Thursday, May 14, 2009

FLUMINENSE 1 X 0 SÃO PAULO

Começar de novo (11/05/09)

Depois da decepção no campeonato carioca, mas também da expectativa nas quartas-de-final da Copa do Brasil, após o difícil empate contra o Goiás, o Tricolor estreou ontem no campeonato brasileiro, contra o poderoso São Paulo, tricampeão do certame e um dos favoritos ao título. Vencemos. Mais do que vencer, nesta partida convencemos. Foi uma estréia com pé direito, ressaltada pelo fato de que tivemos dois adversários em campo: o time paulistano e o árbitro Ricci, cuja atuação foi calamitosa e, por pouco, não interferiu no resultado. Desastres da arbitragem à parte, pela primeira vez no ano o Fluminense apresentou um conjunto de marcação impecável, de parar o adversário literalmente. Com isso, conseguimos mais uma vitória sobre o temível rival.

O Maracanã não estava cheio, tendo em vista o Dia das Mães – com o horário de quatro da tarde para o início da partida, prestigiar as matriarcas era tarefa impossível. Porém, jogo vazio do Fluminense é com quinze mil pessoas – e, destes, alguns mal tinham tomado assento nas arquibancadas e cadeiras quando o jovem Maurício fez um golaço: na direita do ataque, em frente ao bico da grande área, matou a bola e acertou um petardo que beijou o travessão, o poste direito do goleiro Bosco e ganhou as redes, em nosso primeiro ataque, aos dois minutos de jogo. Um gol maravilhoso, tal como Maurício havia feito num Fla-Flu do ano passado; mais uma vez, um tiro varando o ângulo direito da meta. E o Fluminense estava na frente, como permaneceu durante toda a partida. Mal deu tempo sequer de vaiar Júnior, Arouca e Washington, ex-jogadores de nossa casa, todos em campo pela primeira vez contra nossa camisa depois do ano passado. Como se viu no decorrer da partida, o lateral e o atacante mostraram a irregularidade costumeira, não nos ameaçando em nenhum momento; o ala, cria das Laranjeiras, parecia tímido, constrangido até. Arouca não fez uma saída boa de nossa casa, deixando a porta aberta ou saudades.

Um gol no primeiro ataque muda o panorama de qualquer jogo; ora um time encolhido pode buscar ataque, ora um time ofensivo pode se retrair. E o Fluminense tem feito suas partidas utilizando o contra-ataque como arma; assim foi. A batalha de meio-campo era nossa: depois do golaço, Maurício ganhou confiança e foi soberano em todas as disputadas de bola, assim como Wellington, que parece ter melhorado em muito sua condição física: cobria todo lado, corria como um leão. O São Paulo, por conta da nossa marcação adiantada, não conseguia ligar meio de campo e ataque; nas réplicas, éramos mais perigosos – eles não estavam bem. Em duas jogadas, praticamente comemoramos: na primeira, um bate rebate na área, a bola no alto sobrou para Edcarlos, livre, que chutou de primeira por baixo de Bosco, mas Richarlyson tirou em cima da linha já com o goleiro batido; na segunda, um gol legal, legalíssimo, feito numa cabeçada de Maicon, terrivelmente anulado pelo bandeira – desastroso coadjuvante na arbitragem desta partida. Atrás, a defesa estava segura, Mariano tinha muita raça e até mesmo o oscilante jovem João Paulo acertava algumas jogadas.

Terminou o primeiro tempo, onde fomos amplamente superiores e estivemos mais perto do segundo tento do que de sofrer o empate.

Na segunda etapa, continuou a nossa incessante marcação e também a relativa apatia do São Paulo; até metade do segundo tempo, as coordenadas do jogo foram todas nossas. Quem visse com desatenção, poderia até pensar que tínhamos um jogador a mais em campo, tamanha a superioridade nas divididas. O Fluminense valorizava a posse de bola a cada momento, bem ao estilo tradicional de Carlos Alberto Parreira, o que criou enormes dificuldades para o tricampeão do Morumbi. Na parte final é que corremos algum risco: Fernando fez uma grande defesa em chute de Borges num lance, e praticamente defendeu sem ver o segundo – a bola resvalou em seu traseiro e parou no chão. Sem maior importância dos meios, foram duas intervenções que garantiram a vantagem no marcador. Depois de um ritmo incessante, naturalmente nosso time cansou, com as alterações feitas a partir da meia-hora final de partida. Talvez Maicon e Neves pudessem ter saído antes. Mas a vitória foi assegurada.

O São Paulo à frente outra vez. A estranheza de ver nossos jogadores com a camisa adversária. O novo começo de campeonato. Tudo, valorizado pela garra de nossa atuação, brindada com uma vitória justa sobre uma poderosa equipe, e que serve de ânimo para a verdadeira batalha que será promovida quarta-feira, contra o também poderoso Corinthians.

Não sei dizer se, por algum momento, Júnior, Washington e Arouca sentiram saudade da nossa camisa. Sei apenas que saíram porque quiseram e, hoje, o que lhes cabe é a derrota.

É o começo, é a primeira rodada. De toda forma, nem que por um instante, estamos na frente. E a atuação de hoje é encorajadora para todo o restante desta temporada: se repetir regularmente o entusiasmo em campo de ontem, e caprichando um pouco mais nas finalizações, o Fluminense, contra a vontade de toda a imprensa calhorda, passa a ser um dos times que podem despontar no campeonato brasileiro. Temos time para vencer os tricampeões, não é uma hipótese: na prática, um fato.

Uma coisa de cada vez. Mais uma decisão depois de amanhã.



Paulo-Roberto Andel, 11/05/2009

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