Tuesday, July 18, 2006

Fé na vida, fé no jogo

Persistência, amigos, persistência.

A vida é um jogo. Ela só acaba quando termina.

Quarenta e cinco minutos do segundo tempo, mais acréscimos. Fé.

O Maracanã da minha adolescência quase sempre tinha dois grandes amigos vascaínos comigo. Minutos finais de derrotas significavam invariavelmente solidão. Fugiam. Não queriam ver o fim. Abandonavam a vida, a realidade às vezes dura dos fatos em busca de uma fuga inútil. Bons amigos, mas avestruzes da bola.

Acho que o Maracanã tem esse quê de divã. Invariavelmente, aqueles que persistem num jogo, que acreditam até o final, persistem também no seu dia-a-dia. Não vão abandonar a luta antes de ter seu fim decretado. Não vão deixar de acreditar no seu time, ou quando muito, estarão ali para exercerem os seus papéis de críticos e consumidores enganados e xingarem, urrarem a plenos pulmões contra os pernas-de-pau que ousam vestir a camisa de seu clube. Não vão abandonar o problema e fugir dele, mas sim tentar resolver.

Vencer.

Felizmente nunca passei pela tenebrosa experiência de ouvir um gol do meu time, o do empate inacreditável, o da derrota vendida caro, na rampa do Bellini. Os jogos a que fui, assisti-os todos. Testemunhei tudo. Nada pude fazer por eles (não sou ladrilheiro...). Berrei. Xinguei mães. Mas vivi. Cumpri meu papel. Acreditei.

Meus amigos perderam, num Vasco e Bangu, se não me engano em 1984, uma das faltas mais fantásticas que vi Roberto Dinamite bater. Empate, aos 45 do 2º tempo. Inesquecível. Felicidade quase plena. Um pouco de tristeza por estar só, sem os dois. Quase vinte anos depois, encontro um dos dois na arquibancada, ano passado. Ironia: a história se repetiu. Gol no finalzinho e o empate. Ele novamente não viu.

Metáfora... na hora dos problemas, da dureza, da dificuldade, poucos ficarão. Mas esses segurarão a barra com você. E comemorarão as vitórias mais sofridas, suadas, eternas. Outros estarão na rampa. Ou terão apagado a televisão. Ou fecharão os olhos pra não ver o Baggio bater o pênalti...e perder. Aquele segundo passará, esteja você perto de mim, ou não, vendo ou não.

E você será um vencedor.

Ou não.


Zeca Tal – 17/07/06

zecatal@tribo12.com.br

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