Monday, November 16, 2009

Treze anos depois, a verdadeira virada (16/11/2009)

Meus amigos, não há tempo para respirar. Não há tempo para uma soneca relaxada. Vivemos o auge de uma obsessão catalânica, chamada de “vencer”. E não há tempo para mais nenhuma falha: assim, seguimos impecáveis em nossos dois objetivos, que são assassinar o descenso e reconquistar a América por direito. Depois da atuação impecável de quarta passada, na monumental vitória sobre os paraguaios do Cerro, com o espetacular gol de Fred, veio o Fluminense a campo diante de nossa fanática torcida para o jogo contra o Atlético Paranaense. Não havia outra alternativa que não uma vitória catalânica; meu amigo Tiba, sempre ponderado, dizia em nossa preliminar no Caçador da Tijuca que precisaríamos de muita calma, pois a Sub-Gávea viria fechadíssima e buscando o empate. O conterrâneo de Rick Vallen acertou na mosca, como já fez muitas vezes nesses vinte e poucos anos de nossa amizade. Foi duro e difícil, mas o Fluminense de hoje é um obcecado pelo triunfo. E vencemos mais uma vez. E Fred chegou aos dez gols em dez jogos.

Antes da partida e também da maravilhosa festa de pó-de-arroz feita pelos nossos, tive momentos de alegria e saudade. O primeiro deles, ao rever o casal 20 em campo: Assis e Washington. Quem viu, jamais esquecerá! Títulos, títulos e títulos. Quem é da Gávea sabe muito bem ao que me refiro. A torcida Tricolor não fez por menos e, nos corredores do estádio, abarrotou as urnas com donativos em espécie para o “Negão” que cansou de fazer Laranjeiras tremer com o orgasmo da vitória. Eu vi Assis e Washington há vinte e cinco anos atrás, mas parece que foi outro dia: como disse a meu amigo, o Presidente Sussekind, o tempo do Maracanã não se mede nos ponteiros do relógio, mas nas emoções. Não se esquece o grande título, o grande gol, a vitória implacável. Outra felicidade enorme foi rever meus camaradas Marcelo Vivove, Gustavo Reguffe e André Sérgio Braga in loco, todos jovens leões do Instituto de Matemática e Estatística da UERJ nos anos oitenta e noventa. Todos jovens leões da fanática massa Tricolor. Algo me diz que estaremos todos juntos no topo da América.

Quero falar de treze anos atrás. Abrimos mão do Maracanã. Foi um dia terrível. Uma enorme confusão, a quase morte do goleiro Ricardo Pinto no gramado que tantas vezes lhe acolheu – e que ele tratou com desdém. A derrota naquele jogo nos custou o descenso nas rodadas seguintes, com direito a uma das mais vergonhosas atuações de um time na história do futebol brasileiro: quando o Atlético Paranaense entregou o jogo para o Criciúma visando nossa queda, aos risos de alegria de sua torcida comemorando os gols que seu time sofria. E depois, as falácias dos levianos de imprensa nos tentam impor pechas de “viradas de mesa”, como se perder de propósito não fosse vil e covarde, além de abominável esportivamente falando. De lá para cá, muitas águas já rolaram, eles nos eliminaram de um campeonato brasileiro, nós os eliminamos de uma Copa do Brasil que vencemos com louvor. E, nestes treze anos, jamais o Atlético enfrentou o Fluminense diante de um Maracanã de verdade: lotado com a beleza da torcida Tricolor. Treze anos depois, veio a verdadeira virada de mesa: vencemos a tudo e a todos, lutando com todas as forças contra o descenso. Faltam três jogos. E parece que vamos conseguir. Melhor dizendo, conseguiremos!

Sucedeu um jogo difícil. O Fluminense não podia ser todo ataque devido ao desgaste enorme provocado pelas últimas partidas; por sua vez, o Atlético era todo retranca, ao estilo de Antonio Lopes, buscando o empate com a cadência do jogo. Porém, aos dezessete minutos, após belo passe de Conca e uma arrancada espetacular de Maicon pela ponta-esquerda, feito uma jogada de antigamente, veio o cruzamento para o meio da área. Lá estava Fred, e Fred não perdoa: um carrinho vigoroso e o décimo gol em dez jogos. Para os que dele duvidaram, a saliva engolida toma sabores de supositório. E foi pouco: ainda tivemos chance de marcar ao menos dois gols na primeira etapa, bem-evitados pelo excelente goleiro Galatto.

Na etapa final, chegamos a recebe um susto num chute dos Atléticos, que passou perto da trave direita de Rafael. Eles precisavam atacar e, por conta disso, nos ofereciam espaços generosos. O jogo ainda era nosso e, aos dezoito, após um passe ESPETACULAR de Darío Conca, matando a defesa, Maicon encobriu Galatto e a bola morreu mansa no gol paranaense. Era a vitória à vista, que foi consolidada não com o nosso segundo gol, mas sim a dez minutos do fim, quando eles fizeram o gol de honra. Explico: o placar de dois a zero é sempre temerário, pois o time perdedor pode reagir ao fazer um gol e empatar uma partida perdida, fato comum nessas ocasiões. E, se fosse o Fluminense com os nervos à flor da pele de setembro ou agosto, este gol deles teria sido uma tragédia. Mas hoje o Fluminense é tão frio quanto um agente 007. O gol em nada nos abalou. A posse de bola foi nossa até o fim da partida, sem maiores problemas.

Mariano, com a raça de sempre, quase faz um gol entrando pela meia-esquerda. Antes do segundo gol nosso, Fred perdeu um que não costuma. A defesa, sempre segura; Marquinho entrou no lugar de Dieguinho e deu conta do recado. Seguimos nossa caminhada de luta rumou ao topo. A maior virada de mesa do futebol brasileiro: a imprensa esportiva não dava um níquel pela camisa do Fluminense. Os Kfouris e Renatomaurícios seguiam com suas piadinhas de gosto raso, junto do Paulo César de tal. E agora? Que usem anti-ácidos efervescentes nas bocas mundanas! Kfouri é imperdoável, porque conhece de futebol, mas se meteu a empunhar uma bandeira rasteira de anos atrás contra nós: conhece futebol e sabe muito bem do que reza a história do nosso Tricolor. Os demais, nem creio: em geral, sofrem de recalques típicos de torcedores, desonrando a própria profissão que lhes exige ética e isenção, ao lembrarem de grandes derrotas de seus times para o Tricolor. Eles querem ser os maiores do mundo, mas se esqueceram de combinar com os veteranos de 1902 que fundaram o futebol brasileiro – e, por isso, fracassaram.

O Fluminense desafiou o impossível. Era o último colocado e hoje, depende somente de si: com três vitórias, estará salvo. Está a dois pontos de sair da zona de descenso. Meus amigos, eu vos pergunto: quem terá a coragem de afirmar, hoje, que o Fluminense está rebaixado? Quem será o pascácio que empunhará a bandeira dessa causa praticamente perdida?

O Tricolor voltou. Saiam da frente.

Entramos em campo com todo o respeito na quarta, contra o Cerro, mas sinceramente já vendo a chance da grande final. E com toda a atenção contra o Sport em seus domínios, independentemente da posição em que está. A empáfia não nos polui: ainda temos três grandes batalhas. Mas quem conhece de futebol certamente sabe que, hoje, em novembro, somos os favoritos.


Paulo-Roberto Andel, 16/11/2009

1 comment:

Lau Milesi said...

Paulinho,e voltou em grande estilo. Neeense. Estou assistindo, nesse momento, na ESPN, a imprensa "questionando" o Fred "brilhante"(adoro aqueles brilhantinhos que ele usa)[rs] sobre o caminho que ele irá tomar em 2010: Copa da África, Seleção...
Neeeeense.
Beijosss :)