Friday, October 15, 2010

CRUZEIRO 1 X 0 FLUMINENSE (10/10/2010)



Sinal amarelo (11/10/2010)


Não foi por falta de acreditar; a torcida do Fluminense se fez firme e presente no Parque do Sabiá. Se o nosso padrão de jogo tem apresentado evidente queda, por outro lado não nos faltaram chances de gol. O Cruzeiro foi melhor, administrou o jogo, contou também com a sorte e, de uma só vez, nos derrotou e nos tomou a liderança do campeonato. No Pacaembu, o favorecido Corinthians levou quatro gols do Atlético Goianiense, o que não soubemos aproveitar. Definitivamente, não foi uma boa tarde ontem. Sinal amarelo nas Laranjeiras. Atenção. Nove jogos pela frente. A certeza de que precisamos melhorar muito para conquistarmos esse tão sonhado título. A certeza de que, ao contrário das bazófias da imprensa, temos ainda a chance de conquistá-lo, sim. Nossa história fala por nós: somos o time do último minuto, das viradas impossíveis frente à comemoração adversária. É preciso levantar a poeira de Álvaro Chaves, mas que fique claro: o campeonato não acabou e ninguém derrota o Fluminense por decreto. O ano passado aí está para não nos deixar mentir.

Embora jogando muito aquém do brilho de outras jornadas neste mesmo campeonato, o Fluminense suportou bem a pressão do Cruzeiro, não sucumbiu após tomar o gol que viria a ser decisivo e, tanto no primeiro tempo quanto no segundo, teve várias chances de gols. As falhas individuais pesaram bastante. Na defesa, a indecisão de Gum e Rafael levou à cabeçada colocada de Wellington Paulista. No ataque, Rodriguinho e Washington abusaram do direito de perder gols: o primeiro chegou ao cúmulo de chutar uma bola para fora – e alto – quando estava a meio metro da linha de gol num determinado lance. Não bastassem os problemas de contusões já conhecidos, Deco se machucou ainda no primeiro tempo e, com Conca muito marcado, a lucidez nos passes ficou bastante prejudicada. Com a queda da velocidade Tricolor nos últimos jogos, ficou mais tranqüilo para que o time celeste administrasse seus passes e ataques – esse é o ponto mais importante e preocupante do atual momento do Fluminense: sem Emerson e Mariano, com Conca marcado, viramos um time comum e não o postulante ao título. Com Fred, não podemos contar devido ao agravamento de sua contusão. O que fazer? O que pensar?

No segundo tempo, o jogo foi relativamente calmo para o Cruzeiro. Digo relativamente porque embora o mandante tivesse o domínio da partida em alguns momentos, chegando a chutar uma bola no travessão e um gol bem-anulado por conta de impedimento, novamente o Fluminense abusou do direito de errar nas finalizações, principalmente com o ataque que foi uma peça nula em campo. Sabemos que Washington tem utilidade dentro da área, como um brigador; ao sair dela, é muito difícil ganhar qualquer jogada ou acertar qualquer fundamento. E Rodriguinho, que fez uma bela jornada no campeonato paulista deste ano, sendo o vice-artilheiro da competição, parece às vezes sentir a camisa Tricolor: perde gols inacreditáveis. Se fizesse um terço das chances que tem desperdiçado, estaria brigando pela artilharia do campeonato brasileiro.

Meus amigos, o sinal está amarelo.

O Fluminense precisa recobrar a velha força nestes últimos nove jogos. Para mim, seis. Se chegarmos líderes na partida contra o São Paulo e os paulistas estiverem fora da briga pelo campeonato, acho que dificilmente perderemos o cobiçado caneco. É claro que o Tricolor do Morumbi é uma força permanente, assim como o Palmeiras; o que acho difícil é que joguem contra nós com o máximo de empenho, caso o Corinthians ainda esteja disputando o título. Não cabe saudar hipocrisias: nos dias de hoje, é o que mais vemos nos jornais do país por conta das eleições presidenciais. Ano passado, o maioral foi campeão contando com a pouca vontade do Corinthians, ironicamente, e do Grêmio. Não falo de entrega de jogos e nenhum de nós ratificaria tal comportamento, mas a verdade é que nenhum do Morumbi ou do Parque Antarctica quer ver o Parque São Jorge em festa e ter colaborado para isso.

O fato é que o Fluminense de hoje não tem o mesmo brilho de meses atrás, nem mesmo dos momentos esporádicos nas vitórias contra Ceará, Vitória da Bahia e Avaí. Mas também não é o time sonolento e burocrático da partida contra o Santos. É preciso reagir. É preciso retomar a agressividade e a velocidade da saída de bola. Emerson, Mariano e Diguinho, se voltarem contra o Botafogo, num clássico decisivo domingo que vem, podem ser peças decisivas neste processo. Teremos uma semana de folga e tempo para as recuperações físicas. Será uma longa espera: estamos aflitos, não podemos falhar justamente no fim da trilha. E, se a condição técnica não voltar a prevalecer, é preciso raça dentro das quatro linhas e nas arquibancadas. Não ficamos conhecidos como o time de guerreiros? Pois bem, o momento é agora. Retomemos a inesquecível parceria entre time e torcida nos treze jogos finais do ano passado. Naquele momento, era uma luta de vida ou morte; éramos a galhofa do esporte brasileiro. No gramado, realizamos uma virada impossível de ser igualada: dez vitórias. Hoje, restam nove jogos. Quem disse que a camisa centenária, impondo seu carisma e sua garra em campo, não pode conseguir sete vitórias? O suficiente para sermos campeões com um pé nas costas. Porém, acima de tudo é preciso retomar a atitude vencedora, seja com o talento ou com o coração.

Nossos corações batem mais vigorosos nesta semana. Domingo, não podemos falhar. O Cruzeiro tem dois pontos à nossa frente, mas enfrentará o poderoso Grêmio no sul, e perder lá não é nenhuma aberração. Meio a zero contra o Botafogo e poderemos voltar à liderança. Um clássico que, por si somente, é sempre difícil em mais de cem anos de disputa. A questão é que acabamos com todas as nossas reservas de falha. Não podemos mais errar. E, para sermos campeões, só a vitória interessa. Domingo, as arquibancadas azuis serão pequenas para tanta ansiedade.

O sinal está amarelo? Vamos torná-lo verde!


Paulo-Roberto Andel

Friday, October 08, 2010

FLUMINENSE 0 X 3 SANTOS (06/10/2010)



Um drama passado a limpo (08/10/2010)

Na quarta-feira à noite, fiquei atordoado. Quando saí de um dos banheiros do Engenhão, me deparei com a cena de um menino duns oito anos, em completo desespero e muitas lágrimas com o que tinha acabado de ver. Aquele choro me doeu muito mais do que a terrível jornada que o Fluminense cumpriu nos últimos dias: o desagradável – porém justo, como falarei a seguir - empate contra o Prudente, sábado passado, e a acachapante derrota para o Santos anteontem.

Normalmente, escreveria estas linhas na quinta, logo após o jogo. Não o fiz por dois motivos: primeiro, esperar os jogos da noite de ontem para ter melhor visão sobre os acontecimentos; segundo, deixar a raiva pela derrota de quarta se esvair – menos pelo marcador e mais por como ela aconteceu. No fim de tudo, meus nobres amigos, o Fluminense está diante de um drama, o maior de todo este ano: mesmo com golpes de sorte nos tropeços dos adversários diretos na luta pelo título, mesmo ainda conseguindo manter a liderança do campeonato, o fato é que o Fluminense não está em boa fase e um dos adversários mais temíveis, o Cruzeiro, ficou a apenas um ponto de nós. Mais ainda: desfalcados, enfrentaremos o mesmo Cruzeiro em casa, no próximo domingo. Vencer é imperativo.

Mas será possível, tendo em vista nosso atual momento?

Sim, mas se dentro de campo o time não corresponder, tudo ficará por conta da mágica e centenára camisa, além dos milhões de devotos do Tricolor. É o que nos resta. O Fluminense é o líder do campeonato, mas está gravemente ferido. Cabe a nós empurrar a equipe para este título fantástico. Vamos esquecer o que nos aconteceu recentemente e manter todo o pensamento positivo.

Contra o Prudente, é fato que tivemos maior volume de jogo sobre a verdadeira piscina que era o gramado do Prudentão. Uma batalha aquática. Isso não nos impediu de ver um dos gols mais bonitos do campeonato, marcado por Rodriguinho em um chute fantástico no ângulo esquerdo do goleiro do bom goleiro Giovanni, quebrando o tabu de só ter marcado gols em times rubro-negros. Se o mesmo Rodriguinho finalizasse com a mesma competência em outros lances que teve, livre na área, teríamos aplicado uma sonora goleada. E aí é que digo da justiça do resultado final: o Prudente no segundo tempo foi, ainda que de forma tímida, ao ataque. E a velha máxima do futebol é imperdoável: quem não faz, leva. Tivemos todas as chances para vencer o jogo e não as aproveitamos; então, o empate foi justo. Recuar quando se abre o marcador e finalizar sem precisão não são mostras de qualidade, às vezes: pode até ser o contrário. Menos mal que os poderosíssimos e favoritíssimos Cruzeiro e Corinthians empataram em casa contra Atlético Paranaense e Ceará, respectivamente. No Pacaembu, o eterno ídolo Magno Alves fez a sua parte e o Ceará chegou a estar vencendo por dois, mas a fragilidade do time permitiu a reação corinthiana. Uma rodada a menos, tudo no lugar, mas sinais de preocupações.

A quarta-feira tinha a expectativa da volta de Fred aos gramados. Mais uma vez, o exótico horário imposto pela televisão e quatorze mil Tricolores não falharam: estavam nas arquibancadas, driblando engarrafamentos, o caos e tudo mais que viesse pela frente. Acabamos presenciando o que provavelmente foi nossa pior apresentação no campeonato, no ano de 2010 e talvez desde os piores momentos do campeonato brasileiro do ano passado. Tudo deu errado, dentro e fora do campo. O placar não indica a verdade do jogo: quem visse sem saber imaginaria um Santos agressivo e imponente. Tenho dúvidas até se alguns jogadores santistas saíram realmente suados de campo: o time paulista jogou em ritmo de treino e venceu como quis nos quarenta e cinco minutos finais – lembrou até a nossa atuação diante do Atlético Mineiro. O estreante lateral Marquinhos nem foi tão mal, mas evidentemente sentiu o peso da camisa centenária. Conca, marcadíssimo e, com isso, sem as naturais grandes contribuições. O meio de campo perdido entre a ligação direta dos chutões da defesa e o “domínio” no ataque – normalmente não-feito por Washington. E, talvez, o pior desfalque: Mariano. Sem ele, o Fluminense fica isento de arranque e velocidade rumo ao gol adversário. Marquinho sem “s”, mas com cem partidas pelo Tricolor, teve uma atuação de regular para ruim; contudo, eu não otiraria de campo. Ele saiu no intervalo para a entrada de André Luis, visando reforçar a zaga, o que pouco adiantou.

Segundo tempo em cima, o estádio urrou pela volta de Fred. Fiquei preocupado: entrou com lentidão absoluta e parecia até nem ter plenas condições de andar. Em pouquíssimos minutos, voltou a sentir dor e curiosamente permaneceu em campo, mesmo senso possível fazer duas substituições. Nas poucas vezes em que tocou na bola, mostrou o craque que é: um passe sensacional para Conca. Mas foi muito pouco e dificilmente poderemos contar com ele para o restante da jornada.

Chutamos uma bola na trave, com Carlinhos, mas foi um dos poucos bons momentos do lateral e do time. O primeiro gol do Santos revela como foi péssima a nossa noite: dentro da área, recuperam dois rebotes até que Zé Eduardo, o craque da noite com três gols, acertou meia-bicicleta no meio do gol de Rafael. O segundo gol foi um chutaço proveniente de um dos lances mais bizarros que já vi contra a defesa do Fluminense em toda a minha vida: um balão proveniente do meio de campo, Leandro Euzébio espera a bola quicar para se mexer, Rafael hesita justamente porque espera o zagueiro, Zé Eduardo tem presença de espírito – ajeita livre e fuzila o ângulo esquerdo. Derrota consumada depois de tal fato e meu estranhamento com os enlutados do Perseguido, que passaram a vaiar Rafael contundentemente para, em seguida, vibrar com o time – dando a errônea sensação de que o goleiro tinha sido o responsável pela derrota até então. Houve uma confusão de sentimentos. Rafael não tem o brilho do ano passado, sem dúvida, mas meu comentário sobre o jogador Fernando Henrique é simples e direto: ruim sem ele, pior com ele. O terceiro gol foi apenas a cereja do bolo que o Santos tinha preparado sem muito esforço, diante de uma noite trágica, de nosso pior futebol: Zé Eduardo entrando livre pela esquerda da defesa e tocando para o gol vazio. De toda forma, reconheço dignidade naqueles que bradaram pelo título e cantaram como se nada estivesse acontecendo. Não é a minha posição, mas entendo que a hora é de apoiar e não massacrar. Ainda falta falar dos dois gols anulados: mesmo que um tivesse sido justamente validado e o outro não, com um pouquinho de esforço o Santos faria quatro ou cinco. Não perdemos por conta do mau apito. Calcemos as sandálias da humildade.

O que dizer nas linhas restantes? Estamos mal, ainda somos os líderes e teremos um jogo de vida ou morte domingo. Não temos mais Fred, mas esperamos a volta de Emerson. O Presidente Horta é nosso guia: vencer ou vencer! Não temos alternativa. Ou o Fluminense reage de vez e mantém a posição de líder favorito ou despenca. Domingo é dia de maracujá e calmantes.

Sou um obcecado.

Eu acredito.