Wednesday, July 15, 2009

CORINTHIANS 4 X 2 FLUMINENSE

Aos pés do craque (08/07/2009)


Amigos, esta não tem sido uma temporada fácil para o Fluminense, definitivamente. Nosso jogo não tem encaixado; vivemos um tempo de enorme irregularidade e, no campeonato brasileiro, isso custa caro. Mais caro ainda quando se enfrenta um craque, e foi o caso de hoje: Ronaldo, com seu Corinthians ao lado. Foi um grande jogo, e nele tivemos de tudo: a possibilidade de tomar uma goleada acachapante; a reação gloriosa que quase nos leva a um empate heróico e, por fim, o golpe fatal imposto pelo maior artilheiro das copas do mundo. Perdemos e não estamos satisfeitos, mas fomos coadjuvantes de uma grande batalha.

Nas partidas realizadas recentemente entre o Tricolor e o alvinegro do Parque São Jorge, o equilíbrio foi muito grande. Pela Copa do Brasil, perdemos por um a zero no Pacaembu, onde o empate teria sido mais justo. E empatamos no jogo de volta, no Maracanã, quando aconteceu nossa desclassificação. Ronaldo teve seus lampejos de craque; bem marcado, no entanto, não marcou. Desta vez, foi muito diferente.

A partida foi a única disputada pela competição brasileira hoje, de modo que todo o Brasil deu-lhe atenção. E a fidalguia apresentada na entrega das faixas aos campeões da Copa, por nós feita, dava um sabor de fraternidade ao jogo que durou até o último apito de Heber, exceto pelo baixo calão do futebol de Christian.

Começou o jogo e vimos um Fluminense tocando a bola ofensivamente e com autoridade. Depois de atuações tíbias, a derrota no último momento para o Avaí e os empates zerados contra Flamengo e Grêmio, era hora de reação. E parecia que ia dar, pois o Tricolor tinha mais posse de bola, pressionava o campo de defesa do Corinthians e as finalizações aconteciam – Fred chegou a fazer um belo gol de cabeça, corretamente anulado por impedimento milimétrico, além de outras duas finalizações perto do gol. Éramos os senhores. Mas aí, meus amigos, o craque aparece – aparece e não deixa pedra sobre pedra. Então, na primeira bola em que entrou com liberdade no ataque, e ainda contado com a insistência de marcação em linha da zaga Tricolor, Ronaldo entrou e venceu Ricardo Berna com toda categoria, matando a bola no canto direito do nosso goleiro. O Corinthians abria o marcador e, pelos dez minutos seguintes, mesmo apresentando um bom futebol, o Fluminense foi vítima de um verdadeiro pandemônio. Veio o pior, e o medo de uma sonora goleada. Os mosqueteiros marcaram mais dois lindos gols. O segundo da série, para muitos, foi o gol mais bonito de todo o campeonato: uma linha de passe, com três toques de primeira, numa tabela começada por Ronaldo, que passou para Christian e este, para Dentinho finalizar novamente à direita de Berna. Uma jogada primorosa, que mostra como Christian poderia ser um jogador melhor ao priorizar a técnica em vez das botinadas, como o chute no peito de Diguinho. Um psicólogo também lhe faria bem. Volto ao jogo: o terceiro gol foi um Scotch 12 anos de Ronaldo: a velha arrancada pela esquerda, a matada na bola, o drible desconcertante em Edcarlos que desabou feito um sarapatel e a bola, mansa, pela terceira vez no canto direito de Berna. Era o três a zero e uma goleada assustadora. Incrível: jogávamos bem, ofensivamente, tocando a bola, perdendo gols e o Corinthians nos trucidava em ritmo de treino. O primeiro tempo terminou com o que poderia ser uma faísca de nossa reação: Leandro entrou livre pela direita, tinha grande chance de fazer o gol, mas o impedimento foi marcado erradamente.

Quando veio a segunda etapa, claramente o time do Corinthians sofreu a natural acomodação que acontece a todo time com grande vantagem no placar. O Fluminense, timidamente, se lançava ao ataque talvez em busca do gol de honra, talvez em busca de uma reação improvável. Parecia um rol de tentativas inócuas, até perto dos trinta minutos de jogo, quando Conca percebeu espaço no miolo corinthiano, arrancou com a bola sozinho sem passar aos companheiros teoricamente impedidos e, livre, fez um golaço, finalizando com violência na esquerda alta do goleiro Felipe. Um gol de força e raça, que serviu de lampejo para o Fluminense e mostrou ao Corinthians que era cedo demais para se administrar um resultado. De toda forma, reagir ainda era difícil. Parreira não hesitou: lançou o time inteiro de vez para a frente, fazendo três alterações e procurando mais velocidade. A posse de bola era nossa de novo.

Minutos depois, o menino Alan, talvez a mais provável consolidação das chamadas promessas de Xerém, que tinha acabado de entrar no jogo, invadiu com categoria pela esquerda do ataque, driblou Felipe secamente e fuzilou a meta. A bola bateu no zagueiro Diego e entrou. Era o segundo gol e a chance de reverter uma goleada terrível num resultado digno. Ali, a menos de quinze minutos do fim, novamente o Fluminense dava as cartas de vez na partida, sendo candidato ao terceiro tento.

Embora não tenha decidido o jogo com seu erro calamitoso, o árbitro Heber, que há muito tem uma enorme coincidência de erros nas partidas contra o Fluminense, praticamente selou a vitória do Parque São Jorge: numa falta clara em cima de Fred em cima da risca da grande área, mandou o jogo seguir. Fred, erradamente, carregou nos palavrões e foi expulso. Um erro de jogador que não se justifica, mas se explica: nosso jovem artilheiro não tem marcado os gols; acontece uma chance capital de empate numa infração, e o árbitro dá de ombros? Na hora em que poderíamos igualar as ações, fomos alijados por um erro cuja nascente foi a falha arbitral de Heber. E não é de hoje.

O craque, que nada tem a ver com isso, não perdoa: mata! Decide.

Houve um cruzamento da esquerda corinthiana e um chute. Berna espalmou. A bola cruzou toda a frente da defesa, sem que os zagueiros do Fluminense a espanassem. Ronaldo vem de frente para a bola. Olha a posição do goleiro. Bate de peito de pé, em curva, para tornar a defesa impossível, e acerta o ângulo esquerdo. Um golaço. Estávamos definitivamente derrotados.

Tivemos falhas, principalmente na defesa. Não podíamos levar os gols que levamos. Mesmo assim, quase chegamos a um empate sensacional. Tivemos posse de bola, atitude, ofensividade. O que deu errado?

Não venham culpar Parreira, nosso ídolo. A culpa é do craque. E, hoje, ao contrário do que costumeiramente foi um dia, ele não tem a nossa camisa. Está do outro lado. Não perdoa. Mata! E decidiu. Por isso é que, um dia, denominaram-no de Fenômeno.


Paulo-Roberto Andel, 08/07/2009

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