Friday, July 14, 2006

Grand Finale!

Sim, eu imagino, com toda a razão teremos nos próximos dias muitos torcedores vociferando contra Vasco e Flamengo. Ambos, em suas reestréias, foram verdadeiros fiascos no campeonato nacional, goleados que foram por Palmeiras e Paraná, respectivamente.

Para piorar, o clássico dos milhões terá edição no próximo domingo, no início da noite fria. A expectativa de público é, naturalmente, das piores.

Até aí, não há como dar louros ao match. Contudo, três dias depois, o jogo terá nova repetição, e esta é para valer: tratar-se-á da primeira partida da final da Copa do Brasil e que, além do título em jogo, fornecerá uma vaga para a Copa Libertadores de 2007.

E com isso, amigos, tudo muda. Tudo.

O Maracanã não estará lotado até a última gota do garrafão, feito os tempos de Zico e Roberto, mas terá todos os seus lugares ocupados.

É a volta das torcidas, com suas cores e cânticos, em raro show de beleza que só os freqüentadores das arenas futebolísticas podem entender.

Sabemos que o futebol carioca não tem honrado a tradição de conquistas e supremacia nacional. O esvaziamento da cidade repercutiu nos clubes, e tivemos tempos muito difíceis, que ainda vão perdurar com seus rescaldos. Em termos nacionais, tivemos rebaixamentos, muitas ameaças e escassos títulos nos últimos dez anos.

A confusão administrativa dos clubes levou as equipes à penúria, salvo momentos pontuais.

Porém, tudo vai ficar de lado entre as duas próximas quartas-feiras. É decisão. É título em jogo, título nacional disputado por duas agremiações cariocas.

Em campo, não há mais os craques do Flamengo dos anos oitenta, e nem os do Vasco dos anos noventa. Mas a mística do clássico é inabalável e há de perdurar por duzentas mil primaveras.

Nelson Rodrigues, o maior tricolor de todos os tempos, certa vez escreveu que haveria um dia em que a camisa do Flamengo poderia jogar sozinha, sem um time. Creio que isso também valha para o Vasco.

Não importam os dirigentes nefastos, nem os maus resultados recentes, mesmo as campanhas não convincentes dos últimos anos. Deixemos de lado a má fase.
É hora de festa, de alegria, de estádio colorido e de dois jogos que, se não forem capazes de exibir no campo o brilho de outrora, certamente escreverão mais um capítulo da história que é feita para não ter fim, a história de mais uma decisão importante envolvendo duas biografias centenárias; duas camisas inesquecíveis; duas paixões populares que imaginam-se digladiando permanentemente mas que, na verdade, são pura simbiose.

A Colina encara a Gávea. Vejamos o que virá.

Paulo Roberto Andel - 14/07/06

No comments: