Friday, January 28, 2011

FLUMINENSE 3 X 1 MACAÉ



Quase líder (28/01/2011)


Não foi uma jornada de brilho e nem era preciso, dado que o Fluminense foi superior e absoluto durante boa parte do jogo mesmo sem fazer grande esforço. Mais uma vez, vencer era a meta e houve pleno êxito: no exótico horário de rush, vencemos o Macaé por três a um e chegamos a nove pontos no certame, com três vitórias. Tudo correndo bem, ainda que abaixo das expectativas. E seguimos a passos largos para as semifinais da Guanabara.

Antes de nossa partida, o Vasco fez a preliminar contra o time do Boavista e perdeu. Furiosos com a má performance, alguns vascaínos promoveram cenas de confusão e tentativa de violência nos arredores do estádio, principalmente contra os Tricolores que chegavam. Apesar das providências policiais, ficou claro que é preciso repensar a segurança em torno do Engenhão, até porque sua geografia e vizinhança são diferentes do Maracanã. Todos esperamos pelas devidas atitudes.

Nas arquibancadas, outros vascaínos ainda tentaram a tradicional e saudável “secada” contra o Tricampeão, mas de nada adiantou: mesmo antes do gol de Carlinhos, marcado em sua tradicional jogada de corte para dentro da área e chute com a direita, acertando o canto direito, o Fluminense já fazia prever que o gol era questão de tempo, ainda que o jogo não tenha sido dos mais fáceis até o primeiro tempo – lembrando que o Macaé estava recheado de jogadores experientes e rodados, como Bill, Gedeil, André Gomes e Luis Mário. O gol de Carlinhos foi aos trinta e cinco minutos; antes disso, finalizamos muito pouco dentro da área, dada a fortíssima retranca macaense e, também, alguma falta de ímpeto de nosso ataque. A exceção, claro, foi Fred, que abusava de toques e dribles categóricos, além daquela que foi a jogada mais bonita de toda a partida, infelizmente não traduzida em gol: o artilheiro dominou no peito, acertou a bicicleta e a bola explodiu no travessão do goleiro Everton. Aos poucos, o Fluminense passou a tentar perigosos chutes de mais longe, até que Carlinhos fez o dele: até então, embora acertasse jogadas, não corria em ritmo máximo (o que pôde ser percebido até mesmo no gol marcado). Do outro lado, Mariano estava tímido e, no meio, Tartá não fez uma bom primeiro tempo – viria a ser substituído por Marquinho. Quem entrou com muita força foi Souza, disposto a mostrar serviço depois da prematura expulsão contra o Bangu. Rodriguinho foi Rodriguinho; em alguns momentos, Gum e Euzébio se enrolaram, mas nada que comprometesse, ainda que o segundo abusasse de cometer faltas. Edinho também não comprometeu, mas foi discreto. No gol, Cavalieri foi mero expectador, o que não ia acontecer na fase final. E o que se pode dizer mais do primeiro tempo? Aplicação, seriedade, mas falta de pressão máxima, o que era necessário porque não nos bastava apenas vencer, mas também conseguir um excelente saldo que pudesse superar General Severiano. Descemos aos vestiários com o escore mínimo, tradicional da nossa camisa, enquanto a nossa apoteótica torcida esperava por mais, muito mais, na segunda etapa. E vejam que falamos de um time sem Emerson e sem Conca. O Fluminense ainda tem muito a mostrar neste ano de 2011.

Voltamos para o segundo tempo com Marquinho em campo, o que significava dizer muita raça no meio de campo. Mal deu tempo de se instalar nas cadeiras azuis do Engenhão, Carlinhos veio pela esquerda e acertou, aí sim, um mortífero cruzamento. Quem chegou com força total, num quase carrinho de artilheiro, foi Souza, tocando para o gol vazio e ampliando o marcador, o que nos ofereceu maior tranqüilidade para administrar a partida. E o mesmo Souza, em bela cobrança de falta no canto direito do goleiro, faria o três a zero em menos de dez minutos. Em tese, o jogo estava decidido e isso refletiu na atuação da equipe a seguir, com alguns jogadores nitidamente se poupando. Nas arquibancadas, gritávamos galhofas contra o Neves, que optou por defender o rival. Souza virou o novo herói: ainda chutaria uma bola no travessão e mostraria que veio para o Tricolor com a sede da conquista.

Com a vantagem conquistada, quem desacelerou nitidamente foi Fred. Ainda houve tempo para algumas boas jogadas, uma quase letra e um pênalti chutado na trave. A meu ver, o artilheiro, excelente em praticamente todos os fundamentos, abriu vaga quando correu devagar para a cobrança, mostrando falta de convicção onde iria chutar; apesar de ter deslocado o goleiro, a bola beijou o pé da trave direita, frustrando a expectativa de chegarmos mais perto do Botafogo na pontuação geral.

Quero destinar estas linhas finais para falar de Cavalieri. Foi um reforço caro, ainda que não viesse de uma temporada de vitórias no futebol europeu, onde jamais repetiu a seqüência de boas atuações que teve quando era goleiro do Palmeiras. O custo da operação não deveria ser garantia de titularidade. É claro que foi bem-vindo às Laranjeiras, mas quero crer que o titular é Ricardo Berna, que entrou em campo nos momentos decisivos do ano passado e foi um dos heróis do tricampeonato, contrariando o senso comum. Entendo os critérios de Muricy para estrear os reforços, mas eu não mexeria num titular que está com ótima performance apenas pelo nome, pela suposta experiência internacional e, novamente, pelo preço. Parecia claro que Berna atravessa um melhor momento do que Cavalieri e isso pôde ser visto em campo ontem. O novo goleiro havia batido roupa num primeiro chute dos macaenses, causando suspiros na Leste Superior; pouco tempo depois, cometeu o mesmo erro e isso custou o gol de Macaé, além do adeus às nossas chances de igualarmos o Botafogo no saldo. Não se trata de crucificar Cavalieri, até porque é um jogador que pode ser muito útil neste ano árduo que teremos, mas era evidente em campo a sua falta de ritmo. Alguns dirão que um jogador só consegue evoluir jogando, mas e o goleiro? Vamos esperar que tenha ritmo? Debaixo das traves, esse argumento é inviável: não se pode esperar. E não cabem argumentos ou desculpas: o torcedor deve ser tratado com dignidade e isso também está no fato dos jogadores terem autocrítica e admitiram falhas. Esqueçam o gramado, a temperatura, a umidade do ar: houve um grande frango sim! O resultado final não foi sacrificado, não alterou os rumos da partida, mas aconteceu. Nada de mentiras. Que Cavalieri se prepare nos treinos e faça uma disputa igual com Berna: quem estiver melhor, que jogue. Neste momento, a vaga deveria ser do goleiro Tricampeão, mas quem resolve isso é nosso rabugento – e competentíssimo – treinador. Enfim, terminamos como líderes da chave e quase líderes do campeonato. Poderia ser melhor, mas é um bom começo, claro. Muito bom.

O quarto passo da Guanabara é no próximo domingo, justamente no estádio de Macaé, contra a Cabofriense. Uma vitória celebra nossa classificação. Iremos com tudo, seja qual for o time em campo. O Fluminense tem sede da Guanabara, tem saudades da Guanabara e nada é melhor do que o tempero carioca para uma grande estréia na América. Um dia eu disse que voltaríamos a ela. Está chegando a hora.


Paulo-Roberto Andel

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