Friday, July 17, 2009

INTERNACIONAL 4 X 2 FLUMINENSE

Queda livre (16/07/2009)

Quando encerrei minha crônica no domingo, depois da catastrófica derrota do Fluminense para o Santo André, no Engenhão, imaginei que momentos difíceis estariam por vir. Afinal, a famigerada zona de rebaixamento se tornara uma realidade; além disso, Parreira tentara tudo o que podia para reverter a situação em campo, mas a atuação do Tricolor foi abaixo da crítica. Qual o resultado? Simples: demitiram Parreira.

Em futebol, a pressão é muito grande e o que garante a permanência de um treinador é a sua performance. Se, no momento, o padrão do Fluminense era ruim, qualquer torcedor, com razoabilidade mínima, sabe que o problema não estava exclusivamente com Parreira. Acusam-no de ser frio e “sem alma”. Bom, e quando ganhou títulos e títulos nos anos setenta e oitenta, era também? Logo, os argumentos não se sustentam. Mais ainda, se demitir um ídolo do clube é imprescindível, porque não ter alguns cuidados? Por que não preservar nossa história? Mais uma vez, os homens das Laranjeiras andaram de costas para a memória do Fluminense. E a solução adotada foi a efetivação do auxiliar Eutrópio como treinador. Não quero aqui crucificar o jovem profissional, mas entendo que o Fluminense não pode ser vir de laboratório para iniciantes, ainda mais num momento de crise profunda como agora – onde não cabia uma experiência como,por exemplo, a de Ruy, o Cabeção, recém-chegado à nossa casa, se transformar no camisa dez do time e coordenador das jogadas.

Então, sem Parreira e com o time em frangalhos, fracassando em aspectos individuais, o Fluminense voltou a campo para enfrentar o Internacional de Porto Alegre no Beira-Rio. Em síntese, uma parada duríssima para qualquer time em boa fase, quanto mais para nós. Mais uma vez, fomos atropelados de saída; mais uma vez, reagimos; mais uma vez, o adversário nos atropelou vigorosamente e fomos goleados. A culpa tem muitos sócios neste caso; não se trata de um monopólio de Parreira.

O primeiro tempo foi uma reprise do jogo de semana passada, contra o Corinthians; também reprise do outro jogo contra o Parque São Jorge, no Maracanã, pela Copa do Brasil; mais ainda, reprise do primeiro tempo contra a Gávea, pela Copa Rio. Um atropelo sem apelação. Os colorados fizeram dois gols e poderiam ter feito muito mais. No primeiro, depois da bola parada na esquerda do ataque, contaram com a apatia de nossa defesa, parada e receptiva: quatro jogadores do Inter assediaram Ricardo Berna quando o zagueiro Sorondo cabeceou para inaugurar o placar. Pouco tempo depois, um belíssimo gol de Andrezinho, encobrindo o adiantado Berna, aumentou o marcador. Os saudosos do goleiro-que-defende-com-os-pés vociferaram. Uma sonora bobagem. Berna tem sido obrigado a jogar mais adiantado justamente pelo caos estabelecido em nossa defesa; a todo instante, se coloca para sair com os pés. Andrezinho percebeu antes e fez um lindo tento.

Entre os gols, a verdadeira ducha de água fria no Fluminense. A expulsão de Fred, num lance bobo com o sempre violento Magrão, numa disputa que em o cartão amarelo seria suficiente. O exagero do árbitro Roman naturalmente custou muito mais caro a nós: Fred é infinitamente superior a Magrão. Prejuízo no bolso, descemos para o vestiário com mais uma derrota na cachola.

No segundo tempo, com o resultado na mão, o Inter naturalmente relaxou. É o que normalmente acontece em situações assim. Só que relaxou demais e, em um minuto o Fluminense empatou o jogo. Aos vinte e sete, uma bela conclusão de Ruy, encobrindo Lauro após uma falha na saída de gol, acertando o ângulo esquerdo. Vinte e oito, cabeçada rara de Conca, no canto direito, de cima para baixo. Apesar das alterações, com resultado quase inócuo, o Fluminense chegou à igualdade mais pela raça e vontade do que propriamente por qualquer evolução, seja de ordem tática ou técnica.

Seria honroso o empate, caso consolidado. Uma virada traria um outro astral ao Fluminense. Porém, mesmo com vários volantes, sabemos que, de nossa intermediária para trás, tudo é frágil, tênue; os adversários têm dominado as partidas e feito os gols como bem querem. Mal segurava a igualdade em dois, e sofremos o terceiro gol em belo chute do jovem Taison – chute muito bem dado, mas incentivado pela facilidade em avançar livre no nosso campo. A bola no canto direito baixo de Berna, que nada pode fazer. O jogo estava decidido.

Ainda houve tempo para mais um gol, que certamente é uma demonstração da nossa atual situação: o ataque gaúcho entrando livre para esquerda até Taison, novamente, tocar para o gol vazio e sem marcação.

Mais uma vez, uma goleada contra nós.

Temos perdido por conta do treinador ou por conta das nossas gritantes falhas individuais?

Nosso time é realmente bom ou apenas um arremedo do que a imprensa escreveu no começo do ano?

Nossa luta é para uma plena recuperação ou contra a dramática zona de rebaixamento?

Mais um capítulo da novela no próximo sábado, no frio início de noite, contra o Goiás.

E que novela!

Paulo-Roberto Andel, 16/07/2009

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