Wednesday, May 26, 2010

CORINTHIANS 1 X 0 FLUMINENSE (23/05/2010)


Apito infeliz (24/05/2010)

Meus caros amigos, não é muito do meu feitio reclamar de arbitragens que se equivocam contra o meu amado Fluminense. Na maioria das vezes, os lances só podem ser questionados quando se tem recursos tecnológicos inerentes às transmissões da televisão; enfim, o jogo é entre seres humanos, com os condutores das partidas também na condição de seres humanos – ao menos, é o que se espera. Tenho plena noção de quando meu time não atuou bem e não alimento delírios com craques imaginários e jogadas do além, que muitas vezes são “lidas” em jornais e, por isso, geram enorme frustração nos torcedores dos times “mais queridos”. Porém, em outras poucas oportunidades, os erros de arbitragem podem ser decisivos para o sucesso ou o revés de um time. Foi o nosso caso de ontem. Não perdemos para o Corinthians somente por conta do gol de falta de Chicão, mais uma vez, contando com a desatenção do nosso goleiro Rafael. Não perdemos somente porque Fred, o grande artilheiro, cabeceou livre uma bola no primeiro tempo, daquelas que geralmente marca o gol, mas desta vez colocou fora do campo. E nem porque Fred quase fez um gol de carrinho no segundo tempo, com a bola passando muito perto da trave esquerda. E não perdeu também por conta de uma má atuação: pelo contrário, fez um de seus melhores jogos este ano, com grande vigor na marcação, tabelas, cruzamentos e, em menor escala, chutes. O atestado de óbito do tricolor neste jogo foi assinado pelo senhor Gaciba, com sua atuação que pode ser chamada de temerária ou desastrosa, dependendo do gosto do freguês. Um completo e lamentável DESASTRE que, coincidentemente, favoreceu o Corinthians, justamente num momento em que o alvinegro paulista completa seu centenário e vem de um início de crise, provocada pela precoce eliminação na Copa Libertadores. Com a vitória de ontem, o time paulista assumiu a ponta da tebela.

Reitero: um DESASTRE do senhor Gaciba. E mais uma vez.

A rigor, o Fluminense só não teve as rédeas da partida nos quinze primeiros de jogo, justamente quando sofreu o gol que decidiu o jogo, numa cobrança de falta não-convencional feita pelo zagueiro Chicão, chutando a bola pelo lado de fora da barreira na diagonal esquerda da defesa Tricolor. Rafael, preocupado com o chute de Roberto Carlos, outro potencial cobrador, falhou claramente no lance: deveria ter ficado mais ao centro da meta, em vez de escolher o canto direito e tentar adivinhar. Quando o chute veio, era natural que chegasse atrasado e foi o que aconteceu. O Fluminense tinha começado a partida de maneira tímida e insegura, proporcionando ao Corinthians o predomínio absoluto na posse de bola e, com um a zero no placar, ainda levou alguns poucos minutos para se recobrar do golpe; porém, quando o fez, passou a dominar o jogo até o fim, nos dois tempos.

Então, foram setenta e cinco minutos de domínio contra o forte time mandante e sua fanática torcida? Sim. Merecíamos o empate e a virada no marcador? Sim. Tivemos mais chances, mais chutes, mais ameaças? Sim. Fizemos até gol, com Rodriguinho, mas o desastre de Gaciba não permitiu nosso empate, ao referendar um impedimento absurdo, estando o atacante Tricolor quase dois metros atrás do último marcador corinthiano, que só poderia ter sido marcado se o juiz de linha fosse completamente míope. E, no finalzinho, ainda houve a cabeçada de Fred, livre, que buscou o ângulo direito do goleiro Felipe, com a bola indo para fora.

Se, no começo da partida, o Fluminense era vacilante, principalmente nos erros de passes de Diogo e Diguinho, por outro lado o estreante Carlinhos mostrava personalidade em sua estréia na nossa lateral-esquerda, mostrando que pode acabar com um estigma de anos de fracasso dos jogadores naquela posição. Rodriguinho se movimentava muito bem: é rápido e impetuoso – além disso, fez o gol que Gaciba não permitiu. Fred pode ter sentido um pouco a falta de ritmo, mas é sempre Fred: sensato, preciso, combativo. Conca, nem tão brilhante, é sempre Conca: raça, dribles, impetuosidade. O gol era a cereja no bolo que não veio.

O segundo tempo só acentuou o ímpeto ofensivo do Fluminense, montando uma verdadeira blitz na defesa mosqueteira. Raras vezes o Corinthians foi tão acuado dentro de sua casa. De toda forma, era difícil furar o bloqueio defensivo. Fred, na bela jogada de carrinho, quase conseguiu outra vez. Não deu. Um jogo que dominávamos, mas era difícil de marcar o tento. O erro crasso na feitura de Rodriguinho começava a pesar. Até que veio a jogada capital da partida: Fred entrou livre na área, foi derrubado por Felipe, houve o pênalti. Gaciba, com sua postura corporal exótica, a um metro do lance, marcou a falta penal. Antes disso, o outro juiz de linha colocou a cereja que faltava no bolo. Só que uma cereja podre: marcou impedimento de Fred. Em resumo, mais uma patetada: ficou evidente que o árbitro apontou o pênalti sem olhar para o assistente. Então, a falta foi desmarcada, o cartão aplicado a Felipe foi desconsiderado e o Corinthians seguiu para o jogo com toda a felicidade. Simples, não? Não. Outro DESASTRE de Gaciba.

Os vinte e cinco minutos finais mostraram um Fluminense combativo, lutando contra seus próprios erros, buscando o ataque a todo custo, mas sem sucesso no penúltimo toque e na finalização das jogadas, até com certo nervosismo naturalmente provocado pelo apito infeliz, capaz de tirar a segurança de qualquer futebolista. E o Corinthians completamente encolhido, se defendendo e lutando para manter a vantagem, o que acabou acontecendo. Se é que pudemos tirar algo de positivo deste jogo, foi em relação à postura do time, que a cada compromisso se mostra mais próximo da tradicional “pegada” dos times comandados por Muricy Ramalho. Continuamos nossa luta gradual para estar numa posição intermediária da tabela até que se tenha o intervalo da Copa do Mundo; aí sim, nosso treinador terá o tempo para montar o Fluminense que todos esperamos. Confio nisso. A postura de ontem e a de sábado passado, mesmo com erros, nos dá uma sensação de progresso, ainda que lento.

Encerro esta crônica falando de Gaciba, o árbitro do apito infeliz. Mas pouco. Estas não são palavras com gosto de choro de perdedor, mas sim de lamento por quem foi completamente garfado. Ainda está em minha memória a verdadeira zorra que o time do Paulista de Jundiaí promoveu em São Januário, quando fomos vice-campeões em 2005: cera, quedas em campo, retardo de reposição, ausência de descontos de tempo plausíveis. Passaram-se cinco anos. E o senhor Gaciba voltou a fazer uma apresentação de péssimo nível, que tendenciou claramente o resultado da partida em nosso prejuízo e que, de certa forma, pode explicar sua ausência dos primeiros quadros da arbitragem nacional e estrangeira. Raras vezes fomos tão prejudicados. Que os homens das Laranjeiras ponham suas barbas de molho.


Paulo-Roberto Andel

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