Friday, May 14, 2010

GRÊMIO 2 X 0 FLUMINENSE (05/05/2010)


Amarga despedida (06/05/2010)


Nenhuma eliminação é confortável, por mais que pareça provável. Não é simples para o torcedor que ama seu clube vê-lo alijado da disputa de um título, mesmo que a louca correria do futebol passe de competição para competição. É o que nos acontecerá agora: acabamos de nos despedir da Copa do Brasil e o campeonato brasileiro de 2010 já nos espera, sem folga. E foi uma despedida amarga: mesmo tendo sido inapelavelmente batidos pelo forte time do Grêmio, ficou no ar – mais uma vez – que o time do Fluminense tinha cacife para mais do que isso que vimos. Tem sido assim. Ano passado, quando promovemos a virada das viradas, rebaixando matemáticos e tresloucados comentaristas, a brisa indicava que, se tivéssemos começado arranque até para uma vaga na Libertadores. Este ano, em momentos decisivos, perdemos nos pênaltis para um Vasco a quem dominamos em campo; depois, o Botafogo, com calma, nos impôs uma virada depois de termos perdido a chance de golear. E agora, nesta Copa do Brasil, mesmo sem ter jogado uma partida sequer que justificasse a nossa posição de favoritos - ou ao menos um dos favoritos -, contávamos com a força de Fred nos momentos decisivos, mas ele e Alan sucumbiram temporariamente frente à inacreditável onda de apendicite que malversou o Tricolor. O Grêmio venceu com autoridade no Maracanã e no Olímpico Monumental, não nos cabe contestar. Mas fica o velho gosto que tem nos perseguido: bater na trave em momentos decisivos. A esperança agora está na força de Muricy, o discípulo do nosso velho Telê, em reconduzir o time de guerreiros ao caminho de pódio.

Para quem imaginava um Fluminense acuado diante da força gremista no primeiro tempo, o erro foi crasso. A partida foi muito equilibrada e tivemos algumas chances reais de gol, todas desperdiçadas porque o nosso craque da finalização está em repouso pós-hospitalar. Fica claro que, sem Fred, a força ofensiva do Fluminense é outra. Não é o caso de crucificar André Lima, esforçado, ou mesmo o menino Wellington, mas Fred é Fred – o matador, o craque de seleção brasileira, cujo desfalque foi de um peso incomensurável. E, mesmo com o equilíbrio da primeira etapa, ficava claro que o prejuízo era somente nosso: afinal, com a boa vitória conseguida no Maracanã, o Grêmio não precisava se preocupar com uma forte postura ofensiva; bastava-lhe administrar o resultado com eficiência. Nós, jogando fora de casa contra um adversário que não é batido em casa há anos, não podíamos nos contentar apenas com uma partida equilibrada. O resultado é que, embora fosse visível ver progressos em relação ao desastre do Maracanã, o cômputo geral era insuficiente para nos levar adiante. E, como pudemos ver, depois do primeiro tempo o que se viu foi o Fluminense sucumbindo lentamente à medida que o time gremista acelerava sua força ofensiva. A rigor, afora a melhora do conjunto, cabe um leve elogio aos avanços de Adeílson, transformado em uma espécie de ala-esquerdo, que tentou algumas jogadas, mesmo não tendo os recursos técnicos necessários para cumprir bem essa função. Enfim, tentou e, com isso, já foi superior ao que Júlio César tinha feito noutras partidas. De toda forma, reitero: era pouco para quem precisava de uma vitória maiúscula, feito aquelas que tivemos no final do ano passado, aquelas maravilhosas contra São Paulo e Boca Juniors na Libertadores de 2008 e assemelhados.

Findo o intervalo, ficou claro que uma virada feito alguma daquelas não aconteceria ontem.

Quem voltou cada vez mais ofensivo e buscando o gol que consolidaria a classificação foi o Grêmio. Nós, aos poucos, perdemos espaço em nossa própria intermediária, e passamos a jogar em contra-ataques. Num deles, não bastasse a astúcia gremista, ainda tiveram uma finalização de ouro, em belíssimo chute de Hugo, na diagonal esquerda, de fora da área, fuzilando o ângulo direito de Rafael e abrindo o marcador. Se a coisa já estava difícil, aí azedou de vez. Decaindo em campo, sem um banco de grande força, sem alternativas, sem Fred e com as estatísticas completamente contra si, o Fluminense ensaiou seu canto de cisne na Copa do Brasil. Sete minutos depois, Jonas, livre, sacramentava o segundo gol e liquidava a fatura. O Tricolor estava eliminado. Dali até o fim do jogo, foi um Grêmio tocando a bola e nosso time sem força para reagir.

Em maio, sentimos mais um gosto amargo: o de pensar que, talvez, nosso time pudesse ter condições de ir à frente, de ganhar um título nacional, de voltar à América. Não era nesta Copa do Brasil. As duas derrotas para o Grêmio nos servem de boa lição, de noção das nossas limitações. É certo que temos bons jogadores, mas no papel o Fluminense tem sido um e, no gramado, outro. Agora, temos um dos maiores treinadores do Brasil, mas vai levar algum tempo até que tenhamos uma equipe azeitada. E inegavelmente precisamos de reforços. Dario Conca precisa de um companheiro para revezar o municiamento do ataque. A lateral-esquerda está vaga. E o ataque, sem Alan e Fred, não é bem um ataque.

O tempo é curto, não há o que esperar e nem há jeito de lamentar. Domingo, começa o campeonato brasileiro. Pela frente, o recém-chegado Ceará, em seus domínios. Começa um rol de batalhas difíceis. O torcedor do Fluminense não merece novos suplícios. Precisamos brigar na tabela, mas pela parte de cima. Hoje, há muito a fazer, mas serão sete jogos até a interrupção da competição por conta da Copa do Mundo. Então, teremos uma nova “pré-temporada”. E desta vez temos Muricy Ramalho no comando.

A hora é de acreditar.

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