Friday, May 11, 2007

O tropeço

Em sua trilha pela Copa do Brasil, o Tricolor encarou ontem o Atlético do Paraná. Vinte mil pessoas na expectativa, o que pode ser considerado um bom público para os dias de hoje: além do horário tardio, a má jornada de Laranjeiras no ano é um revés para o estádio lotado.

Além do caráter decisivo, enfrentar o rubro-negro sulista tem sido uma batalha de vida ou morte para o Tricolor, seja em pingue-pongue, carteado ou futebol de botão. A massa das Laranjeiras não esquece jamais das cenas lamentáveis ocorridas nos jogos de 1996 – tanto a conturbada e violenta derrota em casa quanto a vergonhosa entrega do jogo seguinte, quando os paranaenses favoreceram claramente o Criciúma e nos conduziram ao descenso. Anos depois, cá estamos nós em nova batalha.

Novamente o Tricolor apresentou um velho problema. A síndrome do gol sofrido.

Tudo corria bem, num bom jogo. Com a volta de Renato à liderança do plantel, parecia um time vibrante, guerreiro, e com um espantoso aumento médio de velocidade, até mesmo de jogadores que não têm a explosão como forte, vide o exemplo de Carlos Alberto.

Na correria, logo veio o gol. Passe de Júnior César, um excelente cruzamento do lateral Carlinhos e uma cabeçada certeira daquele que tem sido o melhor Fluminense da temporada: Thiago Silva. Ângulo esquerdo do goleiro Guilherme vazado, havia um clima de alívio: depois de tempos sem atuações convincentes, o Tricolor parecia estabilizar-se. Ainda havia muito jogo pela frente e, quando ele veio, tudo levava a crer numa vitória convincente, gols e gols sendo perdidos. Supremacia completa de Laranjeiras, ainda que o Atlético não fizesse um mau jogo – estava, sim, era completamente perdido pelo poder do adversário. Aos poucos, o match tomou ares de equilíbrio e então veio a derrocada.

Aos trinta minutos, o time paranaense empatou o jogo, num lance quase despretensioso. O lateral-esquerdo paranaense Nei desferiu um chute de longa distância, com força. A Bola ainda resvalou na defesa e tomou a direção do ângulo esquerdo. O goleiro Fernando, que não tem sido muito afeito às bolas defensáveis, nada pôde fazer para desviar o tirambaço do gol. E o mar negro tomou o Maracanã. Um silêncio enorme, oceânico. Parecia a própria eliminação. Muitos exaltaram-se e passaram a xingar Fernando até mesmo na cobrança de um tiro de meta.

O time desmoronou. Passou a errar passes de meio metro. Tudo virou impaciência. O jogo passou a ser atleticano, o que perdurou até o apito final da primeira etapa.

Na volta, o que se viu foi o Tricolor em chamas, machucado, partindo até meio que atabalhoadamente para a vitória, enquanto os paranaenses agüentavam firme na defesa, buscando esparsos contra-ataques. Por volta do primeiro terço, Rafael Man e Carlos Alberto tiveram oportunidades. Em seguida, o Atlético encaixou sua primeira resposta firme, em chute de Pedro Oldoni e defesa esperta do desacreditado Fernando. Impaciente com as más finalizações, Renato sacou o centroavante herói e inseriu Adriano, o Magrão, buscando novos ventos.

A tendência do jogo não se alterou, exceto pelo maior equilíbrio nos volumes de posse da bola: o Fluminense mais voltado para o ataque, o Atlético buscando os golpes mortais. Os ataques não prevaleceram.

Renato, desesperado com o gol sofrido em casa, que conta como desempate em caso de necessidade, e sem a vitória, buscou ofensividade máxima, substituindo Cícero e Fabinho respectivamente por Thiago e Lenny. Nenhum maior efeito.

Os dez minutos finais ficaram por conta de mais dois gols perdidos: o Tricolor, em bom chute de Alex Dias e grande defesa de Guilherme; o Atlético, num chute de Ferreira para o gol vazio, com excelente corte de cabeça de Luiz Alberto.

O fato é que, se o Fluminense fosse durante todo o jogo o mesmo time dos primeiros trinta minutos, dificilmente não venceria. Ainda assim, foi visível o aumento de certa empolgação do time.

Ao final, claramente o Atlético saiu satisfeito. Jogará em casa por um empate em zero a zero ou uma vitória simples. Novamente os de Laranjeiras estão em apuros: vencer o adversário difícil, rancoroso, em seu campo. Esse time já tirou o Bahia na Fonte Nova lotada. Pode repetir o feito. Por que não? Para o Fluminense, o céu não é limite.


Paulo Roberto Andel, 03/05/2007


1 comment:

Colecionador de Camisas de Futebol said...

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