Friday, February 26, 2010

CONFIANÇA 1 X 1 FLUMINENSE (24/02/2010)



Desconfiança (25/02/2010)

Meus amigos, o título desta crônica, por mais que pareça, não sugere um trocadilho infame contra a respeitável equipe sergipana do Confiança, que nos enfrentou ontem em nossa estréia na Copa do Brasil, competição que nos traz maravilhosa lembrança e a esperança de melhorarmos nossa performance neste ano, depois das dificuldades que temos sofrido desde 2008. A desconfiança, sim, é por tentar entender o que realmente tem acontecido nas Laranjeiras – e na Ilha do Governador – para que o Fluminense, depois de um início de ano tão promissor, esteja desempenhando um papel tão pífio nas partidas disputadas após o Fla-Flu. Sim, perdemos a vaga para a Guanabara jogando melhor do que o Vasco, mas em muitos momentos tivemos lances abaixo da crítica naquele jogo – e não falo somente das finalizações de nosso artilheiro Fred. O fato é que o time parece ter sofrido uma pane de energia desde a bola na trave e os dois gols, num intervalo de três minutos, que empataram o Fla-Flu e permitiram, a seguir, a apoteose da Gávea. Em suma, ontem conquistamos um empate a duras penas e, por isso, haverá o jogo de volta no Maracanã, no começo de março.

Mesmo que seja uma equipe modesta, não é o caso de desrespeitar o time do Confiança. Primeiro, todo time de futebol merece respeito; por isso, é o esporte com mais fãs em todo o mundo: um time desconhecido pode bater uma máquina de jogar bola numa partida. Segundo, para muitas equipes, a Copa do Brasil é a única oportunidade de visibilidade deles no cenário nacional, e isso quer dizer de estádios com bom público, pressão dos times locais e a luta para equilibrar eventuais confrontos de volta, caso o time visitante não vença por dois gols de diferença. Mais do que isso, o time sergipano é dedicado, aplicado, com bom preparo físico e muito longe de ser um mero cachorro-morto. Não à toa, o Flamengo do Piauí conseguiu empatar com o forte Palmeiras em casa, de modo que o enfrentará amanhã no Parque Antarctica; do mesmo modo, o Sousa jogará contra o também forte Vasco da Gama em São Januário. Todavia, a torcida do Fluminense esperava muito mais do que um empate com atuação medíocre, com o agravante de nosso time ter disposto de tempo para se preparar para esta partida: onze dias. Perdemos gols, sem dúvida; poderíamos ter vencido, mas mesmo que isso acontecesse e o jogo de volta fosse eliminado, ainda assim nossa preocupação estaria na má atuação. A rigor, de positivo apenas as voltas do ótimo zagueiro Digão ao time, ainda que por um tempo, e a excelente estréia do jovem atacante Wellington Silva, que mostrou muita qualidade, mas que terá pouco tempo entre os profissionais, dado que já está negociado com o futebol da Inglaterra. Também vale a pena registrar o belo gol de Gum, após rápido roçar de cabeça de Fred quando do cruzamento de Darío Conca. Um chute de primeira no canto esquerdo do excelente goleiro Pantera, que teve participação fundamental no mau resultado Tricolor, fazendo ótimas defesas e, fundamentalmente, mostrando grande calma no lance que poderia ter sido decisivo no jogo.

Num gramado longe do ideal, era até de se entender que o Fluminense não conseguisse desenvolver um bom toque de bola - e o resultado disso foi do enorme número de passes errados no começo do jogo. Porém, o mau gramado não atrapalhou muito o Confiança, que veio para a frente e teve pelo menos duas boas chances de gol nos primeiros vinte minutos – uma, muito bem interceptada por Gum; a outra, passando perto de nosso gol num chute de Michel.
Num intervalo de menos de dez minutos, tivemos então nossa melhor performance em campo, que começou num perigoso chute de Fred, rente à trave direita. Nos minutos seguintes, a ocupação da intermediária adversária até o gol de Gum. Pouco tempo depois, quase um gol contra do zagueiro Bira, muito bem-salvo por Pantera. E uma falta maravilhosamente cobrada por Conca, com outra grande defesa de Pantera. E só. A seguir, o Confiança empatou o jogo com um belíssimo gol aos trinta e sete minutos: cruzamento na direita de nossa área, Diogo não conseguiu cortar de cabeça, foi driblado pelo lateral Serginho e este fuzilou Rafael.

No segundo tempo, Cuca se precaveu contra as constantes investidas do Confiança, reabilitando o sistema de três zagueiros e colocando Digão no lugar do apagadíssimo Williams, que ainda não conseguiu de fato estrear com nossa camisa. A seguir, a estréia do menino Wellington que, com sua impetuosidade, colocou o Fluminense mais à frente no ataque; entretanto, as finalizações não corroboraram a melhora.

E então veio o lance capital: um pênalti até bobo em cima de Marquinho, ainda cedo, em torno dos vinte minutos. Naquela altura, o segundo gol poderia nos dar tranqüilidade para o jogo em casa, ou até mesmo conseguir a classificação em Sergipe, mas Fred não conseguiu chutar bem e perdeu o pênalti: foi dificultado pelo tranqüilo Pantera, que não se mexeu na cobrança. Mais uma vez, o velho receituário: Fred é nossa maior estrela, é o finalizador e, quando ele não está bem, o resto do time sente. Pouco tempo depois, Cássio, no ataque, deu um chute perigoso à direita do gol sergipano. Foi a última grande chance de vencermos, pois o Confiança sentia-se satisfeito com o empate e recuou bastante; sem força e abalados psicologicamente, não conseguíamos agredir, e o resultado se consolidou.

Mais uma vez, embora seja fundamental a marca do artilheiro – e, no caso, ela foi desperdiçada -, o fato é que o Fluminense não deixou de ganhar somente pelo pênalti de Fred, assim como não venceu o Vasco somente pela cobrança na trave de Alan. A performance do time caiu drasticamente desde o grande jogo e, de lá para cá, parecemos um pouco perdidos. É natural que nossa torcida tenha desconfiança; mais do que isso, preocupação: onde está o Fluminense guerreiro do fim de 2009?

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