Corria o mês de junho do ano de 1987, meu pai havia falecido no início do ano, eu estava na dúvida sobre para qual curso eu deveria prestar vestibular.
Como estudava à tarde, passava minhas manhãs jogando um simulador de futebol com dados, jogo este que eu me orgulhava de ter inventado (embora hoje saiba que milhares de rapazes faziam o mesmo). Marcava os resultados em cadernos antigos que encontrava pela casa, com tabulações que aprendi nas aulas de estatística que tive no primeiro ano.
Um belo dia tive um estalo e decidi que deveria ser um estatístico. Como sempre gostei de trabalhar com números e de futebol, percebi que podia tentar ganhar dinheiro com essas duas paixões: bastava me formar e conseguir um emprego em um clube ou federação.
Formar-me como bacharel em estatística não foi uma tarefa muito simples, demorei um pouco além do que o esperado, mas acredito que foi no tempo necessário para conseguir um pouco mais de responsabilidade. Nunca consegui emprego em clubes ou federações; contudo aprendi muito a trabalhar com estatísticas para o futebol e, em especial, para o Flamengo.
Acho uma temeridade as ditas ‘estatísticas’ que são apresentadas durante as transmissões de partidas de futebol. Apesar de serem dados simples, estes são informados como verdades definitivas, como por exemplo: "A torcida pode se animar, pois o time do Coxopó, faz mais gols no segundo tempo!". É apenas um blá-blá-blá para ocupar o tempo da transmissão.
Sou a favor sim de estatísticas consistentes, como por exemplo, as utilizadas na NBA: um verdadeiro show de scout. Dado que não trabalho em clubes, conforme dito acima, meu tempo para produzir estatísticas fica bastante reduzido e tentarei ser mais objetivo.
Iniciou-se o estadual de 20 anos após minha escolha profissional. Depois de 20 anos, os quatro grandes clubes mantiveram suas comissões técnicas, Flamengo e Fluminense praticamente renovaram seus elencos; o campeão Botafogo mudou apenas onde achou necessário e o Vasco tentou ser cirúrgico em suas aquisições, formando assim um panorama bastante diferente e muito mais animador do que ocorreu nos últimos anos. Na primeira rodada os grandes não perderam, o que também não ocorria há muito tempo. Apenas o Botafogo deslizou em sua estréia; contudo, tem time para se manter no topo, também por conta da fragilidade dos chamados ‘pequenos’. O Fluminense parece repetir os erros do ano passado, pois contratou demais; porém, desta vez foi mais consistente e apresenta o melhor elenco deste início de temporada. Já o clube da Colina venceu, aparentemente convenceu e deve ter uma boa temporada, devendo focar a Copa do Brasil, uma vez que seu time não parece ser consistente para ser bom por mais de 60 partidas durante o ano. Por fim temos o Flamengo, objeto de paixão deste que vos escreve. Diferentemente de outros anos, desta vez iniciamos com um trabalho digno. Pode não ter sido algo descomunal; porém, perto da bagunça dos últimos anos, estamos próximos da perfeição. Veremos em que isso vai dar.
Destaques da primeira rodada:
Positivos:
· Valdir Papel (Madureira), pelo conjunto da obra contra o Botafogo;
· As substituições de Cuca;
· A torcida do Flamengo com seu canto: "Obina é melhor que Nilmar";
· Carlos Alberto e suas tranças tricolores;
· Conca e Morais no Vasco dos Baixinhos;
· O Novo Maraca, que de novo não tem nada.
Negativos:
· A escalação inicial do Botafogo;
· Ex-jogadores em atividade em clubes pequenos;
· A falta da Geral.
Alexandre Machado, 26/01/2007
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