Wednesday, July 29, 2009

FLUMINENSE 1 X 1 CRUZEIRO

Fagulha na tempestade (26/07/2009)


A agonia do Fluminense persiste. É um momento de muita dificuldade e tristeza para todos nós, na atual campanha que tem todas as matizes da vergonha. Apesar de tudo, desta vez o Fluminense não perdeu, se é que o empate dentro de casa, contra um time que tinha um jogador a menos, pode ser considerado um bom resultado. Claro que nosso adversário, o Cruzeiro, é um time de enorme valor e respeito. Contudo, um time que pretende se afastar da desagradável zona de rebaixamento do campeonato brasileiro não pode se limitar a empates em casa.

Desde minha última crônica, sobre a nossa derrota para o Internacional no Beira-Rio, eis que o Fluminense sofreu outras duas derrotas. Uma, sábado passado, acachapante, para o Goiás, numa goleada construída em menos de trinta minutos, no segundo tempo, e de virada. Foi o resultado que sacramentou a dispensa do jovem treinador Eutrópio, numa experiência precipitada e que claramente não surtiria efeitos. Em seguida, o Portaluppi de volta, com a bênção do patrocinador do clube, cada vez mais dotado dos poderes presidenciais em Álvaro Chaves. Portaluppi é nosso eterno herói em campo, é um campeão do Centenário e decidiu o maior Fla-Flu da história do Maracanã. Tem algum valor em sua nova profissão; já nos levou a um grande triunfo. Mas... seria o nome apropriado para ajustar o time atual do Fluminense? Se o experiente e competentíssimo Carlos Alberto Parreira, nome certo no pantheon de glórias das Laranjeiras, não conseguiu, seria certo o nome de Portaluppi? Nós, torcedores, esperamos que sim. Ainda.

Então o novo treinador estreou contra o Atlético Mineiro, no Mineirão, na quarta-passada. Podemos dizer que o time apresentou mais raça e velocidade. A parte negativa veio com a contusão de Fred e, a meu ver, com a equivocada barracão do goleiro Ricardo Berna. Fernando, de volta, mostrou o velho repertório de jogadas com os pés, tal qual um capoeirista. Entretanto, a força de um goleiro está nas mãos, na saída do gol, no fechar de ângulos e, mais uma vez, fomos comprometidos por uma falha sua, no primeiro gol dos mineiros, quando a partida parecia equilibrada e qualquer um dos times poderia estar à frente. Logo, o Atlético fez o segundo; descontamos no final, mas isso foi pouco para a reação. Mais uma derrota. O problema não estava em Parreira e nem em Berna. Mais uma derrota e, mais uma vez, a péssima situação saltando aos olhos.

Quero falar da força de nossa torcida. Sei que somos gigantes, mas me surpreendeu ver treze mil Tricolores no Maracanã, num frio começo de noite de domingo. Outra situação também foi muito triste: a perda de Cléber. Sim, Cléber, o armador de um time simplesmente conhecido com Máquina. Tempos em que as jovens promessas do Fluminense eram Pintinho, Cléber, Mário, Zezé, Delei. Os tempos são outros. Guardarei toda minha saudade.

Falarei do jogo contra o Cruzeiro. Na primeira meia hora de partida, tivemos as nossas chances. O esquema 3-6-1 não ofereceu nenhuma melhora para o futebol da equipe, ressalte-se. Mas Conca e Kiesa, em jogadas distintas, poderiam ter aberto o marcador. Não que fôssemos melhores em campo, com a pobreza criativa que temos sofrido, mas um gol teria sido normal. Para variar, não fizemos; em sua primeira boa oportunidade, o Cruzeiro entrou tabelando como quis, Henrique apareceu livre na frente do gol e inaugurou o marcador, com a bola rasteira no meio da meta. E, claro, a partir de então, o primeiro tempo foi marcado pela apatia, pelo desânimo e pelo mal-estar típicos de quem vem de uma enorme seqüência de fracassos. Felizmente, o placar não se dilatou.

Começamos a segunda etapa com sorte. Dieguinho, que entrara na vaga de João Paulo, cruzou e Kiesa empatou, chutando forte no canto direito de Fábio. Era o primeiro minuto e, para um time em boa fase, seria certamente um chamariz para a virada. Não é o nosso caso de hoje. O Fluminense até atacou, tentou algumas jogadas, mas a frouxidão ainda maior da nossa marcação, agravada pela saída de Fabinho, permitiu ao Cruzeiro um sem-par de oportunidades claras – algumas, chutadas para fora; outras, nos pés capoeiristas de Fernando. E o maior agravante foi que tivemos meia hora em campo com o Cruzeiro tendo apenas dez jogadores: Leonardo tinha sido expulso aos dezesseis minutos. Repetindo uma estranha sina que já vem de longas jornadas, o Tricolor é que passou a ser dominado e pressionado, como se nós é que estivéssemos numericamente inferiores nas quatro linhas. E ainda fomos salvos pelo travessão, depois de uma finalização de Jonathan. Nos sobrou ainda um último lance, com Kiesa, mas o jovem atacante, embora veloz, ainda não mostrou se é um bom finalizador. Perdemos mais um gol. Conquistamos um ponto. E a agonia continua.

Na próxima quarta, tarefa das mais difíceis. Sem Fred, sem outros jogadores, temos pela frente o poderoso Palmeiras de Muricy em sua casa, o Parque Antarctica. Nunca foi tão difícil esperar uma vitória nossa, mas não temos outra alternativa: é torcer dia e noite, sol e chuva para sair da má situação em que estamos. Qualquer ponto nos interessa, qualquer ponto é glória e salvação, mesmo que, por um momento, pareça apenas uma fagulha em plena tempestade.


Paulo-Roberto Andel, 27/07/2009

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