Monday, January 10, 2011

SOBRE FERNANDO HENRIQUE (O GOLEIRO, CLARO)


Recentemente, quando publiquei meu livro “Do inferno ao céu – a história de um time de guerreiros”, numa única noite folheei algumas páginas por curiosidade, aquela coisa de ver a obra em progresso estar erguida.

Para qualquer pessoa que goste de escrever, profissionalmente ou não, muitas vezes o que foi escrito deveria ter sido refeito ou até mesmo ser suprimido. É sina do escritor: escrever, reescrever, cortar.

Aconteceu comigo durante a folheada, num único momento: uma crônica que escrevi contra Fernando Henrique, o então arqueiro Tricolor na partida da publicação. Não que tenha de mudado de forma alguma meu pensamento sobre o dito naquele momento, mas sim a maneira como escrevi – essa é que me incomodou. De toda forma, como o que produzi sempre teve o calor do fim dos jogos, talvez fosse inevitável dizer o que foi dito. Enfim, eu teria feito de outra forma, mas não menos crítica: além do resultado ter sido mais ácido do que é o tradicional da minha personalidade, sei que Fernando teve e tem muitos admiradores entre os torcedores do Fluminense, aos quais eu jamais gostaria de ofender ou parecer ofensivo por conta de minhas palavras. Tudo o que falei e falo tem a ver com as quatro linhas e o que nelas influencia, tão-somente.

A meu ver, se tivesse se empenhado mais, principalmente na correção de deficiências claras e em não teimar com a prioridade de jogo com os pés, agindo como um beque-equipe, Fernando poderia ter ido muito mais longe diante das traves que consagraram craques como Marcos Carneiro de Mendonça, Batatais, Castilho, Veludo, Félix, Renato, Wendel e o monumental Paulo Victor – a quem ele mesmo, Fernando, num momento de rasa lucidez, criticou sem o menor conhecimento de causa, assim como criticava a torcida que o vaiava - motivo, aliás, da minha eventual ira. Todavia, essas hipérboles desastradas - muitas vezes temperadas com a arrogância que, às vezes, os jovens confundem com personalidade, além de arroubos estatísticos inconsistentes – não apagam o brilho de ter feito parte dos campeões do centenário de 2002 e da Copa do Brasil em 2007 (onde foi de grande importância). Tivesse a regularidade deste certame, iria longe, muito longe. Trocasse a noite dos pagodes e funks pelo dia dos treinos, faltas, cruzamentos e chutes, iria muito longe – e isso é que me parecia mais frustrante como torcedor: saber que, se tivesse aplicado a dedicação devida, ele teria me poupado de vaiar, criticar e escrever. Havia potencial, faltavam aplicação e humildade.

Fernando teve o seu momento bom, teve momentos bem ruins, fez uma vida nas Laranjeiras. Ganhou aplausos, algumas vezes com total justiça, noutras com certo exagero; foi também muito vaiado com justiça. Veio e foi, subiu e desceu. Não estou aqui para mudar o disse ou o que escrevi muitas vezes, mas para mudar o tom que parecia ser belicoso quando, na verdade, era a decepção por alguém por quem eu também torci – era o goleiro do meu time, ora! Era alguém que eu queria ver bem em campo a todo momento, o que espero que seus fãs entendam.

No mais, é evidente que desejo toda sorte ao ex-jogador Tricolor e que tenha uma grande fase em seu novo time – uma volta por cima feita com seriedade e aplicação maiores do que as do passado, capazes de agradar ao seu séqüito de admiradores e contestar humildes opiniões como a deste escriba.

Mas reitero: será preciso trabalho, muito trabalho.


Paulo-Roberto Andel, 10/01/2011

1 comment:

Jhennifer Fraga said...

Apesar de ter se envolvido em alguns episódios lamentáveis,o Fernando Henrique era um bom goleiro,não queira que ele deixasse o Flu.Se é para mandar um goleiro embora o Rafael seria a melhor opção.

abraços!

http://fluminensetricolorguerreiro.blogspot.com/