O Tricolor voltou a campo no fim da tarde de ontem.
Um outono discreto, com certo frio e céu cinzento, sobressaltado pela desclassificação de quarta-feira passada. Sim, nós, Tricolores, ainda estávamos – e estamos – com o gosto do fel por desperdiçarmos outra chance de ir às Américas, chance esta que parecia tão cristalina e que sucumbiu perante a força da Colina. Tínhamos mais do que time para lá chegar; faltou-nos, creio, maior vigor para a conquista da vaga para a final do certame.
Tudo isso tem sua carga de curiosidade e, cada vez mais, contra boa parte da mídia esportiva calhorda. Explica-se: dia desses, nosso Tricolor era basicamente o João Bafo-de-Onça do futebol brasileiro, o grande vilão, o responsável por todas as mazelas. Caímos para a terceira divisão com três derrotas, três! Quem será capaz de explicar tamanho descalabro? Por isso, nós, que ajudamos em muito a sedimentar as cinco conquistas mundiais da seleção brasileira, que estreou em nosso estádio e com nosso goleiro, passamos a sofrer todo tipo de achaque. Fomos ao inferno e voltamos. Nos últimos seis anos, nossas campanhas têm sido marcadas por quase conquistar muitos títulos, passando sempre na beira do quase; assim, a torcida do Tricolor, que exasperava-se com a possibilidade do fim do time há poucos instantes, hoje revolta-se com a não conquista de títulos. O amigo Marcos Caetano deixa sempre claro em texto: nós, tricolores, já ultrapassamos o estágio onde se precisa conquistar títulos. Certamente são desejáveis; entretanto, somos das Laranjeiras – nós criamos tudo o que de bom aí está e, dessa feita, estamos acima de troféus, dado que já os temos aos montes.
De qualquer forma, é natural que a torcida tenha seu momento de tristeza. Contávamos com a vaga e deixamos que ela pudesse escapar entre os dedos. Em virtude disso, menos de cinco mil tricolores adentraram Maracanã ontem para prestigiar o match contra o Santos, que não é mais o de Pelé e sim o de Luxemburgo, com seus ternos e gritos.
Éramos poucos e fazíamos algum barulho. Se querem saber sobre o jogo, diria que foi equilibrado e fraco, bem fraco. Nós entramos sob a égide do desânimo, do cansaço psicológico. O Fluminense pode e deve disputar todos os títulos que possam surgir pelo caminho; ao ficarmos frustrados com a derrota do meio de semana, nosso jogo ontem não foi o que espera. Talvez o Santos tenha sido melhor em maior parte do tempo, dirão os velhos idiotas da objetividade consagrados por Nelson. E daí? Nós fuzilamos o Vasco no primeiro empate, um show de bolas na trave; na segunda partida, em nosso único descuido, carregamos a cruz de Edílson. Na terceira, após um rápido empate ao voltar do intervalo, contando ainda com a trave salvadora que confirmou a cobrança de Petkovic, faltou-nos a força que sobra-nos em papel. Por que teríamos ainda que amargar mais azar depois de quarta? O que justificaria outro revés ontem, em nossa casa? Nada.
Os deuses do improvável jogaram seus aromas em nosso campo; melhor dizendo, na cabeça coroada do zagueiro Luiz Alberto, que nos proporcionou o golaço que não conseguíamos fazer há tempos. Não importa que tenhamos jogado mal, não interessa o diminuto público: nós merecemos vencer sempre e, se isso deixa de acontecer seguidamente, feito quando enfrentamos o Vasco, o adversário seguinte merece queimar no inferno da derrota – este inferno é o que saiu da cabeçada de Luiz Alberto para o ângulo direito do goleiro Fábio Costa. O mesmo Fábio que é recentemente marcado por grandes gols de cobertura a favor do Tricolor – ano retrasado, uma cabeçada certeira de Romário destroçou o então arqueiro de Parque São Jorge.
Ontem foi dia de orarmos com o terço do futebol. Graças aos credos, foi que expulsamos o fel da derrota para o inferno. Nosso destino é a glória, a conquista suprema, absoluta. Não deveríamos ter sido eliminados pelo Vasco e fomos. Não jogamos o suficiente para a vitória contra o alvinegro paulista, é certo. Contudo, foi nosso merecimento. Ou alguém acredita que, em sã consciência, a certeira cabeçada contra que nos garantiu o triunfo foi mera obra do destino?
Ledo engano.
Estava escrito, mais do que escrito, há muitos outonos gelados, desde antes do nascimento de Nelson. Desde antes do nascimento da nossa própria camisa, a cinza.
E foi em um Maracanã frio, gelado, de outono e penumbra que nós, Tricolores, começamos nossa nova caminhada, outros passos curtos para novas conquistas, pois.
Um outono discreto, com certo frio e céu cinzento, sobressaltado pela desclassificação de quarta-feira passada. Sim, nós, Tricolores, ainda estávamos – e estamos – com o gosto do fel por desperdiçarmos outra chance de ir às Américas, chance esta que parecia tão cristalina e que sucumbiu perante a força da Colina. Tínhamos mais do que time para lá chegar; faltou-nos, creio, maior vigor para a conquista da vaga para a final do certame.
Tudo isso tem sua carga de curiosidade e, cada vez mais, contra boa parte da mídia esportiva calhorda. Explica-se: dia desses, nosso Tricolor era basicamente o João Bafo-de-Onça do futebol brasileiro, o grande vilão, o responsável por todas as mazelas. Caímos para a terceira divisão com três derrotas, três! Quem será capaz de explicar tamanho descalabro? Por isso, nós, que ajudamos em muito a sedimentar as cinco conquistas mundiais da seleção brasileira, que estreou em nosso estádio e com nosso goleiro, passamos a sofrer todo tipo de achaque. Fomos ao inferno e voltamos. Nos últimos seis anos, nossas campanhas têm sido marcadas por quase conquistar muitos títulos, passando sempre na beira do quase; assim, a torcida do Tricolor, que exasperava-se com a possibilidade do fim do time há poucos instantes, hoje revolta-se com a não conquista de títulos. O amigo Marcos Caetano deixa sempre claro em texto: nós, tricolores, já ultrapassamos o estágio onde se precisa conquistar títulos. Certamente são desejáveis; entretanto, somos das Laranjeiras – nós criamos tudo o que de bom aí está e, dessa feita, estamos acima de troféus, dado que já os temos aos montes.
De qualquer forma, é natural que a torcida tenha seu momento de tristeza. Contávamos com a vaga e deixamos que ela pudesse escapar entre os dedos. Em virtude disso, menos de cinco mil tricolores adentraram Maracanã ontem para prestigiar o match contra o Santos, que não é mais o de Pelé e sim o de Luxemburgo, com seus ternos e gritos.
Éramos poucos e fazíamos algum barulho. Se querem saber sobre o jogo, diria que foi equilibrado e fraco, bem fraco. Nós entramos sob a égide do desânimo, do cansaço psicológico. O Fluminense pode e deve disputar todos os títulos que possam surgir pelo caminho; ao ficarmos frustrados com a derrota do meio de semana, nosso jogo ontem não foi o que espera. Talvez o Santos tenha sido melhor em maior parte do tempo, dirão os velhos idiotas da objetividade consagrados por Nelson. E daí? Nós fuzilamos o Vasco no primeiro empate, um show de bolas na trave; na segunda partida, em nosso único descuido, carregamos a cruz de Edílson. Na terceira, após um rápido empate ao voltar do intervalo, contando ainda com a trave salvadora que confirmou a cobrança de Petkovic, faltou-nos a força que sobra-nos em papel. Por que teríamos ainda que amargar mais azar depois de quarta? O que justificaria outro revés ontem, em nossa casa? Nada.
Os deuses do improvável jogaram seus aromas em nosso campo; melhor dizendo, na cabeça coroada do zagueiro Luiz Alberto, que nos proporcionou o golaço que não conseguíamos fazer há tempos. Não importa que tenhamos jogado mal, não interessa o diminuto público: nós merecemos vencer sempre e, se isso deixa de acontecer seguidamente, feito quando enfrentamos o Vasco, o adversário seguinte merece queimar no inferno da derrota – este inferno é o que saiu da cabeçada de Luiz Alberto para o ângulo direito do goleiro Fábio Costa. O mesmo Fábio que é recentemente marcado por grandes gols de cobertura a favor do Tricolor – ano retrasado, uma cabeçada certeira de Romário destroçou o então arqueiro de Parque São Jorge.
Ontem foi dia de orarmos com o terço do futebol. Graças aos credos, foi que expulsamos o fel da derrota para o inferno. Nosso destino é a glória, a conquista suprema, absoluta. Não deveríamos ter sido eliminados pelo Vasco e fomos. Não jogamos o suficiente para a vitória contra o alvinegro paulista, é certo. Contudo, foi nosso merecimento. Ou alguém acredita que, em sã consciência, a certeira cabeçada contra que nos garantiu o triunfo foi mera obra do destino?
Ledo engano.
Estava escrito, mais do que escrito, há muitos outonos gelados, desde antes do nascimento de Nelson. Desde antes do nascimento da nossa própria camisa, a cinza.
E foi em um Maracanã frio, gelado, de outono e penumbra que nós, Tricolores, começamos nossa nova caminhada, outros passos curtos para novas conquistas, pois.
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