Wednesday, November 25, 2009

SPORT 0 X 3 FLUMINENSE (22/11/2009)



A dois passos do impossível (23/11/2009)

Quando o primeiro tempo do nosso jogo de ontem terminou, na famosa Ilha do Retiro, era nítida a preocupação da nossa massa de milhões de Tricolores em terras nacionais e estrangeiras. Primeiro, não se sabia ao certo se o time estava por dosar o investimento físico no jogo visando administrar a maratona de jogos à frente ou se, por conta da enorme dedicação apresentada neste mês e meio recente, nossa força sucumbia pelo cansaço. Não é que tenhamos mostrado um mau futebol, ainda que o gramado do tradicional estádio não pudesse oferecer qualquer qualidade: apenas não parecia haver a enorme gana das últimas – e espetaculares jornadas. Entretanto, a união do elenco do Fluminense é tamanha que isso se vê até na entrada em campo do time, numa cobrança de lateral ou mesmo quando alguém bebe água na lateral do campo. E, por mais que o Sport já estivesse condenado pelo descenso, vencê-lo em casa é sempre tarefa difícil em qualquer circunstância para qualquer time brasileiro. Além de tudo, a enorme pressão que sofremos por não termos mais direito a qualquer erro. Não se pode falhar. Mas o Fluminense de hoje não falha – pode até tardar, mas não falha. Por isso, conseguimos mais uma vitória fantástica - só não saímos do descenso porque General Severiano derrotou brilhantemente o líder São Paulo, mas, com uma simples vitória no próximo domingo, contra o Vitória no Maracanã, quaisquer sejam os outros resultados, estaremos fora do descenso a uma rodada do fim da competição. Para os que se auto-proclamam, era uma tarefa impossível que o Fluminense, o secular e vitorioso Fluminense, vencesse dez jogos ao fim da competição e se mantivesse na primeira divisão. Pois bem: dos dez, oito já foram deflagrados; faltam dois. Dois jogos, muito difíceis, estão à frente. Eu vos pergunto: vencer o poderoso Cruzeiro no Mineirão também não era muito difícil? E o então líder Palmeiras? E o postulante Atlético Mineiro? E o Cerro, pela Sulamericana? Através dos jornais surrados, deram-nos extrema unção e atestado de óbito pré-datado – hoje, tudo isso tende a ser uma enorme “barriga”, termo jornalístico utilizado para definir a publicação de notícias inverídicas.

Quero falar do jogo. O Sport não foi galinha-morta, pelo contrário: apesar das limitações técnicas, corria e buscava o ataque. Do nosso lado, Fred estava muito marcado e Conca também, de modo que as chances eram escassas. O tempo passava e, naturalmente, aumentava nossa preocupação. A questão física nos impedia de uma marcação mais agressiva, avançada, e isso o Sport usou bem para seus contra-ataques. Então, o jogo foi bem parelho em sua primeira etapa e, sem dúvida, podemos dizer: o Sport foi melhor no meio-campo. Bom, mas os pernambucanos quase sempre prevalecem em seu estádio contra qualquer adversário, poderoso ou não. Não custa lembrar, entretanto, que o Fluminense de hoje, ao contrário do que diz a tabela de pontuação, é um time poderoso – e o maior pontuador do Brasil de um mês para cá. Então, se tínhamos que nos cuidar contra eles para evitarmos surpresas desagradáveis, a recíproca era verdadeiríssima. O segundo tempo seria outra história, até porque seria hora de corrermos mais – se conseguíssemos.

Veio a fase final e o jogo continuava equilibrado. Um terço jogado e o zero ainda no marcador. Mas ninguém tem resistido ao Fluminense de hoje e a história se repetiu, contrariando aos fariseus: entrou em campo o nosso pé-quente, Maurício, e alçou bola sobre a área, pela esquerda de ataque. Aconteceu uma cabeçada santa: o bom zagueiro Zé Antônio, que tinha ate então anulado nossos ataques, roçou de cabeça na bola o suficiente para encobrir o goleiro Cleber e marcar gol contra. Era a abertura do placar e, ali, o time recuperou a força de outros jogos. Não me venham dizer que o Sport tinha perdido um jogador expulso e, mais tarde, outro: continuou a ser um time voluntarioso e, além do mais, os cartões vermelhos foram aplicados com absoluta justiça.

Com mais espaço, o Fluminense evoluiu e fez fantástica meia-hora final de partida. Conca passou a voar: em grande arrancada, deixou Fred livre à frente do gol, com o goleiro batido. É desnecessário dizer que o artilheiro não perdoa: mata! Bola rasteira, forte, reta, no canto direito e a consagração da vitória. Conca ainda não estava satisfeito e, em entrada pela diagonal esquerda do ataque, fuzilou o canto esquerdo de Cleber e fez o terceiro gol a cinco minutos do fim. Este é o Fluminense de hoje: quando não joga bem em parte do confronto, vence de três. E quem lembra quantas vezes o Sport perde por três a zero dentro de casa em qualquer campeonato?

Entendo que alguns tenham até sentido certa frustração porque, com os resultados em andamento, teríamos saído do descenso ontem – o que acabou não acontecendo pelo milagroso gol no Engenhão. Eu vejo por outra janela: o Fluminense está prestes a realizar a maior virada de mesa da história dos campeonatos brasileiros – ao contrário das galhofas dos jornais, uma virada limpa, no campo e incontestável. Eram dez vitórias. O Fluminense já estava condenado à morte pelos maliciosos e levianos. Vencemos oito. Faltam dois jogos por um a zero, pelo placar mínimo, aquele de 1951 que precedeu nosso título mundial. Pela primeira vez em meses, dependemos somente de nossas próprias forças para eliminar o descenso. Quem há de duvidar? Os que vaticinaram a morte do Fluminense depois dos pênaltis contra a LDU? Pois bem, que se lembrem de quem será nosso adversário na nova final da América, que começa depois de amanhã. Nada é impossível para a centenária camisa de Álvaro Chaves.

Assim como não se conquistam vitórias e títulos com manchetes pré-fabricadas, o mesmo vale para o descenso. Não se rebaixa nenhum time apenas por vontade pessoal, rancores ou falácias. O fato é que o Fluminense está muito, mas muito vivo. Com duas vitórias simples, rasgará sete meses de campanhas torpes dos jornais. Essa é nossa história: subverter aos que tentam nos diminuir ou humilhar. Domingo que vem, o Maracanã estará abarrotado e, com todo respeito ao baiano Vitória, hoje, mais do que nunca, somos os favoritos. Vencer o vencer. É nossa sina. Antes disso, no meio de semana, a América novamente à frente contra os favoritos da LDU. Favoritos? Só se forem dos que insistem em negar nossa grandeza.

Contra o Fluminense em campo numa final, não existe favorito.

Nunca!


Paulo-Roberto Andel, 23/11/2009

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