Tuesday, April 27, 2010

PORTUGUESA 0 X 1 FLUMINENSE (15/04/2010)


Reconstrução (16/04/2010)


De volta a campo, após a apática derrota de virada para o Botafogo, que nos alijou do campeonato estadual, o Fluminense voltou a campo para um compromisso pela Copa do Brasil. Adversidades à vista eram evidentes: enfrentar o sempre incômodo time da Portuguesa de Desportos (que, no ano, permaneceu invicta à frente dos grandes times paulistas) em seu estádio, o Canindé; a arbitragem historicamente confusa de Heber Roberto Lopes; a pressão interna pela perda do título estadual, inclusive com os rumores de demissão de Alexi Stival, o Cuca, sem contar a crise ocorrida por conta do auto-afastamento do zagueiro Dalton que, mal-orientado, buscou a porta dos fundos como meio de viabilidade econômica ao abandonar o time frente a uma decisão de título. Enfim, parecia um prato cheio contra as Laranjeiras. Entretanto, sucedeu o contrário: vencemos o jogo pelo escore mínimo e, com isso, adquirimos o favoritismo para a classificação, dado que jogamos por ao menos um empate com qualquer placar. Não jogamos o fino da bola, com o rigor da verdade: a insegurança pelos maus resultados em 2010 tem afetado o Fluminense. Todavia, o que se pode ver de muito elogiável foi a postura da equipe, brigando com tudo pela vitória de forma muito semelhante à sensacional virada do ano passado, no campeonato brasileiro.

Para a Lusa, jogar em seus domínios naturalmente significava tentar atacar, encolher o Fluminense em seu campo e buscar a vitória para tentar garantir a classificação no Maracanã. Por outro lado, precisávamos apagar a péssima imagem da desclassificação de sábado. Foi o que aconteceu: ambos correram muito e buscaram o ataque; porém, faltou o essencial – a qualidade nos passes e finalizações. De toda forma, para os poucos e heróicos Tricolores presentes no Canindé, se não foi possível o time de guerreiros com o ótimo futebol do fim do ano passado, ao menos o que se viu foi um Fluminense disposto a reabilitar sua imagem no que se refere à disposição, a vontade de jogar e vestir a sagrada camisa centenária das Laranjeiras. Mais do que isso, não tivemos. O bom futebol não esteve presente. Mas a atitude em campo foi louvável. Além do mais, um empate fora de casa não seria tão mau resultado, embora a vitória desse um sabor especial ao momento. Sabemos que melhorar é preciso. E muito. Mas, num jogo truncado, cheio de faltas e cartões, sem maiores chances de finalização, é de se reconhecer que não estivemos sem viço como no clássico contra o Botafogo.

Quando veio o segundo tempo, aos poucos o Fluminense tomou o campo adversário para si, embora não criasse chances claras de gol. Era preciso uma, somente uma. E ela veio, quase que como um símbolo do time atual: a raça, representada por Mariano, para o talento de Fred. O lateral deu um passe à frente da área. Fred estava completamente marcado, mas foi o tempo da bola quicar, ele ajeitar com maestria e fuzilar o canto direito do goleiro Fábio, que nada pôde fazer. Era o gol solitário do jogo, que numa competição como a Copa do Brasil pode significar o caminho para o título. Um gol de craque, como muitos que Fred tem feito. E a raça mostrada pelo Fluminense em campo ainda foi mais evidente quanto perdemos Marquinho, expulso, o que nos obrigou a jogar boa parte do segundo tempo com um homem a menos; nos quinze minutos finais, com o desespero de estar perdendo em casa, a Portuguesa foi todo ataque e muito nos pressionou, mas soubemos defender o magro escore com total galhardia e, dessa feita, foi conquistado um grande resultado em termos da competição e seu regulamento, ainda mais por não termos sofrido gol nesta vitória. Claro, uma vantagem maior seria mais confortável, mas não custa lembrar que a força da Portuguesa tem sido tamanha a ponto de ela ter terminado o campeonato paulista incita contra os grandes clubes, além de ter lutado pela vaga às semifinais durante quase toda a primeira fase do certame. Logo, não se tratou de um adversário qualquer e, com um a zero, podemos dizer que não pelo jogo, mas pelo resultado, foi um grande triunfo.

Perder o título estadual foi doloroso, mas tudo indica que o raçudo Tricolor está de volta. Se não for o do grande talento de 2008 ou dos brilhantes de 2005, que seja o time guerreiro de 2007 – aquele em quem ninguém apostava um tostão furado, mas que foi o detentor do troféu do Brasil. Caso consigamos a classificação semana que vem, no Maracanã, mais à frente teremos uma nova pedreira: o vencedor de Grêmio contra Avaí. A Copa do Brasil não permite vacilos: é preciso jogar com o regulamento na vista e tomar todos os cuidados. Para chegarmos lá, basta qualquer empate. A Portuguesa tem sua força e seu valor, mas creio que esta vitória no jogo de ida traz o favoritismo à vaga para o nosso lado. Galguemos cada degrau aos poucos. Nenhum jornalista nos dá valor; o Fluminense é descrito como um artífice da derrota. Sigamos em frente, como é da nossa sina. Talvez o caminho seja brilhante.

Paulo-Roberto Andel

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