Thursday, May 20, 2010

FLUMINENSE 1 X 0 ATLÉTICO-GO (15/05/2010)



Espantando a zica (16/05/2010)

Finalmente, o Fluminense fez as pazes com a vitória. Não foi da maneira esperada, com um futebol de alto nível, mas nas dificuldades do campeonato brasileiro toda pontuação é bem-vinda. Mais do que isso: não se pode errar em casa. E o Tricolor soube fazer sua lição, diante de um jogo que poderia ter sido mais fácil mas tornou-se de enorme dificuldade, inclusive contando com bolas na trave e inúmeros gols perdidos nossos, até que Marquinho finalmente inaugurou e decretou o placar definitivo. Se alguns erros tradicionais continuaram a existir, ficou bastante claro para os torcedores presente que, ao menos, um dedo claro de Muricy começa a aparecer à vista, quando se trata da atitude da equipe. O perfil sonolento dos jogos contra Grêmio e Ceará ficou para trás. O time mostrou muito esforço e luta, que foram decisivos para uma vitória que não era obtida na técnica. E sabemos dos erros que ainda vão perdurar, mas o mais importante é pontuar gradualmente até a interrupção do campeonato, por conta da Copa do Mundo; até lá, conseguindo estar na parte intermediária da tabela, o Fluminense terá praticamente uma nova pré-temporada e, a partir de então, poderemos dar a arrancada que tanto sonhamos rumo ao topo da classificação.

Num Maracanã de agradável temperatura e pequeno público, tendo em vista a insegurança que ainda atormente a torcida do Fluminense com o time, o jogo começou com os nossos partindo para cima, mesmo que sem sucesso. Reitero que esta foi a característica mais importante a se perceber durante todo o jogo: a dedicação, a garra. Mesmo limitado tecnicamente e ainda sob as ausências de Fred e Alan, nosso time utilizou ao máximo o status de mandante e colocou pressão no jogo. Em certo momento, nossos erros eram mais visíveis porque, ao imperar no ataque, deixávamos espaço para investidas do rubro-negro e, por sua vez, nossa defesa ainda bate cabeça em determinados lances. Porém, deve ficar claro que a atitude do jogo foi toda do Fluminense: logo de cara, Conca acertou o travessão, André Lima perdeu gols e o estreante Rodriguinho era um azougue a infernizar a defesa do Atlético, E, contrariando todas as expectativas recentes, quem apareceu muito bem foi o lateral-esquerdo Julio César, provavelmente já procurando demarcar território com a possível chegada de outro jogador para sua posição. Diogo entrou com a garra de sempre. Entre erros e acertos, nossa balança tendia para o positivo, mas as falhas individuais comprometiam, principalmente nos passes, o que engessava nossa munição de ataque. Até Marquinho, que tem sido marcado pelos erros bobos, veio bem, fazendo boa ligação da defesa com o ataque, apesar de seus chutes serem vacilantes. Quem destoou, ao contrário de jogos anteriores foi Diguinho, que não teve uma tarde boa: errava tudo o que tentava. Passava o tempo e o gol não saía, ainda mais diante de um time como o Atlético, que provavelmente vai complicar a vida de muitos times grandes na competição; além contar com o veterano técnico Geninho, campeão brasileiro em 2001, ainda tinha em campo dois ex-Tricolores: Rodrigo Tiuí e Elias. Apesar do nosso absoluto predomínio em campo, cuja não tradução em gols chegou a irritar nossa torcida, uma das jogadas mais perigosas de gol foi feita pelos goianos, ao fim do primeiro tempo, explorando a nossa dedicação no ataque: veio a réplica, Elias livre na frente do gol fuzilou Rafael, que defendeu com os pés e evitou a abertura do escore; assim, o goleiro mostrou que começa ao voltar aos seus melhores dias, inclusive ao se notabilizar no lance com uma defesa típica de seu reserva.

Terminou a primeira etapa. Se não tivemos uma atuação bela, pressionamos o adversário asperamente, mas o gol não saiu. Era seguir em frente.

Na volta para o segundo tempo, o Fluminense não arredou o pé de sua condição de mandante e manteve o Atlético emparedado em seu campo de defesa. Novamente Conca acertou a trave, em belíssima cobrança de falta, e obrigou o goleiro Edson a fazer uma defesa com os pés no lance seguinte. E assim foi durante praticamente toda a metade do segundo tempo: um jogo de ataque contra defesa, mesmo que o Fluminense parecesse até desorganizado – na verdade, era a avidez pela vitória. Quem espera sempre alcança, até que aos vinte e quatro minutos, Mariano, sempre ele, deu arrancada pela direita e colocou a bola na diagonal esquerda para Marquinho, livre. O chute não saiu com tanta força, mantendo a tendência vacilante, e o goleiro Edson chegou a tocar na bola, mas ela ganhou as redes, mansamente, no canto esquerdo e o Maracanã explodiu num misto de alívio e alegria. A seguir, a justa expulsão do limitadíssimo zagueiro Welton Felipe amenizou um pouco a força que o Atlético tinha nos contra-ataques, sempre causando perigo à nossa atabalhoada defesa. A partir do gol, não houve grandes modificações no panorama: o Fluminense era o senhor dos ataques, embora em ritmo menos alucinante, e o Atlético ameaçava nas respostas, mais por falhas nossas do que por mérito deles, propriamente. Felizmente, não foi o suficiente para nos alvejar e a vitória pelo placar magro foi conquistada, com sabor de goleada.

Vencer ontem não mascarou nenhuma das deficiências que Muricy terá que trabalhar – e bastante – para corrigir no time. Muita, mas muita coisa precisa ser acertada. Agora, até por uma questão psicológica, vencer ontem por um décimo a zero já seria importante, principalmente depois da desclassificação na Copa do Brasil. O grupo voltou a ter moral, aos poucos as instruções de Muricy vão funcionando e, principalmente, depois de partidas tíbias sob o novo comando, o Fluminense mostrou atitude, mostrou vontade e venceu por isso. Repito: precisamos de equilíbrio gradual, subir aos poucos. Semana que vem, teremos Fred e Alan de volta. Novos reforços podem chegar a qualquer momento. O que precisamos é pontuar o máximo de partidas até a interrupção. Tenho absoluta confiança que, com um mês de treinamentos, o Fluminense deixará de ser o alvo de dardos da imprensa para se tornar um real postulante à América. Podemos mais do que isso, talvez. Basta ver os outros times, grandes favoritos da imprensa: têm elencos tão superiores ao nosso? Na beira do campo, treinador é o que temos de sobra. Não há por que esconder nossas limitações, mas com alguma melhora técnica, reforços e a garra de ontem, fica claro que o Fluminense do segundo semestre será um time de briga pelo alto da tabela: tem tudo para isso. Não se surpreendam os arautos da objetividade.


Paulo-Roberto Andel

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