Friday, May 14, 2010

CEARÁ 1 X 0 FLUMINENSE (09/05/2010)


Pé-esquerdo (10/05/2010)

Meus amigos, começou o campeonato brasileiro. E, com ele, mais um capítulo da nossa trajetória em 2010: falhas, irregularidades e o imponderável pelo caminho. Estreamos com derrota, um a zero para o Ceará, calouro da primeira divisão, numa partida em que jogamos muito mal – ou até pior do que noutras oportunidades deste ano – e, ainda por cima, fomos claramente prejudicados pelo árbitro Oliveira, que assinalou um pênalti de Cássio que era, no mínimo, discutível. Este penal acabou sendo decisivo para a vitória do time cearense, pois além do tento, ganharam a vantagem de mais um jogador em campo praticamente até o final da partida, quando Heleno também recebeu o cartão vermelho, muito mais naquele tradicional clima de compensação do que propriamente do jogo em si.

Começando nova trilha depois do fracasso na Copa do Brasil, o Fluminense não teve tempo para sequer recolher os cacos. Some a isso a má fase, a distância continental e a pressão que existe em todos os jogos deste certame, o resultado foi mais uma derrota, a terceira sob o comando de Muricy Ramalho. Uma estreia no campeonato com o pé-esquerdo! Contudo, é importante ressaltar que o treinador, até o momento, está completamente isento destes maus resultados recentes. A bem da verdade, tirando o primeiro tempo da segunda partida contra o Grêmio e os primeiros minutos da primeira partida, o resto somado não dá um jogo sequer razoável do nosso time. Curiosamente, justo na primeira temporada em anos que conseguimos estrear com uma base do ano anterior, é que o Fluminense parece completamente desentrosado.

Até a marcação do tresloucado pênalti – que, repito, não seria marcado contra outras equipes que normalmente lideram as preferências midiáticas -, pode-se dizer que o jogo estava nivelado por baixo. Tímido, o Ceará, mesmo apoiado por sua grande torcida, não era ameaçador. E o Fluminense, por sua vez, nem chutava a gol. Em paralelo, muitos erros de passes e jogadas sem conclusão. Era um jogo com cara de zero a zero. Isso durou meia hora, até que uma jogada de falta do Ceará, não marcada no meio de campo, gerou um lançamento irregular para o meio da área. Cássio, que normalmente tem dificuldades de antecipação contra qualquer atacante, desta vez tocou a bola antes de encostar no experiente centroavante Geraldo, que caiu com o leve toque. Oliveira, além de marcar um pênalti que não ocorreu e foi oriundo de uma jogada faltosa, ainda expulsou o zagueiro por ser o último homem. Em dois segundos, comprometeu catastroficamente a atuação de um Fluminense que, se não vinha jogando bem, ao menos empatava com certa justiça e, neste campeonato, todo ponto conquistado fora de casa é por demais bem-vindo. Houve ainda uma questão que muitos consideram polêmica, embora não seja meu caso: a defesa do pênalti por Rafael. Sim, nosso goleiro evitou o gol, mas é certo que se adiantou e a repetição do lance, a meu ver, estava plenamente justificada. E então Geraldo fez o gol que, no fim das contas, decidiu o jogo. Entendo que o pênalti foi criado com o intuito de beneficiar o ataque através da facilidade de marcação do gol; logo, ele não deve ser um instrumento paternalista a favor de goleiros ou de defesas. Quem comete o pênalti merece levar o gol. Porém, neste caso, nem deveria haver a jogada suspeita de pênalti, uma vez que o lance foi o prosseguimento de uma aberração, que foi a falta de ataque do time cearense. Em segundos, Oliveira comprometeu sua atuação e a do Fluminense.

Se você estranhou minha ênfase neste tema, o do penal mal marcado, posso explicar: o que teríamos para falar de melhor nosso nesse primeiro tempo? Nada. Ninguém melhor do que Muricy, à beira de um infarto na área técnica, vociferando justamente contra tudo o que via em campo em termos da má atuação de nosso time. E, seja lá o que tenha acontecido no vestiário, o fato é que quase nada mudou na volta do time para o campo.

Everton entrou no lugar do sempre apagado Williams, o que deu um mínimo de movimentação a mais para o Fluminense. O maior favorecido seria Mariano, nosso guerreiro, que poderia atacar mais; entretanto, o time embolava sempre e poucas foram as vezes que conseguiu. Conca é nosso termômetro: não estando bem, o time todo se ressente. E, definitivamente, como tem sido há quase um ano, o Fluminense com Fred é um em campo: capaz de construir jogadas, tabelas no ataque, reter a bola nos momentos mais difíceis. Sem ele, é um time nitidamente inferior, quase sem brilho na função ofensiva. Quando não agredimos o Grêmio, era de se imaginar pelo fato de força que tem a equipe gaúcha; o Ceará, como qualquer adversário nosso, merece todo respeito, mas está muito abaixo do padrão gremista, e também não conseguimos produzir nada de útil para nossa pontuação em todo o segundo tempo. Para eles, a vitória magra em casa já era um excelente resultado, e bastou.

Todos confiamos em Muricy. E somente ele poderá modificar o curso deste rio. Me parece ser mais razoável tentar não naufragar nesta sete partidas que faremos antes da interrupção do campeonato, por conta da Copa do Mundo; depois disso, aí sim o capacitado treinador poderá fazer a sua pré-temporada e transformar novamente o time de guerreiros num candidato a títulos. Por enquanto, restam muita paciência e trabalho.

Muito.

No comments: