Thursday, June 18, 2009

NÁUTICO 1 X 1 FLUMINENSE (31/05/2009)

Diante do último pecado (01/06/2009)

Para os Tricolores, que vinham do desastre de semana passada contra o Santos, empatar fora de casa contra o Náutico não chegaria a ser um péssimo negócio – sabe-se que o alvi-rubro dos Aflitos será osso duro de roer para muitos outros times no campeonato brasileiro. O Fluminense mostrou um bom futebol em boa parte do jogo, dentro de suas limitações, mas não venceu. Num lance, num rompante, deixou a vitória escapar por entre os dedos da mão cerrada. Os três pontos não vieram, mas a atuação ao menos tirou a agonia da goleada do domingo anterior – se não foi um primor de técnica, pelo menos pela disposição.

E a técnica não poderia prevalecer pelo que se viu de cara: o péssimo gramado dos Aflitos, capaz de fazer o antigo campo de areia do Aterro do Flamengo parecer Wembley. Era o primeiro desafio. As duas equipes visivelmente sofreram um bocado com o mau estado do carpete de jogo.

Contrariando a lógica recente, o Fluminense começou a acertar de primeira: logo aos cinco minutos, ao receber excelente passe do estreante lateral Diogo, Fred invadiu a área pela direita do ataque e disparou um petardo na diagonal com êxito, vencendo o veterano goleiro Eduardo, com a bola entrando no canto direito. Parecia alívio. Todos sabíamos da dificuldade de se enfrentar o Náutico em casa e, abrindo o marcador imediatamente, era natural a empolgação. A partir de então, mesmo em desvantagem, o dono da casa não se abriu; nós, do nosso jeito, com relativa velocidade, mas muita dificuldade no toque de bola, íamos regularmente ao ataque. Ainda poderíamos ter aumentado o marcador, com a bola que o Neves chutou na trave. Não corremos maiores riscos e, quando o Náutico finalizou, Berna esteve sempre seguro. Sem maiores surpresas, correu a primeira etapa com nossa vantagem parcial obtida de início. Parecia bom sinal.

O futebol, como a mais importante das coisas desimportantes do mundo, merece toda a atenção em seu exercício. Não se pode vacilar. Há casos esporádicos em outros esportes, quando um time teoricamente mais fraco, bate o outro; no futebol, acontece a toda hora: Davia apedrejando Golias. Então, não é qualquer vantagem que garante nenhuma vitória para nenhum time de futebol. Viria a segunda etapa e o Náutico, ciente de que nada estava perdido, seria outro.

Começaram com tudo. Buscaram campo. Passaram a pressionar como normalmente fazem os times que jogam em casa. E veio uma cabeçada em nosso travessão, desferida por Asprilla – um susto. A seguir, defesas de Berna que causariam orgulho até em São Paulo Victor Barbosa de Carvalho. Há anos, não via uma atuação de goleiro tão boa com o manto consagrado por Marcos Carneiro de Mendonça. Defesas sem tremeliques ou afetações; rápida e eficaz reposição de bola; sobriedade. Desconfio de que, se Berna tivesse sido o goleiro no Fla-Flu de Juan, ou ainda contra o Corinthians, nosso destino poderia ter sido outro.

O Fluminense não se acovardou na segunda etapa. Apesar da reação do Náutico, nosso contra-ataque era ameaçador e tivemos uma grande chance não aproveitada por Fred. Beliscávamos. O time estava com ímpeto guerreiro. E se passou meia hora do segundo tempo. Daí, meus amigos, o Náutico veio com tudo. Queria a reação. Fez de nosso campo um verdadeiro desembarque na Normandia. Estávamos acossados. Mas o placar ainda era nosso. Berna era uma muralha: defendia absolutamente tudo e sem possibilidade de sobra ou rebotes. Mesmo que não estivéssemos num grande dia tecnicamente falando, a atuação estava mais do que razoável e a pontuação era fundamental.

Quando tudo parecia a salvo, e uma importante vitória fora de casa era conquistada, já no último minuto dos acréscimos do árbitro, Maicon estava na lateral-direita e errou uma jogada. Foi desarmado numa desatenção, e cometeu um pênalti quando o árbitro já encostava os lábios no apito. A marcação foi inevitável. Nos ajoelhamos diante de nosso último pecado. Ainda cogitei que, da maneira como tinha atuado toda a partida, Berna pudesse pegar a cobrança. Não foi possível, e desperdiçamos dois pontos no último toque na bola.

Uma inspeção visual fria sobre nosso time há de atestar nossa evolução em relação ao caos de domingo passado, no Maracanã. É um fato. Naturalmente, deixar a vitória escapar no último lance é desagradável, mas creio que o time possa ainda melhorar para o jogo de semana que vem. Pela frente, o Botafogo que tanto tem nos incomodado nos últimos tempos. E, inevitavelmente, só a vitória nos interessa. Só a vitória.


paulo-roberto andel

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