Friday, February 04, 2011

FLUMINENSE 3 X 1 CAXIAS (03/02/2011)



Água mole em pedra dura (04/02/2011)

Meu amigo William ganhou três importantes – e merecidos - pontos de aniversário, junto à nossa imensa torcida. O Fluminense tomou a ponta do grupo B na Taça Guanabara e encara o Botafogo no próximo domingo, novamente no Engenhão, com mais tranqüilidade. Fred marcou três gols na partida de ontem contra o Duque de Caxias, ficando cada vez mais artilheiro. Ainda chutamos duas bolas na trave. Tudo era flor e aroma? Nem tanto. Apesar da vitória importante, o time mostrou irregularidades no decorrer da partida e o resultado de forma alguma significou facilidade em campo, o que ficou evidente em vários momentos onde Muricy parecia ter ido à loucura, especialmente quando o Caxias fez seu gol de honra. Vamos em frente, ainda que se espere melhoras para o decorrer da Guanabara e principalmente para a estréia na Libertadores, semana que vem.

Justamente por conta da competição internacional, Muricy começou em campo com um time bem próximo daquele que deve ser o titular na próxima quarta-feira. À última hora, o experiente Araújo entrou para fazer sua primeira partida com nossa camisa. Conca estava de volta definitivamente com a sua camisa 11. Não foi um jogo fácil no primeiro tempo, ainda que nossas chances de gol tenham sido claras em pelo menos dois momentos: as duas bolas na trave, chutadas por Carlinhos e o próprio Araújo. A de Carlinhos foi antológica e, se tivesse entrado, seria com certeza um dos gols mais bonitos do ano no futebol brasileiro: após ótimo lançamento de Conca para a esquerda, um maravilhoso chapéu no zagueiro, a matada na coxa e a finalização no canto direito, espalmada pelo goleiro Fernando e, a seguir, beijando o poste direito. Ainda houve um bom chute de Souza, defendido para escanteio, quase ao fim do primeiro tempo. Se o Fluminense tinha qualidade técnica de sobra em alguns jogadores, o time parecia um pouco lento: Araújo não está em forma, evidentemente; Fred finalizou algumas bolas, mas parecia dispersivo; Conca ainda não está com o ritmo alucinante do ano passado. É claro que o calor também prejudica, mas o Fluminense mostrava calma demais no jogo, principalmente quando as grandes finalizações foram desperdiçadas, sugerindo que o time poderia vencer a qualquer momento, o que sabemos não ser verdade. É preciso dedicação sempre, seja qual for o adversário. O Caxias também quase marcou, no que pode ser considerada a segunda boa defesa feita por Cavalieri com nossas cores: Somália entrou na pequena área, finalizando o cruzamento da direita do ataque, tocando no contrapé, mas perto do goleiro, que mostrou reflexo e pegou. Mais tarde, outra boa defesa, a terceira, em chute de Lenilson pela esquerda diagonal. E terminou o primeiro tempo sem alterações no placar; merecemos marcar pelas boas jogadas, mas o conjunto da obra mostrava um Fluminense até preguiçoso em alguns momentos – e, por isso, não ter marcado soou até como um “castigo” justo.

Hoje em dia, felizmente para todos nós o Fluminense dispõe de um elenco com múltiplas possibilidades, dentro e fora da titularidade. Um dia, Emerson e Deco voltarão. Conca, nosso símbolo guerreiro, já voltou. E temos Fred, que abusara da lentidão na primeira etapa, mas mostrou toda a sua categoria quando marcou o golaço que abriu o marcador. Araújo, em sua última jogada antes de ser substituído, cruzou da esquerda e o artilheiro maior bateu de primeira com o pé direito, no canto direito. Somente um jogador com alto poder de recursos técnicos é capaz de finalizar daquele jeito. E Fred tem.

Marcado o gol, a expectativa era de acalmar as coisas e não apenas administrar o resultado, mas ampliar a vantagem. Só que para o Fluminense, nada é fácil: tudo vem a conta-gotas entupido. E mal deu tempo de nos tranqüilizarmos, houve uma ligação direta do meio campo com o ataque caxiense pela esquerda, numa bola parada. Nossa defesa parou, tentando fazer a linha maldita que, claro, não deu certo. Cavalieiri ficou parado e foi encoberto pela cabeçada do jovem Marlon. Recomeçar de novo.

Reagimos a seguir, com ótima cobrança de falta de Souza no ângulo direito da meta - ele mostra a cada dia ser uma importante opção nas bolas paradas em geral. O goleiro Fernando espalmou para escanteio com mão trocada, em linda defesa. Fred, agora aceso em campo, deu outro lindo chute de primeira, após cruzamento de Mariano e passe inicial de Conca, com a bola passando perto do ângulo esquerdo. E mais um outro voleio sensacional do artilheiro-mor, no bico direito da pequena área. Um chutaço de Conca e mais outra bela defesa de Fernando. O Fluminense deixou definitivamente a preguiça de lado e partiu para a vitória, principalmente quando houve a parada técnica e Muricy esbravejou para todos os lados, principalmente para com defesa e goleiro. Aí, sim, o Tricampeão disse a que veio.

O ditado fala da água mole que bate até furar a pedra dura. Assim sucedeu o placar. Num bate rebate, a bola caiu nos pés de quem sabe: Conca. Um lindo passe para Fred livre chutar por entre as pernas de Fernando, na diagonal, devolvendo a vantagem ao Tricolor. A partir de então o Caxias, que já havia marcado muito e corrido firme, claramente viu suas forças combalirem, de modo que não tinha mais como igualar o marcador. E ainda houve tempo de Fred fuzilar com pé esquerdo, pela esquerda, fazendo o terceiro gol e dando números finais ao jogo no último minuto. Para quem começou um tanto paradão, foi uma noite de glória para o artilheiro-mor.

Em cada partida, uma lição. O Fluminense que deve disputar as competições é o dos vinte minutos finais de ontem, mostrando garra, disposição, talento e aplicação. Não dar tempo ao adversário, não deixá-lo respirar. Respeitá-lo e, por isso mesmo, atacá-lo sem esperar vencer com facilidade a qualquer momento.

Agora pela frente, duas grandes batalhas. Na noite de domingo, o clássico centenário contra o Botafogo, que pode valer a consagração dos adversários nas finais da Guanabara. E, na quarta-feira, algo que temos pensado por dois anos e meio diariamente: a volta à América.. Novecentas noites em busca de um sonho que, muito antes do talvez imaginável, aconteceu. Estamos de volta. Alguns falavam de voltar a competições pela porta da frente: hoje, enquanto saem pela emergência, a América estende seu tapete grená para o Fluminense.

Vamos adorná-lo com branco e verde!


Paulo-Roberto Andel

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