquibancadas Tricolores, um destaque à parte: tendo chegado discretamente, Patrício Urrutia assistiu o jogo feito um torcedor comum, até que foi descoberto e “denunciado”. Sei que muitos, inclusive meu querido amigo-irmão Raul Sussekind, o vêem como um símbolo de nossa derrota na Libertadores de 2008. Entendo que não: fez o que lhe cabia – honrar a camisa do time que defendia. Agora é um dos nossos e creio que possa nos ajudar ainda nesta missão que é muito difícil, que muitos consideram impossível, mas que ainda não está negativamente decidida de forma alguma: nossa queda. Voltando ao primeiro tempo, reitero: não foi um jogo emocionante, mas bem-disputado e corrido, como deve ser um Fluminense e Botafogo, mesmo com ambos em situação tão ruim.

No segundo tempo, a partida caiu muito de produção. Os times passaram a errar bem mais. O jogo não se desenvolvia. Cuca tentou mexer no andamento, trocando peças. Veio o menino Tartá, que se supunha ser uma de nossas maiores revelações de Xerém. Entrou e nada produziu. Claro que a fase é difícil, que se trata de um garoto, que a cobrança é grande; porém, o futebol não espera. E Tartá, com idas e vindas, ainda não fez uma de suas espetaculares partidas este ano. Roni entrou a minutos do fim da partida, no lugar de Paulo César, mais pelo desespero da situação, sem causar nenhum impacto na partida. Mexida crucial foi a de Alan por Kieza: o jovem atacante teve a chance de decidir o jogo a nosso favor, a minutos do fim, entrando livre e sozinho dentro da área, mas chutando fracamente em cima do goleiro Jefferson. Pode-se dizer que foi o gol mais perdido que tivemos neste semestre: os botafogos já tinham feito o suspiro tradicional de quem vai tomar um gol inevitável. Mas não aconteceu: o goleiro de General Severiano fez as honras e perdemos uma oportunidade inacreditável. Daí em diante, apenas o desespero e o abafa na área sem maiores conseqüências.

É difícil escrever estas linhas sem lamento, sem tristeza. Mas também é difícil crer que o fim já chegou. Não se morre antes do tempo. Precisávamos desesperadamente destes três pontos, que não vieram. Sem contar a verdadeira pedreira que será enfrentar o Grêmio no Olímpico, na semana que vem. Porém, não temos mais escolha: é ir para a frente de batalha. E mesmo que a derrota seja inevitável, perder de cabeça erguida. Não é o que se reza pelo nosso catecismo, mas é o que vivemos hoje.

Deixei o Engenhão ontem com tristeza. Mas o jogo, o grande jogo, ainda não acabou.


Paulo-Roberto Andel, 14/09/2009

No comments: