Friday, August 13, 2010

GRÊMIO 1 X 2 FLUMINENSE (08/08/2010)


A alegria continua (09/08/2010)

Se comemorações antecipadas, títulos pré-datados e manchetes caudalosas nos diários esportivos não fazem parte da rotina de um cidadão Tricolor – o que é fato -, a cada dia que passa os milhões de apaixonados pelo orgulho das Laranjeiras têm mais motivos para comemorar. Vejamos: após um começo de campeonato tíbio, pouco depois da eliminação na Copa do Brasil pelo Grêmio, nestes últimos três meses o Fluminense tem sido uma máquina de ganhar. Chegamos a um terço do campeonato e, no rol de vitórias que nos firmam na liderança, já estavam marcados os triunfos contra o Santos na Vila Belmiro, o Atlético Mineiro no Mineirão e o Avaí na Ressacada; independentemente de suas condições na tabela atual, times que dificilmente são batidos em casa. Agora, o Tricolor fez mais uma vítima: o mesmo Grêmio que nos ceifou em maio. Vencemos com autoridade, competência e mantivemos a ponta.

As leituras para o jogo de ontem podem oscilar conforme a visão de cada um; certo mesmo é que se não jogamos de forma tão maravilhosa a ponto de convencer os críticos, inegavelmente merecemos os três pontos por mais que o Grêmio tenha tentado uma reação. Primeiro, porque o Fluminense foi avassalador entre os dez e os vinte minutos do primeiro tempo, fazendo dois a zero e não dando tempo aos gaúchos de respirarem; segundo, porque no segundo tempo soube agüentar bem a pressão gremista com um homem a menos em campo, de forma que quando tomou o gol, as favas estavam contadas. Ainda falta muito para qualquer comemoração, mas o principal diferencial a favor do Fluminense é sabermos que, se este ritmo for mantido com sucesso nos próximos quatro meses, não sairemos do cobiçado G-4 e teremos fortes possibilidades de recuperar um título que não vencemos há vinte e seis anos, mas que já esteve muito próximo de nossas mãos várias vezes. Claro, os homens de imprensa suam frio ao pensar nisso; preferem falar do champagne, dos descensos, do que pode ser feito para tripudiar do Fluminense em vão. Eu vos digo: ainda é muito cedo, mas hoje ninguém merece mais este título do que o Fluminense. Ficamos a um triz das semifinais de 1986, com os São Paulo nos vencendo a vinte minutos do fim do jogo; em 1988, ficamos aí sim nas semifinais contra o Bahia; em 1991, contra o Bragantino; em 1995, contra o Santos. Depois do pesadelo e da ressurreição, as semifinais de 2001, 2002, o quinto lugar de 2005, o quarto lugar de 2007. Em vinte e cinco anos, por oito vezes estivemos à porta da esperança, uma excelente média de boa colocação a cada três anos. Como então o Fluminense pode ser tido como um azarão, um timinho? Só os alucinados acreditariam que não somos capazes. Os mesmos bocós que previram a nossa queda ano passado; depois do vexame, alguns ficaram dias sem sequer saírem de casa.

O Fluminense de Muricy é vigoroso, é valente. Sabe administrar a posse de bola e ser mortífero quando preciso. Não importa a situação: quem abre dois a zero no Grêmio em vinte minutos no Olímpico e segura a vantagem até quase o fim do jogo, com um jogador a menos em campo? Falemos da realidade: os jornais não escalam supercraques fictícios em nosso time titular o elenco, mas esta é uma grande fase. E tal como terminamos o ano passado, depois daquela que foi a maior virada do futebol brasileiro em campo, em todos os tempos, neste ano de 2010 o Fluminense tem pontuação de campeão: vinte e nove pontos em treze jogos. Mantendo a performance, chegará ao fim do campeonato com quase noventa. Oxalá!

O momento atual é tão glorioso que até nosso goleiro, acostumado a lances exóticos, tem se portado bem. Fez duas grandes defesas no primeiro tempo, cruciais: com o gol, o Grêmio, que viria com toda a força na segunda etapa, cresceria e nos faria até correr risco de derrota. Mas não foi o que aconteceu: antes dos perigos, o Deus Mariano da Raça já tinha marcado seu tento, em cobrança de falta pela esquerda no canto esquerdo do arqueiro Marcelo. E Emerson é implacável: o arranque, a passada e o chute: quase sem ângulo, driblou Marcelo e rolou para o gol vazio. Descemos para o vestiário com grande vantagem e total confiança.

Que não sejam só mesquinhos aqueles que só viram o Grêmio como poderoso no segundo tempo. Eles atacaram, e o que poderia se esperar? Um dos maiores clubes do mundo, com altíssimo aproveitamento de pontos em casa, perdendo de dois a zero e precisando reagir para superar um mau momento. Evidentemente, buscariam o ataque. Foi o que fizeram nos primeiros quinze minutos do segundo tempo. Mas o Fluminense não tinha mais seus jogadores em pele, osso e músculos, mas sim de brita: uma barreira intransponível. Nem mesmo quando perdemos o ótimo menino Bob, expulso num lance onde Souza deveria ter sido também advertido, a situação mudou. O Fluminense tomou gosto pela vitória e a quis com todas as forças. E quando o time está bem, até jogadores que pareciam apagados surgem em campo e mantêm a pegada: por exemplo, como o outrora inseguro Williams, no lugar do argentino Conca. Emerson machucou o pé, Rodriguinho entrou, mas ficou pouco tempo, por conta da perda de Bob; veio o Marquinho velho de guerra e equilibrou as ações.

O Grêmio, forte e merecedor, fez seu gol ao final. Era tarde. Não havia como virar. O Fluminense era senhor do tempo e dos louros. O pouco que restava na ampulheta serviu para mais uma última emoção, quando Washington chutou a bola na trave ao fim da partida e poderia ter aumentado o placar.

O que dizer do Fluminense hoje, meus amigos?

É o líder, é o maiorial. Está vencendo sem o craque Fred. Está vencendo sem o craque Deco.

A hora é de controlar os nervos e a ansiedade. Ser líder pesa, exige responsabilidade e cobranças. Hora de empunhar a humildade que sempre tivemos, mas sabendo que o Fluminense não é mais uma promessa de time, e sim uma realidade.

Mais uma semana e nova decisão: o fortíssimo Internacional, no Maracanã. Desimporta que esteja lutando pelo título da Libertadores e, com isso, venha com seu time mesclado ou mesmo reserva. O banco do Colorado é mais forte do que muitas linhas titulares no Brasil. Degrau a degrau, passo a passo, é mais um grande desafio. Resta-nos lotar o Maracanã, gritar, vibrar, torcer e o nosso time fazer o que tem feito.

Não há espaço para a imprensa ridicularizar o Fluminense em suas páginas. No máximo, como sempre, torcer contra. Este não é um time pré-rebaixado por decreto, mas sim um sincero líder que sonha, bem mais à frente, com um dezembro espetacular.


Paulo-Roberto Andel

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