Tuesday, July 04, 2006

Fenomenal!

A Copa do Mundo começa e as atenções de todo o planeta se voltam para as trinta e duas seleções relacionadas e para seus jogadores, em especial os chamados craques.

No scratch canarinho, o quase sempre favorito de todos os que acompanham o futebol pelo mundo afora e de todas as bolsas de apostas dos grandes centros, destacam-se vários jogadores dignos de serem apontados como craques e há quatro Copas do Mundo, incluindo esta, destaca-se um em especial, sempre muito discutido e protagonista de eternas discussões e análises muitas das vezes injustas e precipitadas.

Cercado sempre de grande expectativa em torno de suas prováveis atuações no Mundial e envolto algumas vezes em controvérsias, normalmente originadas fora dos gramados, Ronaldo Fenômeno, ex-Ronaldinho, é prato cheio para a imprensa e mídia em geral.

Problemas extra-campo à parte, o que se cobrar ou reclamar do cara? Senão, atentemos para breve histórico de sua meteórica, vitoriosa e surpreendente carreira.

Aos dezesseis anos de idade, recém levado ao Cruzeiro de Belo Horizonte, vindo do modesto São Cristóvão do Rio de Janeiro, o garoto de Bento Ribeiro, subúrbio da Central, no Rio de Janeiro, começa a aparecer nos gols do Fantástico, iniciando a coleção de pinturas de sua artística carreira de goleador nato.

Num desses domingos de gols do Campeonato Brasileiro, um em especial chama a atenção do país inteiro, quando o garoto, se fingindo de morto, como quem bate uma carteira, rouba a bola do experiente goleiro Rodolfo Rodriguez, que a soltara na pequena área após uma defesa e antes de recolocá-la em jogo, teve tempo apenas de ouvir a torcida da Raposa Mineira comemorando o gol. O garoto corria para a galera com aquele sorrido de moleque, aquela cara de garoto quando comemora uma travessura. Não era a comemoração simples de um gol, como vemos normalmente. Jamais esqueci dessa cena.

Pouco tempo depois, o menino estava na Holanda, no PSV e lá continuou marcando seus golzinhos. Depois Espanha, no Barcelona, Itália, na Internazionale de Milão e de novo na Espanha, no Real Madrid. Carreira vitoriosa, sem dúvida! Ídolo por onde passou, Ronaldo continua fazendo escola entre os meninos de todo o mundo. Todos sonham em ser um Ronaldinho.

Sua história, envergando a não menos vitoriosa camisa da seleção brasileira, é indiscutivelmente fantástica e apresenta números surpreendentes. Aos dezessete anos, em 1994, é convocado para sua primeira Copa do Mundo, onde assiste aos jogos no banco de reservas, ainda deslumbrado talvez, por participar do mesmo grupo de seus prováveis ídolos como Romário e Bebeto. Não joga, é verdade, mas quem sabe não tenha sido levado como uma espécie de amuleto, por indicação do próprio Zagalo, o então Coordenador Técnico da Seleção, para quem sabe, repetir o feito de um outro gênio, o maior de todos, Pelé, que em 58 também tinha a mesma idade. Quem sabe?

Como todos sabem, Zagalo é muito supersticioso e não perderia essa chance. Poderia também Ronaldinho, numa necessidade circunstancial durante a Copa, entrar e bater outra carteira de algum goleiro desatento. Na verdade, sua convocação foi um prêmio por suas atuações e gols espetaculares já marcados.

No final, Brasil tetracampeão, título esperado por vinte e quatro anos de angústia e seguidas decepções. O amuleto começava a funcionar!

Em 1998, Ronaldinho, com 21 anos de idade e já eleito duas vezes melhor jogador do mundo pela imprensa européia especializada, é a maior estrela da Copa na França. Agora, carregando toda a pressão e o desejo de todos os brasileiros pela conquista do Penta, tem grande desempenho, sendo o artilheiro do Brasil, que chega novamente à final contra os donos da casa, dia em que não se sente bem antes do jogo e tem sua escalação ameaçada. Mesmo assim, entra em campo, mas como todo o time, não está no melhor dos seus dias e a França é Campeã. Tudo muito estranho para todos até hoje.

Antes da Copa da Coréia e Japão, 2002, o craque sofre contusões que primeiramente leva-o à cirurgia do joelho, afastando-o dos gramados por longo tempo e na volta, nova contusão no mesmo local, numa cena vista e comentada por todo o mundo, por suas imagens chocantes e a grande dúvida que deixava no ar. Voltará a jogar futebol? E se voltar, ainda será o mesmo? O mundo se perguntava sobre o futuro do maior jogador em atividade então.

Após muita determinação, Ronaldinho é preparado para a Copa e sob suspeita de quase todos, inicia sua retomada e com ele no comando, com sua força e com seus gols, conquistamos o tão sonhado Penta. Ronaldo encanta o mundo com seu talento, força e irreverência (lança o corte de cabelo Cascão, imitado imediatamente por garotos de toda parte), é o maior jogador da Copa e artilheiro da competição, além de marcar os dois gols na final contra os alemães.

Agora em 2006, Copa na Alemanha, a terceira da história neste país, Ronaldo, 29 anos, que já não necessitaria provar mais nada pra ninguém, considerando-se seu histórico de conquistas, tem outra contusão de menor gravidade um pouco antes da convocação final para sua quarta Copa, engorda uns quilinhos, que somados a outros episódios envolvendo sua vida pessoal durante o período entre - copas, lhe custa uma perseguição implacável de todos, transformando-o em alvo de piadas e novamente do questionamento sobre seu provável desempenho.

Enfim, começa a Copa do Mundo e aos poucos, driblando alguns adversários e toda a pressão em cima de seus ombros, o gordinho vai afinando, driblando mais adversários e fazendo os gols tão esperados e após o quarto jogo da seleção, com três gols assinalados, já é nosso artilheiro e segundo na competição, além de bater o record até então pertencente ao alemão Müller, de maior artilheiro da história das Copas. Será que algum dia ainda disputará um Campeonato Carioca (de preferência com a camisa do meu clube)? Seria a realização do sonho de qualquer torcedor, não acham?

Parece-me, definitivamente, que ainda é o melhor na posição e que teremos de torcer muito por ele, se pensamos em trazer o Hexa e pra encurtar a conversa, sem mais dados estatísticos, como artilharia em eliminatórias, outras conquistas como Copa América, etc, deixo aqui a pergunta: é fenomenal ou não é?

Jocemar de Souza Barros. RJ, 28/06/2006.

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