Sunday, February 25, 2007

A outra Venezuela de Chávez

Ontem, Flamengo e União de Maracaibo enfrentaram-se no Mário Filho, pela Taça Libertadores.
Para os da Gávea, a empolgação em jogar no seu campo nativo pela cobiçada taça latina. aliás, deveria ser de todos. O estádio encontra-se muito bonito, com principal destaque para o setor de cadeiras, com vista esplêndica. Maracanã é a casa de Fluminense, Flamengo, Botafogo e, queira ou não Eurico M., Vasco.
Jogo na quarta-feira de cinzas, preços salgados e o imposto horário de pós-novela, quase dez da noite, com transmissão direta. Calor. Ainda assim, mais de trinta mil pagantes, o que nos dias de hoje pode ser considerado um excelente público. De toda forma, não entendo porque não fizeram um descontão para que a massa rubro-negra lotasse as arquibancadas para uma grande festa, equivalente a que ocorreu nas quatro linhas.
Festa? Sim.
Descontando-se hipérboles como a de se jogar praticamente no Monte Everest para satisfazer o sadismo das federações de futebol sulamericanas, com a anuência e cabeça baixa da CBF, é sabido publicamente que nenhum Maracaibo, com todo o respeito que mereça, tem como oferecer resistência ao Flamengo no Maracanã, mesmo que o Rubro-Negro estivesse, como estava, vindo de uma acachapante goleada para o Madureira por 4 x 1 . Reitere-se que um jogo à quarenta graus de sábado, em Bangu, com quatro gols de Marcelo, após o enorme cansaço da ida-vinda boliviana, é por demais atípico e explica o fracasso momentâneo. Claro, contudo, que o Maracaibo não é o Madureira, não tem um zagueiro-zagueiro como Odvan, a veterana maestria de um Djair e mesmo os gols do atrapalhado Marcelo, de quem nós, de Laranjeiras, bem lembramos.
O goleiro Angelucci foi até bem, embora tenha sido lento no primeiro gol do Flamengo, após chute distante do certeiro Renato. Vantagem no placar, a Gávea fez o que quis: caminhões de gols foram perdidos incessantemente, um atrás do outro. Mais dois gols de cabeça, com Souza e Obina, encerrou o primeiro tempo vencendo por três - e não seria injusto se fosse por seis ou sete. É realmente pouco a dizer para a massa flamenga: apenas um massacre, mas não aquele massacre opressor, destruidor, mas sim um massacre light, ponderado, constante mas calmo. Praticamente um coletivo.
Quando voltou para o segundo tempo, ainda sob os reflexos Rio-Bolívia-Bangu, era natural que o Flamengo viesse mais relaxado, e foi o que aconteceu. Apesar de esparsos ataques do modestíssimo time venezuelano, nada aconteceu que realmente pudesse apavorar qualquer Rubro-Negro, por mais tresloucado que fosse. Um ou outro chute quase perigoso, nada mais. Nos minutos finais, talvez empolgados pela chance de consolidar um goal em pleno Maracanã e, claro, com o jogo perdido, os maracaibos partiram para a frente e até conseguiram, numa bobeada da defesa da Gávea, o chamado gol de honra. E só. Com 3 x 1, e pelo que foi a primeira etapa, saíram lucrando e muito. Barato para eles.
Com opiniões contra e a favor, é certo que a terra de Chávez tem seu valor. Contudo, sejamos sinceros: em termos de futebol brasileiro, jamais serão páreo.
Paulo Roberto Andel, 23/02/2007

No comments: