Wednesday, November 25, 2009

O PRIMEIRO JOGO DA FINAL DA AMÉRICA



Sobre hoje à noite (25/11/2009)


Nas últimas semanas, não se encontra tempo para que o torcedor Tricolor respire. Uma batalha atrás da outra, incessante seqüência e o peso de não se poder falhar.

Hoje, mais uma vez, será assim.

À frente, os equatorianos da LDU, que ganharam fama por nos vencerem na decisão nos pênaltis no ano passado. Apesar de termos em nosso próprio país um verdadeiro exército de marketing contra nós, é impossível não reconhecer que a LDU só se tornou conhecida por pisar no maior estádio do mundo para uma decisão contra nós, tida até por alguns de nossos maiores adversários na imprensa como “a festa mais bonita que já se viu no Maracanã”.

Há um ano e meio, eu ainda estava paralisado por conta da perda de meu pai, que aconteceu a meia-hora do início de Fluminense e São Paulo, um daqueles jogos épicos que não esqueceremos para sempre. Não tinha como comemorar o fantástico gol de Washington naquele dia, revivendo a magia de sermos o time do último minuto, do último suspiro. Foi uma injustiça que meu pai não tenha visto aquele jogo, se é que não viu de algum lugar. De toda forma, a vida esportiva não lhe foi ingrata: o título mundial, a Máquina, os campeonatos brasileiros, mais Carlos Castilho, Paulo Victor, Edinho, Denílson, Telê Santana, Carlos Alberto Torres e muito, muito mais. E, por conta desta paralisação, de longe eu vi os apoteóticos jogos contra o Boca Juniors e a nossa fantástica vitória no jogo final, que infelizmente não foi suficiente para conquistarmos a América. E não tê-la conquistado é um fato que ainda hoje, conta com a incredulidade de muitos como eu.

Aquele jogo não acabou. Eu disse certa vez que não acreditava nos deuses do futebol, embora respeite quem exerça suas crenças a respeito. Para mim, houvesse um único deus do esporte e o Fluminense JAMAIS teria perdido aquela taça. O time invicto em casa, sem perder pontos. O time que aplicou a maior goleada do confronto Brasil-Argentina de toda a competição. O primeiro time brasileiro a eliminar o Boca Juniors depois do Santos de Pelé. Foi tudo em vão? Não.

Hoje, depois de tantos jogos, creio que aquele não acabou. Não terminou naqueles noventa, cento e oitenta ou duzentos e dez minutos, somando os tiros da marca penal.

Ficou no ar um sentimento de injustiça que só foi aplaudido pelos mais-queridos, cientes de toda a mágoa que carregam no peito por tantas títulos que o Tricolor lhes amealhou. Só aplaudido por aqueles que se julgam grandes, mas, ao não reconhecerem a grandeza do Fluminense, tornam-se diminutos diante de uma indefesa formiga.

A cidade se calou, exceto nas zonas onde infelizmente o banditismo impera. O Maracanã tomou ares de 1950. Como pôde o melhor time da América em 2008 não ter sido o campeão? Aqueles tiros penais nos custaram caro: uma crise sem fim que quase culminou no descenso e trouxe reflexos até uns três meses atrás – todavia, o descenso não nos sucedeu, como não sucederá neste ano.

Então, tal como em 2008, o Fluminense começou a Copa Sulamericana com humildade, diante da favorita e decantada Gávea. Nosso time era um arremedo ainda, mas foi o suficiente para a classificação. Qualquer flamengo de bem sabe que o Fluminense sempre será uma parada indigesta. E nos classificamos. Dali em diante, com o garbo que nos marca, uma campanha que remete aos nossos melhores anos: “O Fluminense está mal; é um timinho”; “O Fluminense não tem condições de disputar um título este ano”. Assombra-me tanta idiotice escrita a título de “análise esportiva”. Aos poucos, a confiança que faltava ao time começou a chegar por causa do sucesso na Copa, e os reflexo no campeonato brasileiro foram inevitáveis. Somos os maiores pontuadores nacionais nas últimas onze rodadas. O Fluminense está a duas vitórias simples de eliminar o descenso, sem depender de outros adversários. E, no meio desse caminho, uma nova decisão da América, muito antes do que qualquer um de nós pudesse sonhar. Poderíamos enfrentar doze, vinte, ou trinta times nesta partida final. Porém, aquela partida de julho passado não acabou e, por isso, nosso adversário é a LDU.

Eles venceram os uruguaios por sete a zero? E nós, que desbancamos o líder Palmeiras, o poderoso Cruzeiro e o favorito Atlético?

O que quero dizer é que temos passado um momento muito difícil, quando tudo parecia perdido, mas, como reza a história do Tricolor, ressuscitamos e estamos muito perto de uma grande redenção.

Descartar o descenso parecia impossível e, agora, é uma realidade cada vez mais próxima.

Por que não, como prêmio “menor”, tomar a América que nos pertence desde o ano passado?

Não há o que temer. Os equatorianos são fortes. Mas quem inventou o maior futebol do mundo fomos nós, em Álvaro Chaves, e isso ninguém nos tira.

Quem há de duvidar que o Fluminense não possa honrar o que lhe foi inacreditavelmente surrupiado ano passado?

Meus amigos, este time e esta camisa são capazes de coisas que parecem lendas. Destes centro e sete anos, tenho vivido isso nos últimos trinta.

Meu amor não me engana.

Eu confio na força na nossa secular camisa. Na força da nossa torcida apaixonada. Na força do nosso time, tratado com um pedinte à míngua, se tivesse hoje mais seis rodadas no campeonato brasileiro, brigaria pela vaga na Libertadores e não pelo descenso.

Eu confio no Tiba, no Leo, na Marô, no Regal, no Cid. Também confio na Rita, no Doria, no Dudu, no William, no Jocemar, no Jorge, no Presidente Sussekind. Eu confio na força mental dos nossos milhões de amigos que não desgrudarão da tela da televisão hoje à noite, faltando entrar no vídeo e empurrar a bola para dentro do gol equatoriano.

Eu confio no Tricolor. Eu acredito na conquista da América, a daquele jogo que ainda não acabou e que o destino fez questão de recomeçar hoje. Tenho certeza de que não foi à toa.

E tudo isso basta para justificar qualquer torcida.


Paulo-Roberto Andel, 25/11/2009

1 comment:

Lau Milesi said...

Oi meu amigo querido, GRANDE CRONISTA, GRANDE TRICOLOR,já preparei minhas mandingas e o LDU vai ...para bem longe. [rs] Torcedora passional é assim mesmo.[rs] Não vejo a hora do Conca -agora meu novo líder-fazer "unzinho".Estou torcendo também para o Cássio e o Alan. Que responsabilidade!!

Paulinho, tenho certeza que,o também grande, Nelson Rodrigues está lá no céu com a bandeira tricolor nas mãos, super ansioso para desfraldá-la(caprichei,viu?)
NEEEENSE !!! A Rafaella pediu para não ir à escola hoje,pode isso?

Beijosss