Tuesday, December 01, 2009

A SEMANA DECISIVA (01/12/2009)



Os últimos meses têm sido um misto de agonia e glória para todos nós, Tricolores.

Amamos este time do fundo de nossas forças e, de tanto sermos vilipendiados pela ma-fé da imprensa marrom, somada ao fato de desempenharmos então uma campanha ruim no campeonato brasileiro, era natural que muitos de nós caíssemos em total descrença com o futuro. Era um time massacrado, humilhado e malversado onde quer que fosse. Mas demos a volta por cima, e que volta: especialistas da matemática (mas leigos em futebol) davam conta que tínhamos 98% de chances de descenso no ano que vem. Pois bem, treze rodadas depois, a chance de é 20%. Pela primeira vez em vinte e seis jogos, o empate - e não a vitória - elimina por completo qualquer possibilidade de queda. E, na arrancada que temos dado nestes dois meses e meio recentes, somos favoritos à manutenção em nosso devido lugar, que sempre foi, é e será na primeira divisão do maior futebol do mundo.

Os próximos dias serão decisivos. Tenho grande fé de que, daqui a uma semana, todos os louros sejam nossos. Sabemos que o jogo do Couto Pereira será uma grande batalha, mas o Fluminense de hoje é um time de guerreiros: em campo, no banco de reservas, na comissão técnica e, principalmente, nas arquibancadas, de onde tem ecoado toda a nossa força para dentro de campo. E, antes de domingo, uma nova decisão pela frente, com um velho adversário, tido como grande favorito pelo placar que obteve no primeiro jogo da final da América.

O futebol já nos ensinou muitas vezes que o conceito de favoritismo é bastante relativo. Quantas vezes um time com a faca e o queijo na mão não fez o sanduíche? Ninguém está sendo enganado; sabemos que, em qualquer lugar do mundo, tirar uma diferença de quatro gols é sempre muito difícil. Agora, impossível jamais será – não estamos tratando de ciências exatas, mas ocultas.

Não me apego à monumental galeria de títulos do Fluminense para confiar numa grande virada amanhã; ela já diria por si somente. Sempre lembro de 1991: precisávamos de cinco vitórias seguidas para chegar às semifinais da competição. Há quase vinte anos, a imprensa já era tão galhofeira como hoje. Conquistamos cinco triunfos e a vaga; não chegamos ao título, mas aquele exemplo de superação é uma bandeira permanente. E o que dizer de agora? Tinham nos rebaixado por decreto no campeonato brasileiro: nosso futebol se tornou um verdadeiro golpe de estado e o resultado está para quem quiser ver. Em treze jogos, precisávamos de nove vitórias e um empate; hoje, falta apenas o empate. Era impossível, mas para nós se tornou apenas trivial. A bandeira de hoje, a da superação que temos conseguido, também será permanente. Outros exemplos nos guiam: o irmão Vasco desceu para os vestiários em 2000 com três gols na rede, precisando de quatro gols em quarenta e cinco minutos – tinham um grande time e conseguiram. Nós precisamos de cinco gols em noventa minutos, e temos Conca e Fred – este, artilheiro de seleção brasileira.

Não tenho dúvidas de que esta será uma semana das mais difíceis da nossa história.

Mas, para quem passou o que passamos e já estava condenado pelas letras humorísticas das redações, esta será apenas mais uma semana das mais difíceis.

Amanhã, nosso time estará cercado por nossa fanática torcida, vindo de uma goleada impiedosa sobre um time que tem a mesma qualidade técnica deste que iremos enfrentar pela final da América. Não temos tempo para pensar: é lutar e conseguir.

Como é possível não confiar neste time, que tem feito jogo após jogo uma das nossas mais lindas histórias de superação? Simplesmente não há como. Basta ver as tabelas, os números. O poderoso pré-campeão brasileiro está na boca das ruas e foi nosso primeiro eliminado na competição da América. Como não confiar?

Diria nosso mestre maior, Nelson Rodrigues, que amanhã “vivos e mortos estarão no Maracanã”. Acredito piamente. É hora de toda a nossa torcida, passada, presente e futura, adentrar o concreto sexagenário de Mário Filho. A nossa última partida no estádio em 2009, que pode ser consagrada com uma das mais arrebatadoras vitórias de sua história.

Temos vivido assim, dia após dia, passo a passo.

Ninguém pode se esquecer da batalha de domingo, fundamental para as nossas pretensões. Nem será o caso de esquecer, certamente; não é nossa sina. Mas amanhã todos os nossos corações estarão voltados para a América, para um batalha que muitos consideram impossível. Porém, esta palavra, “impossível”, não existe em nosso dicionário. Somos o time do impossível. O time do último minuto. O time que ninguém ganha de véspera NUNCA!

Os equatorianos têm toda vantagem.

O Figueirense de 2007, o Volta Redonda de 2005 e a Gávea centenária também tinham. No entanto, quem tem os troféus destas disputas é o Fluminense. Para sempre.

Nosso hino fala de quem espera e sempre alcança.

Pode parecer impossível, mas chegaremos lá. Entraremos em campo para mais duas decisões e a história ensina: ninguém nos vence de véspera, nem com manchetes encomendadadas de jornais. Ninguém é favorito contra nós numa decisão. NINGUÉM!


Paulo-Roberto Andel, 01/12/2009

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