Friday, March 05, 2010

FLUMINENSE 5 X 1 FRIBURGUENSE; TIGRES 0 X 3 FLUMINENSE




As melhores respostas (05/03/2010)

Caros amigos, tudo o que reclamando nas últimas semanas por conta das atuações pouco convincentes do Tricolor parece ter ido por terra. É o que se espera. Depois de um período ruim, culminando com a precária atuação diante do modestíssimo Confiança de Sergipe pela Copa do Brasil, o Fluminense voltou a campo nesta semana para duas partidas, respectivamente contra Friburguense e Tigres – um jogo no Maracanã e o outro, no Engenhão. Duas vitórias absolutas, inconstestáveis e que atestaram a recuperação da nossa camisa sagrada. A lamentar, apenas os pequenos públicos que prestigiaram os dois jogos, que infelizmente perderam não somente as boas atuações do coletivo Tricolor, mas também a emocionante estréia - e seqüência – do menino Wellington Silva, tão jovem ainda e já vendido para o futebol inglês. É claro que os torcedores não tiveram culpa; além da má fase, o Fluminense teve contra si um jogo televisionado em rede aberta cujo ingresso custava caríssimos quarenta reais no domingo. E ontem, evidentemente, o horário de 19.30 no Engenhão – excelente estádio, mas que fica quase inviabilizado para jogos que coincidam com o rush da cidade.

Há quem ainda veja o Fluminense de esguelha, por causa do histórico anterior recente. Este time mostrou no ano passado que seria capaz de desafiar paradigmas. Para alguns, uma boa partida domingo e outra, raozável, ontem. Para mim, uma atuação magistral contra o Friburguense e uma muito boa contra o Tigres. Domingo, fomos esplêndidos, pouco importando se o adversário de Friburgo tivesse limitações: qualquer time teria sofrido um bocado com nosso jogo. Criamos, tabelamos, não deixamos de avançar mesmo com a boa vantagem de gols e, a rigor, só cometemos um pecado em falha individual de Diogo, comentando o penal ao abraçar a bola. E não se pode deixar de lado o gol antológico que Fred teria feito, no primeiro tempo, se tivesse acertando fielmente o voleio que ensaiou. Uma obra de arte. Afora isso, cobrou os pênaltis com eficiência e calou os críticos de sua “paradinha”: fez o gol legal sem ela, cobrando com força e categoria. Tudo correu muito bem e teve a cereja do bolo: a impetuosidade do jovem Wellington, mostrando categoria na finalização do segundo gol, batendo de chapa contra três defensores para, em seguida, se emocionar profundamente ao perceber que, ali, era finalmente um jogador profissional de futebol. O maravilhoso gol de Conca, iniciado numa seqüência de tabelas que nasceu de um “chapéu” um tanto desajeitado de Mariano – por sinal, um dos mais vibrantes em campo. E ainda houve tempo para o belo gol do estreante André Lima, interceptando o chute de Conca e fuzilando o canto direito do goleiro friburguense. Foi uma jornada irretocável e uma verdadeira injeção de ânimo para nossa torcida, que vinha de uma atuação tão frustrante contra o Confiança. Reitero: foi injusto que uma partida tão boa tivesse tido um público tão pequeno, tendo em vista as circunstâncias já relatadas. Era preciso que muitos vissem ser este o Fluminense.

Durante a semana, como se já não bastasse uma verdadeira equipe de jornalismo a trabalhar pelos vencedores de véspera – os imperialistas de plantão -, tentou-se criar um fato “negativo” envolvendo a imagem do jovem Wellington: circulou na rede mundial de computadores uma foto em que o jovem atacante estava vestido com uma camisa da Gávea. Agora, surge a explicação das aspas na palavra da linha anterior: o que poderia ter de negativo nisso? Tal raciocínio só poderia ter surgido por parte de um outro império: o do mal. Wellington é um menino que gosta de futebol como tantos outros e pode, perfeitamente, torcer para outro time e vestir a nossa camisa com a máxima dignidade. Quantos exemplos não temos no futebol? Roberto Dinamite, outrora alvinegro de General Severiano, tornou-se o símbolo maior de São Januário – com direito ao gol mais bonito de sua carreira ter sido feito contra seu time de infância. Gerson, um dos maiores craques de todos os tempos, vestiu Gávea, General Severiano, Morumbi e sempre foi um de nossos mais apaixonados torcedores. Edmundo, sinônimo de dedicação, sempre foi louvado pelos irmãos vascaínos, mas vestiu nossa camisa com total isenção clubística e muita raça. Se fizéssemos aqui uma lista, daria um livro. A verdade é que tudo isso só aconteceu contra o menino Wellington porque hoje, ele é uma jóia das Laranjeiras: se estivesse em clubes preferidos da imprensa esportiva, seria apenas uma brincadeira. Fato infinitas vezes mais grave, envolvendo um possível ato de pedofilia no futebol carioca, tem sido tratado com o total abafamento do caso.

Wellington deu sua resposta ontem, com o mesmo futebol exibido contra o Friburguense e jogando uma ducha de água fria nos que queriam vê-lo com outra camisa: antes de ir para a Inglaterra, vestirá somente a nossa e nenhuma outra mais. O Fluminense, se não jogou com o vigor de domingo, mostrou um bom futebol e encontrou um adversário muitíssimo mais fechado, o que diminuiu e muito nossos espaços no ataque. Ainda assim, Fred voltou a marcar de cabeça, recordando aos esquecidos de que é um jogador completo na finalização, além de participar decisivamente no lindo segundo gol, feito por Everton, depois de bela tabelinha tal como já havia acontecido no domingo – e, ele, Fred, aos poucos mostra recuperar a mobilidade em campo que, um dia, o fez jogador de Copa do Mundo. Lá atrás, a defesa de pouquíssimos reveses se sustenta com força.

É normal que muitos achem esses dois jogos como “galinha-morta”, tendo em vista a pífia participação dos times de menor investimento no campeonato estadual. Sem comparação com nosso rosário de glórias, de toda forma não custa lembrar: em jornadas como a dos tricampeões de 1985, também enfrentávamos times “galinha-morta”; contudo, na hora da decisão, prevaleceu o manto sagrado das Laranjeiras. Isso não é a torcida pela torcida, míope, às vezes cega: trata-se de uma constatação. Com exceção da Máquina de 1975, o Fluminense jamais teve alarido na imprensa por conta dos times que montou: éramos o Timinho. E não foram poucas as vezes que começamos desacreditados para, ao final dos certames, trazer a taça definitiva para nossa casa. Naturalmente, é preciso ainda paciência e tempo. Porém, ficou claro que nossa desconfiança teve as respostas corretas: o Fluminense está vivo, o Fluminense está forte e poderá avançar nas competições que disputará este ano não apenas como um decadente figurante, mas um postulante a títulos. É o que todos esperamos.


Paulo-Roberto Andel, 05/03/2009

No comments: