Thursday, March 31, 2011

FLUMINENSE 0 X 0 VASCO (27/03/2011)



A sina (28/03/2011) Nos últimos anos, nenhum adversário tem sido mais difícil de ser batido por nosso time do que o Vasco. Uma verdadeira muralha da China. Mais uma vez aconteceu de não conseguirmos e, apesar de não termos perdido o jogo – pelo contrário, as maiores chances de inaugurar o marcador nos últimos minutos foram Tricolores – o empate em zero na noite de ontem no Engenhão reforçou a repetição de um capítulo eterno da nossa história: por conta do principal objetivo momentâneo na competição, que é o de chegarmos às semifinais do Rio, temos que vencer os três jogos finais. Mais uma vez, frente à frente com a nossa velha sina. Mais do mesmo, tal como precisaremos na Libertadores. Mas quem disse que não podemos chegar lá? É claro que nada será fácil, mas repito quase que sempre: quando a nossa história colheu louros de favoritismo e facilidade? Nunca. Volto a falar da rocambolesca missão impossível no campeonato local. Enfrentaremos as equipes do Volta Redonda, Americano e, por fim, Nova Iguaçu. Três magros um a zero de timinho, estilo 1951, resolvem a questão. Vejam onde temos chegado: será possível não acreditarmos que essas três vitórias não possam acontecer? Outros dois magros placares a nosso favor na Libertadores e, com tudo isso, um cenário de guerra, dor e destruição pode se tornar paradisíaco. Os que debocham da força das Laranjeiras nas horas decisivas devem ficar atentos para não engolirem uma espinha de bacalhau, sem nenhum trocadilho com o saudável apelido do gigante da Cruz de Malta. Ainda temos tempo e, para nós, cada segundo é um século. Saberemos lutar pelas duas frentes e vagas, oxalá. O jogo de ontem infelizmente começou bem mais cedo do que o previsto: cenas de estúpida violência foram consagradas na zona norte da cidade, com especial concentração nos arredores da rua Arquias Cordeiro, no Méier, levando pânico a homens, mulheres e crianças de bem. Mais uma vez, a polícia teve uma atuação reticente enquanto o vandalismo reinou absoluto no bairro onde não se bobeia. Todos sabemos que minorias criminosas sujam o nome dos freqüentadores dos estádios e, particularmente, das torcidas organizadas: cada grande equipe carioca tem os seus quinze ou vinte marginais, infiltrados entre milhares de trabalhadores de todas as classes sociais, que lamentavelmente acabam prevalecendo. Ainda sonho com o dia de mudança deste paradigma. Afora isso, as duas torcidas fizeram festa no João Havelange, com vantagem numérica nas arquibancadas para São Januário. O Tricolor de coração ainda tem dificuldade de encarar a perda do Maracanã, mas a adaptação ao novo templo se faz necessária. Dentro de campo, o jogo teve seu primeiro tempo mais para o Vasco do que o Fluminense. Eles pareciam melhores, mais organizados e fisicamente agressivos, enquanto nós quase não finalizamos e ainda nos ressentimos das dificuldades físico-técnicas de Fred e Conca, especialmente o maestro argentino, grande responsável pelo inferno de 2009 ter virado céu ano passado. Ainda assim, nos vinte primeiros minutos, Conca acertou um bom chute para a defesa de Prass no canto esquerdo; depois, Fred quase fez um gol de carrinho num momento de pressão do nosso ataque. Mais uma vez, Ricardo Berna foi craque no gol, o maior de nosso time na primeira etapa: cortou um perigoso chute cruzado do zagueiro Anderson Martins. E, quando voou sem conseguir impedir o revés no chute de Éder Luis, a bola explodiu no travessão para nosso alívio, se é que se pode dizer assim. Ainda teve fôlego para impedir um golaço do jovem vascaíno Bernardo, voando no ângulo esquerdo, trocando de mão e espalmando para escanteio. Ainda não tínhamos certeza, mas o fim do jogo viria para confirmar uma difícil estatística: o sexto clássico seguido de Berna sem tomar gols, fato raríssimo em qualquer grande clube. Graças a isso, conseguimos resistir ao veloz time vascaíno liderado pelo veterano craque Felipe. No segundo tempo, meus amigos, Deco veio a campo em lugar de Souza, o que significava a opção de Enderson em trocar o vigor físico pela qualidade técnica. Nosso meio de campo ganhou categoria e passes precisos, mas oferecemos certos espaços ao Vasco, felizmente não-aproveitados. Éder Luiz desperdiçou gol certo em chute diagonal pela direita de ataque. No contra-ataque, Deco acertou lindo chute de curva no canto esquerdo de Prass, que se esticou todo e mandou para escanteio. A supremacia física do Vasco tinha assentado, enquanto ganhávamos mais espaço: até mesmo Julio César, geralmente sem viço, brilhou em dois belos chutes novamente no canto esquerdo, quase tirando o zero do placar; um para fora, perto da trave e o outro defendido pelo arqueiro vascaíno. Nos minutos finais, o Fluminense esteve mais perto do gol sem, no entanto, finalizar com garbo e conseguir os três pontos. No fim, dadas as alternâncias de jogo, foi um empate justo. Por um lado, estamos em má colocação no campeonato; sob outro prisma, já cumprimos nossos dois clássicos do segundo turno, ao passo que os demais times da nossa chave ainda têm as grandes agremiações pelo caminho. Nos últimos dezesseis jogos, nós empatamos com o Vasco em onze vezes. Dessa forma, fica fácil de ler o equilíbrio que tem marcado o confronto entre os dois times. Os debochados diriam que o Fluminense quase não tem vencido o Vasco. Sabemos o que realmente vale quando está escrito. Soubemos parar o grande campeão da Guanabara; ontem, jogamos bem contra a nova sensação da imprensa. Nossa crise, portanto, não é do tamanho que tentam rabiscar. Uma semana de folga e o Fluminense volta suas baterias para uma semana daquelas. Primeiro, vencer o vencer o Volta Redonda na Cidade do Aço, o que já será brita pesada. E depois, a batalha no Uruguai contra o Nacional. Os corações Tricolores hão de bater mais forte. Mas, pensando bem, quando é que não bateram? É a sina, amigos, a velha sina sempre presente em cada escudo de Álvaro Chaves. Não tenho o direito de não confiar no melhor possível. O passado nos ensina.

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