Monday, May 22, 2006

Final da Taça Guanabara

Botafogo x América! Estrela Solitária x Diabo!

Jogo clássico! Como nos velhos tempos!

Maracanã cheio. É certo que nem tanto como nos tempos de cem mil torcedores, visto que a capacidade atual foi reduzida por questões de segurança e nova distribuição dos espaços foi feita para maior conforto do torcedor.

De um lado, a grande e fanática torcida do Botafogo, ocupando em preto e branco, três quartos do espaço na arquibancada. Do outro lado, a não tão grande, mas não menos fanática torcida do América, das camisas e bandeiras rubras, ocupando um espaço menor.

Uma festa e tanto, colorida, alegre e o mais importante, sem violência. Duas torcidas apaixonadas, respeitando-se e incentivando seus times, que é o que se deve esperar fora do campo de jogo.

Assisti ao jogo junto à torcida do América, meu segundo clube, pois sou tricolor de coração, mas tenho ligações afetivas com o clube rubro por herança familiar. Eu e outros torcedores de outros clubes, que também guardam uma grande simpatia pelo Mequinha, formando a chamada “torcida arco-íris”, pudemos presenciar uma bela demonstração de paixão antes, durante e ao final da partida, que definiu o Glorioso de General Severiano como Campeão da Taça Guanabara. A torcida do América, pequena de certo, proporcionou momentos de pura emoção, acreditando o tempo todo, cantando, chorando de alegria no único gol de seu time, e chorando de tristeza e decepção ao apito final do juiz.

No fundo, as duas torcidas trazem em comum, certa carga de sofrimento contraída nos últimos anos em função de seguidas situações de insucesso.

Os hinos apresentam pontos parecidos, com boa dose de nostalgia nas letras: “Botafogo! Botafogo! Campeão desde 1.910...”; e... “Campeão de 13, 16 e 22... Lalaiá”, trechos que ressaltam as glórias passadas, os primeiros títulos, lembranças de um tempo muito bom para os dois clubes.

O América, mesmo sem poder ser comparado aos grandes times do passado, teve lampejos de grande futebol, chegando a dar a impressão de que venceria o jogo e conquistaria o título tão sonhado. Na primeira etapa, a torcida em êxtase, parecia não acreditar no que via e entoava o hino seguidas vezes e provocava os adversários com as costumeiras encarnações, além das buzinas em coro, estridentes e ensurdecedoras.

A Estrela Solitária, por outro lado, também não brilhava como nos tempos de Mané, Paulo César e Jairzinho, é verdade. Porém, encheu de orgulho sua torcida, com a espetacular virada na etapa final.

Ao final, a vitória do Botafogo e a explosão da torcida alvinegra! Fogão Campeão!

Finalmente, na saída pelo corredor de acesso às arquibancadas, a última demonstração de paixão da torcida derrotada, como um último suspiro após o golpe derradeiro. Os torcedores briosos e emocionados, alguns ainda exibindo lágrimas nos olhos, com o peito cheio de orgulho, entoavam mais uma vez o hino do clube! Hei de torcer, torcer... Lindo! Emocionante! Ficou em mim e acredito que em todos os presentes, uma gostosa sensação de retorno aos bons tempos do nosso futebol!

Tempo em que as torcidas podiam conviver em harmonia e sair lado a lado pelas rampas da arquibancada. Brincando e sofrendo, mas principalmente se respeitando.

Felizmente, o grande vencedor foi o Futebol Carioca!

Parabéns ao América e ao Botafogo! Viva o futebol!

RJ, 17/02/2006. Jocemar de Souza Barros.

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