Friday, September 25, 2009

GRÊMIO 5 X 1 FLUMINENSE (20/09/2009)

Devastação (20/09/2009)


Por mais que nossa situação na tabela do campeonato seja a pior possível, ainda assim é difícil explicar o atropelamento que o Fluminense sofreu ontem, ao ser goleado impiedosamente pelo Grêmio pelo placar de 5x1, no Olímpico Monumental de Porto Alegre. Naturalmente, dentro de casa, o time gaúcho é dos mais difíceis de serem batidos em todo o Brasil; entretanto, a pavorosa goleada foi construída em ritmo de treino e, quando se pensava ainda que poderia haver um sopro para, ao menos, uma reação honrosa, um gol ridículo nos fez desabar de vez. E, claro, há coisas que, inevitavelmente, só acontecem com o Fluminense: em cem pênaltis cobrados no campeonato brasileiro, noventa e nove não foram repetidos por conta da defesa do goleiro. O repetido foi justamente contra nós. Mas não serve de atenuante para o massacre gremista; se muito, para diminuir o prejuízo.

De cara, perdemos um gol com Darío Conca, entrando pela direita do ataque. E, nos primeiros dez minutos, apesar da força ofensiva gremista, o gol do Fluminense não foi malversado: Rafael fez duas boas defesas. Ficamos por aqui.

A partir do gol de Souza, cobrando uma falta evitável, com a bola ainda sendo desviada por Adeílson, o jogo acabou. Parece que o fantasma da última colocação assombra o campo, junto com os recortes dos folhetins esportivos e as galhofas de todo a dita imprensa esportiva carioca. Assim, nos treze minutos seguintes, tomamos mais dois gols e o jogo foi praticamente liquidado quando mal tinha começado.

O segundo gol ocorreu num pênalti bobo cometido por Gum, que tem feito boas participações na equipe, mas foi totalmente infeliz na jogada, agarrando Herrera de forma atabalhoada. E, como cereja de um bolo vulgar, uma linda defesa de Rafael invalidada pelo juiz de linha, na cobrança do tipo penal feita por Jonas. A fase é tão complicada que até pênalti bem-defendido pelo goleiro do Fluminense precisa de repetição. Sim, Rafael se mexeu antes. Todos os goleiros o fazem, mas somente contra nós a cobrança se repete. Tcheco, em seguida, não falhou e colocou no canto esquerdo, decretando o segundo tento.

Sem tempo sequer para respirar e colocar as coisas no lugar, o Fluminense tomou o terceiro gol: veio um cruzamento de Tcheco, da direita, e Souza, jogador que poderia ter vestido nossa camisa este ano, sendo preterido por Wellington Monteiro e congêneres, deu um carrinho na bola, contra um atônito Diogo em péssima tarde. Rafael nada pôde fazer e, talvez com torcedores ainda chegando ao estádio gremista, a equipe gaúcha já vencia por três a zero, dominava o jogo amplamente e praticamente colocava nosso time na lona. Os vinte minutos restantes de partida da primeira etapa limitaram-se ao toque de bola do Grêmio, administrando o jogo e parecendo até piedoso contra nosso combalido time. Não conseguíamos roubar uma bola, acertar um passe, nada. No meio da confusão, a estréia do volante Urrutia. Caos à vista.

No segundo tempo, temendo coisa pior, Cuca optou por colocar Cássio no lugar de Paulo César, tentando proteger a zaga, e também de Marquinho, na ala esquerda, para a saída de Equi González, cansado pela falta de ritmo de competição. Curiosamente, esquecendo-se do desastre do primeiro tempo, quem voltou melhor e mais ofensivo foi o Fluminense, até porque o Grêmio havia sofrido a natural acomodação de quem tem três gols de vantagem. De toda forma, até mesmo na distribuição de jogo, nos passes e ataques, o Fluminense nos oferecia suspiros de esperança. E acabou dando certo: aos doze minutos, após Conca, sempre ele, alçar a bola no meio da área numa cobrança de falta, Kieza subiu sozinho e, desta vez, não errou: pôs a bola de cabeça no canto esquerdo do excelente goleiro Victor, diminuindo o marcador. Havia esperança? O time havia melhorado? Sim.

Mas por um minuto somente.

O Grêmio deu a saída, a bola foi alçada pela esquerda do ataque por Herrera. Rafael havia saído do gol e não conseguiria a defesa; no entanto, Cássio estava sozinho para tentar a cabeçada e, numa jogada das mais patéticas da história do clube, tocou no ângulo esquerdo da nossa meta, assinalando o quarto gol do Grêmio e destruindo qualquer possibilidade de reação. Não quero aqui estimular qualquer crucificação do jovem zagueiro vindo do Avaí, mas o erro cometido foi inadmissível para um zagueiro de futebol profissional. Além do mais, já temos erros suficientes ao marcar os adversários, de modo que fazer gols contra para eles é descabido. Digo que, neste momento, a partida acabou. Faltava ainda meia hora de jogo e ainda sobrou tempo para um lindo gol de Jonas, driblando Rafael, mas a partida de verdade já tinha acabado com o toque de ridículo do quarto gol que sofremos.

Perder do Grêmio não é vergonha. Trata-se de um dos grandes times do futebol mundial e merece todo o respeito. Contra os irmãos cariocas, fez três gols no Engenhão e triturou a Gávea também no Olímpico. O que assusta e apavora é a maneira como esta goleada foi construída; a maneira que o time se portou em campo depois de dez dias de treinos e após um razoável jogo contra o Botafogo.

Mais uma vez, os resultados da rodada não nos comprometeram. Afundamos sozinhos o nosso barco de novo. Fomos literalmente devastados. Mas não desisto: ainda estão rolando os dados. Em dez chances, temos nove de cair. Que nos agarremos a uma, somente uma, a capaz de nos salvar. Quem espera sempre alcança. E não se morre de véspera.

Paulo-Roberto Andel, 21/09/2009


BOTAFOGO 0 X 0 FLUMINENSE (13/09/2009)



O empate a zero (14/09/2009)

Meus caros amigos, o drama continua. Apesar de todos os resultados favoráveis à evolução do Fluminense dentro do campeonato brasileiro, não fizemos nossa parte. Houve mais um empate. A seqüência sem vitórias é desesperadora e, por conta do zero a zero ontem, com o Botafogo, no estádio João Havelange, permanecemos no último lugar, praticamente condenados à morte e execrados pela imprensa dita esportiva da cidade. Ainda que em situação menos desesperadora do que nós, o Botafogo também lamentou o resultado e, no fim, quem mais perde é o torcedor carioca, vendo duas de suas principais equipes em situação degradante.

Tivemos dezoito mil torcedores no estádio; dos nossos, cerca de quatro mil nossos, um número baixo e esperado por conta da trágica campanha e ainda pela não familiarização do torcedor carioca com o Engenhão – o que é uma pena e deve ser sanado prontamente, já que a tendência é a de ficarmos anos sem o Maracanã para jogos de futebol, tendo em vista as propaladas reformas para a Copa do Mundo de 2014. Se diminuta nas estatísticas, nossa torcida não se calou: gritou e muito. Somos fabulosos nas arquibancadas: não importa que sejamos mil, três mil ou trinta mil – a diferença está apenas no tamanho físico, mas não na dedicação e no amor. E gritamos logo de início, quando o experiente meia argentino Ezequiel González, o Equi, acertou o travessão do goleiro alvinegro Jefferson, que retornou do exterior. Equi jogou quase um tempo e meio, além do que poderia suportar, mas imprimiu garra e velocidade ao time do Fluminense – o problema era que ele era destoante de outros jogadores em campo, inclusive alguns dos que sempre esperamos muito, como nosso craque Conca.

A bola no travessão causou preocupação momentânea aos botafogos, e alguma promessa de esperança em nossos corações. Contudo, o fragilizado miolo de meio-campo, composto por Diogo e Diguinho, errava tudo o que tentava, de modo que os alvinegros chegavam com facilidade à frente da nossa área, felizmente sem maiores finalizações perigosas. Aos poucos, e empurrados pela torcida caseira, avançaram o time, o que nos abriu caminhos para contra-ataques. Num deles, uma excelente finalização do garoto Alan, obrigado Jefferson a espalmar a bola para escanteio num chute de virada, cruzado, pela direita do ataque – a única finalização de Alan e a única realmente perigosa de nosso time no primeiro tempo, afora o belo chute de Equi no travessão. Ainda houve um chute do também estreante Adeílson, mas sem êxito. O novo jogador mostrou velocidade e algum ímpeto ofensivo, mas nada capaz de sacudir nosso Fluminense. E, sem muita inspiração dos ataques, o primeiro tempo encerrou em zero igual no marcador. Nas arquibancadas Tricolores, um destaque à parte: tendo chegado discretamente, Patrício Urrutia assistiu o jogo feito um torcedor comum, até que foi descoberto e “denunciado”. Sei que muitos, inclusive meu querido amigo-irmão Raul Sussekind, o vêem como um símbolo de nossa derrota na Libertadores de 2008. Entendo que não: fez o que lhe cabia – honrar a camisa do time que defendia. Agora é um dos nossos e creio que possa nos ajudar ainda nesta missão que é muito difícil, que muitos consideram impossível, mas que ainda não está negativamente decidida de forma alguma: nossa queda. Voltando ao primeiro tempo, reitero: não foi um jogo emocionante, mas bem-disputado e corrido, como deve ser um Fluminense e Botafogo, mesmo com ambos em situação tão ruim.

No segundo tempo, a partida caiu muito de produção. Os times passaram a errar bem mais. O jogo não se desenvolvia. Cuca tentou mexer no andamento, trocando peças. Veio o menino Tartá, que se supunha ser uma de nossas maiores revelações de Xerém. Entrou e nada produziu. Claro que a fase é difícil, que se trata de um garoto, que a cobrança é grande; porém, o futebol não espera. E Tartá, com idas e vindas, ainda não fez uma de suas espetaculares partidas este ano. Roni entrou a minutos do fim da partida, no lugar de Paulo César, mais pelo desespero da situação, sem causar nenhum impacto na partida. Mexida crucial foi a de Alan por Kieza: o jovem atacante teve a chance de decidir o jogo a nosso favor, a minutos do fim, entrando livre e sozinho dentro da área, mas chutando fracamente em cima do goleiro Jefferson. Pode-se dizer que foi o gol mais perdido que tivemos neste semestre: os botafogos já tinham feito o suspiro tradicional de quem vai tomar um gol inevitável. Mas não aconteceu: o goleiro de General Severiano fez as honras e perdemos uma oportunidade inacreditável. Daí em diante, apenas o desespero e o abafa na área sem maiores conseqüências.

É difícil escrever estas linhas sem lamento, sem tristeza. Mas também é difícil crer que o fim já chegou. Não se morre antes do tempo. Precisávamos desesperadamente destes três pontos, que não vieram. Sem contar a verdadeira pedreira que será enfrentar o Grêmio no Olímpico, na semana que vem. Porém, não temos mais escolha: é ir para a frente de batalha. E mesmo que a derrota seja inevitável, perder de cabeça erguida. Não é o que se reza pelo nosso catecismo, mas é o que vivemos hoje.

Deixei o Engenhão ontem com tristeza. Mas o jogo, o grande jogo, ainda não acabou.


Paulo-Roberto Andel, 14/09/2009

Friday, September 18, 2009

FLUMINENSE 1 X 1 NÁUTICO (06/09/2009)

Imobilizados (06/09/2009)

Poderia ter sido uma festa, mas não foi. Poderia ser o marco da nossa ressurreição, mas não foi. O fato é que empatamos ontem com o Náutico, no Maracanã, o que aumentou a agonia na luta contra o rebaixamento do Fluminense, nas reestréias do treinador Alexi Stival, o Cuca, assim como do veterano lateral-esquerdo Paulo César, egresso do futebol francês e assumidamente Tricolor de coração. Havia uma grande expectativa na semana que passou, por conta da viagem do time, que treinou por uma semana em Itu: poderíamos melhorar técnica e fisicamente falando. O treinador ainda era Renato Portaluppi, que foi demitido no dia seguinte à derrota para o Santos, na Vila Belmiro. Mais uma vez, Renato passou por percalços em nossa casa; é fato que não estava bem na função. Mas é nosso ídolo eterno e merece todo respeito.

Ver o resultado pelo senso estrito poderia indicar apenas uma atuação catastrófica do Tricolor, em mais uma partida não vencida sob seu mando de campo. No entanto, não foi assim. Dominamos com firmeza todo o primeiro tempo e, antes do belo gol marcado por Darío Conca aos vinte e sete minutos, tivemos esparsas chances de gol – o time ainda se ressente da pressão que é jogar sem poder falhar em nada, além da própria limitação de alguns jogadores. O que nos faltou mesmo foram o penúltimo e o último toques: até a intermediária, o jogo foi do Fluminense, com o Náutico avançando raramente e até satisfeito com a derrota por placar mínimo. E Roni poderia ter feito o segundo gol se não desperdiçasse mais uma vez uma finalização. Pela primeira vez em tempos, descemos tranqüilos para o vestiário: o time jogou bem e, mantendo a performance da primeira etapa, poderia conseguir a tão importante vitória. Quero falar do gol de Conca: muito marcado, o argentino nem sempre consegue conduzir o time sozinho em campo, mas tem demonstrado raça e valentia como se tivesse três metros de altura e quatrocentos quilos. É um pequeno leão. Quando erra, disputa a bola com sede animalesca. É dos jogadores que merecem nosso absoluto apoio. Seu chute rasteiro na marcação do gol, marca de força e raça. Uma excelente finalização, que matou o canto esquerdo do goleiro Capibaribe. Outro jogador que, surpreendentemente, esteve bem no primeiro tempo foi o lateral-direito Mariano que, apesar de seu reconhecido pouco trato com a bola, fez bons cruzamentos e apoiou bastante o ataque do Fluminense. E não posso deixar de falar de Gum, o jovem zagueiro de apelido curioso, que marca bem, com objetividade, sem firulas. Dalton, outro jovem zagueiro, bem também. Se nossa posição na tabela fosse outra, receberiam muitos destaques da imprensa.

Nas arquibancadas, a força de nossa torcida mesmo num momento tão ruim. Eram vinte mil pessoas no Maracanã, e muitas tremulando as bandeirinhas que fizeram da final da Copa Libertadores de 2008 um dos momentos mais bonitos da história do estádio. Sabemos de todas as dificuldades que nos cercam, mas ainda somos capazes de mostrar algum otimismo, até mesmo quando ele não se manifesta plenamente em campo. O público presente merece todos os parabéns por este jogo. Não é hora de abandonar o Fluminense, hora de deixar o Fluminense desfalecer como se fosse um abandonado na sarjeta.

Então, meus amigos, veio a segunda etapa. Mal estávamos sentados nas cadeiras amarelas e o Fluminense tomou o gol. Houve a saída, um ataque do Náutico pela esquerda de nossa defesa, e o lateral Patrick acertou um chute forte, que teve de ser defendido com rebote por nosso goleiro Rafael. A sobra caiu nos pés de Carlinhos Bala, com o gol vazio, que igualou o marcador e tornou o Maracanã um mausoléu de guerra. Ficamos imobilizados por um minuto, e pode se dizer que isso determinou que não venceríamos mais o jogo, tamanho o mal-estar coletivo por conta do gol de empate.

Paralisados, atônitos.

Dois minutos depois, Roni perdeu mais um gol feito, numa furada inacreditável de Roni dentro da área, após o passe de Diogo. A situação ficou insustentável para o veterano atacante que, tempos depois, foi justamente sacado do time para a entrada de Alan. Conca ainda tentou o gol da vitória, com a drástica substituição de Mariano por Maicon, além de João Paulo no lugar de Marquinho, que havia levado cartão amarelo. Embora o time não estivesse jogando mal e a pressão no ataque continuasse, ela não surtia muito efeito porque estávamos muito mal tecnicamente na frente e, por outro lado, a necessidade de vitória nos obrigava a relaxar da marcação, dando espaços ao Náutico para perigosos contra-ataques, felizmente sem sucesso. O jogo seguiu sua meia-hora final exatamente como o esboço desse parágrafo: o Fluminense afoito, aflito, desesperado, tentando chegar ao gol sem saber como, contra um Náutico que, naturalmente, via um ponto fora de casa como excelente pedida.

Mais uma vez, fracassamos em casa. O exaspero de nossa torcida no final da partida reflete bem o momento em que vivemos. De toda forma, o Fluminense de Cuca já tem alguns pequenos rascunhos do trabalho do treinador, e a expectativa é que isso melhore. Precisamos muito.

Não sei dizer de onde vêm as forças para ainda acreditar em algo que sabemos ser muito difícil. Mas o campeonato ainda não acabou. De forma alguma.

Ainda rolam os dados, ainda há esperança.

Semana que vem, a nova batalha é contra o Botafogo, no Engenhão. O mais antigo clássico do futebol brasileiro sob o manto manchado da zona de rebaixamento. Um jogo que, naturalmente, já é sempre muito duro, terá ares de vida ou morte. Estamos aqui para lutar. Seguiremos em nossa jornada.


Paulo-Roberto Andel, 07/09/2009

Tuesday, September 01, 2009

SOBRE O JOGO DO PRÓXIMO DOMINGO


FLUMINENSE VERSUS NÁUTICO CAPIBARIBE

Eu estarei lá.

Eu acredito SEMPRE!

Se tivesse saído a dois ou três minutos antes do fim, não teria visto os antológicos gols de Assis e Renato. Aliás, pouca gente fala, mas já havia o prenúncio de que a Gávea seria triturada por nós desde o ano anterior, 1982: vencemos por um a zero, gol de Amauri, aos 46 do segundo tempo, em falha do gigante Andrade. Naquele jogo vazio e sem maior importância, exceto a de ser Fla-Flu, eu nem de longe imaginava quantas alegrias teríamos a seguir. Experimentei, sim, foi o saboroso gosto de vencer o adversário no apagar das luzes.

Não é hora de abandonar o barco, mesmo que a decepção seja grande. Não se torce para um time só nas vitórias e conquistas - que muitas vi. O time é uma tatuagem, está lá a impregnar a pele para sempre - e não cabe remoção a laser.

Podemos ganhar dez jogos sim.

O Avaí conseguiu, o Goiás conseguiu. Merecem todo o respeito. Mas isso aqui é FLUMINENSE. Com todo respeito aos irmãos, somos maiores do que eles. Muito maiores. E não somos piores do que Náutico, Sport, Santo André, Botafogo, Atlético-PR, Flamengo e Coritiba. Esse jogo pode ser virado sim!

Quem viu nossa história sabe que nada para nós foi fácil; tudo, sempre sofrido. Bastaria dizer que, em quarenta anos, contra os grandes cariocas, só tivemos vantagem em 3 vezes: a) Botafogo, 1975, podíamos perder por 3 x 0; perdemos de um e fomos campeões; b) Vasco, em 1984, jogando pelo empate para ganhar o título brasileiro; c) contra a mulambada, semana passada, pela classificação na Sulamericana. Em TODAS AS OUTRAS VEZES, entramos em desvantagem nos momentos decisivos. Quem se lembra da Copa do Brasil em 2007, quando tivemos que reverter quatro desvantagens seguidas para conquistar o título? Lembro que muitos deixavam o Maracanã contra o Figueirense cabisbaixos, e falei: "Agora, tenho certeza de que seremos campeões. Tomamos um golaço indefensável a oito minutos do fim, jogávamos mal e conseguimos o empate". Não deu outra!

Há quem possa me criticar porque estou falando de grandes momentos, sendo o caso agora do risco de rebaixamento. Porém, depois de termos toda a imprensa e torcidas inteiras contra nós, recheadas de hipocrisia e deboche, nos salvarmos do rebaixamento este ano é equivalente a um título. Não pelo brilho, mas pela dificuldade. Nos desprezam hoje como também nos desprezaram quando chegávamos às finais e vencíamos. Lembrem-se de que o Fluminense é chamado pejorativamente pela imprensa (leia-se FlaPress) de "timinho" desde 1951 - há quase sessenta anos, portanto.

Tudo está contra nós. Tudo!

Salvar-se nessa é muito, mas muito difícil. Não cabe ilusões. O Fluminense está na UTI.

Sei da enorme dor que esta situação tem causado a todos nós. Vejo nos meus amigos mais queridos a tristeza e, em muitos casos, a quase certeza de que não escaparemos. Momentos ruins do passado vêm à tona na atual situação, e é compreensível.

Só que, entre o muito difícil e o impossível, vai uma distância longa, longa, enormemente longa!

E, da UTI, não saem somente cadáveres, mas também gente viva. E muito viva!

Acredito na salvação. Irei até o fim, enquanto as possibilidades matemáticas nos permitirem. Falo de dezesseis jogos, não de três. Falo de uma maravilhosa ciência denominada futebol, que não é exata.


Duvido que o pior aconteça mas, se for inevitável, eu estarei lá novamente.

A única coisa que restou viva na terra de toda a minha infância é o Fluminense. Derrubaram meus colégios, perdi meus pais e meu amigo mais antigo. O Fluminense está vivo, e eu irei com ele até a morte, haja o que houver. Ele é meu amigo de sempre, e sabemos que não se trai um amigo, ainda mais num momento difícil. Os jogadores podem passar, os dirigentes também, mas nossa camisa é eterna. E, a ela, sempre serei fiel.

Espero vocês no Maracanã domingo, mesmo com tudo contra nós.

Como sempre, estarei lá.



Paulo-Roberto Andel, 01/09/2009