Friday, September 18, 2009

FLUMINENSE 1 X 1 NÁUTICO (06/09/2009)

Imobilizados (06/09/2009)

Poderia ter sido uma festa, mas não foi. Poderia ser o marco da nossa ressurreição, mas não foi. O fato é que empatamos ontem com o Náutico, no Maracanã, o que aumentou a agonia na luta contra o rebaixamento do Fluminense, nas reestréias do treinador Alexi Stival, o Cuca, assim como do veterano lateral-esquerdo Paulo César, egresso do futebol francês e assumidamente Tricolor de coração. Havia uma grande expectativa na semana que passou, por conta da viagem do time, que treinou por uma semana em Itu: poderíamos melhorar técnica e fisicamente falando. O treinador ainda era Renato Portaluppi, que foi demitido no dia seguinte à derrota para o Santos, na Vila Belmiro. Mais uma vez, Renato passou por percalços em nossa casa; é fato que não estava bem na função. Mas é nosso ídolo eterno e merece todo respeito.

Ver o resultado pelo senso estrito poderia indicar apenas uma atuação catastrófica do Tricolor, em mais uma partida não vencida sob seu mando de campo. No entanto, não foi assim. Dominamos com firmeza todo o primeiro tempo e, antes do belo gol marcado por Darío Conca aos vinte e sete minutos, tivemos esparsas chances de gol – o time ainda se ressente da pressão que é jogar sem poder falhar em nada, além da própria limitação de alguns jogadores. O que nos faltou mesmo foram o penúltimo e o último toques: até a intermediária, o jogo foi do Fluminense, com o Náutico avançando raramente e até satisfeito com a derrota por placar mínimo. E Roni poderia ter feito o segundo gol se não desperdiçasse mais uma vez uma finalização. Pela primeira vez em tempos, descemos tranqüilos para o vestiário: o time jogou bem e, mantendo a performance da primeira etapa, poderia conseguir a tão importante vitória. Quero falar do gol de Conca: muito marcado, o argentino nem sempre consegue conduzir o time sozinho em campo, mas tem demonstrado raça e valentia como se tivesse três metros de altura e quatrocentos quilos. É um pequeno leão. Quando erra, disputa a bola com sede animalesca. É dos jogadores que merecem nosso absoluto apoio. Seu chute rasteiro na marcação do gol, marca de força e raça. Uma excelente finalização, que matou o canto esquerdo do goleiro Capibaribe. Outro jogador que, surpreendentemente, esteve bem no primeiro tempo foi o lateral-direito Mariano que, apesar de seu reconhecido pouco trato com a bola, fez bons cruzamentos e apoiou bastante o ataque do Fluminense. E não posso deixar de falar de Gum, o jovem zagueiro de apelido curioso, que marca bem, com objetividade, sem firulas. Dalton, outro jovem zagueiro, bem também. Se nossa posição na tabela fosse outra, receberiam muitos destaques da imprensa.

Nas arquibancadas, a força de nossa torcida mesmo num momento tão ruim. Eram vinte mil pessoas no Maracanã, e muitas tremulando as bandeirinhas que fizeram da final da Copa Libertadores de 2008 um dos momentos mais bonitos da história do estádio. Sabemos de todas as dificuldades que nos cercam, mas ainda somos capazes de mostrar algum otimismo, até mesmo quando ele não se manifesta plenamente em campo. O público presente merece todos os parabéns por este jogo. Não é hora de abandonar o Fluminense, hora de deixar o Fluminense desfalecer como se fosse um abandonado na sarjeta.

Então, meus amigos, veio a segunda etapa. Mal estávamos sentados nas cadeiras amarelas e o Fluminense tomou o gol. Houve a saída, um ataque do Náutico pela esquerda de nossa defesa, e o lateral Patrick acertou um chute forte, que teve de ser defendido com rebote por nosso goleiro Rafael. A sobra caiu nos pés de Carlinhos Bala, com o gol vazio, que igualou o marcador e tornou o Maracanã um mausoléu de guerra. Ficamos imobilizados por um minuto, e pode se dizer que isso determinou que não venceríamos mais o jogo, tamanho o mal-estar coletivo por conta do gol de empate.

Paralisados, atônitos.

Dois minutos depois, Roni perdeu mais um gol feito, numa furada inacreditável de Roni dentro da área, após o passe de Diogo. A situação ficou insustentável para o veterano atacante que, tempos depois, foi justamente sacado do time para a entrada de Alan. Conca ainda tentou o gol da vitória, com a drástica substituição de Mariano por Maicon, além de João Paulo no lugar de Marquinho, que havia levado cartão amarelo. Embora o time não estivesse jogando mal e a pressão no ataque continuasse, ela não surtia muito efeito porque estávamos muito mal tecnicamente na frente e, por outro lado, a necessidade de vitória nos obrigava a relaxar da marcação, dando espaços ao Náutico para perigosos contra-ataques, felizmente sem sucesso. O jogo seguiu sua meia-hora final exatamente como o esboço desse parágrafo: o Fluminense afoito, aflito, desesperado, tentando chegar ao gol sem saber como, contra um Náutico que, naturalmente, via um ponto fora de casa como excelente pedida.

Mais uma vez, fracassamos em casa. O exaspero de nossa torcida no final da partida reflete bem o momento em que vivemos. De toda forma, o Fluminense de Cuca já tem alguns pequenos rascunhos do trabalho do treinador, e a expectativa é que isso melhore. Precisamos muito.

Não sei dizer de onde vêm as forças para ainda acreditar em algo que sabemos ser muito difícil. Mas o campeonato ainda não acabou. De forma alguma.

Ainda rolam os dados, ainda há esperança.

Semana que vem, a nova batalha é contra o Botafogo, no Engenhão. O mais antigo clássico do futebol brasileiro sob o manto manchado da zona de rebaixamento. Um jogo que, naturalmente, já é sempre muito duro, terá ares de vida ou morte. Estamos aqui para lutar. Seguiremos em nossa jornada.


Paulo-Roberto Andel, 07/09/2009

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