Thursday, August 06, 2009

ATLÉTICO-PR 1 X 0 FLUMINENSE

Debaixo da noite turva (04/08/2009)

Há uma noite que tem cercado o céu do Fluminense. É uma noite longa e turva.

Mais uma vez, fomos derrotados na rodada de domingo passado; desta vez, de forma inconteste e, sem dúvida, em nossa pior apresentação no ano – como se já não bastasse um rol de outras péssimas performances.

Desta vez, um golpe terrível. A lona. O fundo do poço. A humilhação da última colocação no campeonato. Chegamos ao limite do que há de pior. E nada pode ser salvo do jogo contra o Atlético do Paraná: foi uma partida péssima, sem caber a desculpa do também péssimo gramado e da chuva. Praticamente não chutamos a gol, e nossas maiores oportunidades aconteceram a cinco minutos do fim da partida, sob total desespero, o que resume a situação. Se ainda é possível tirar algo de bom deste jogo no Paraná, disputado no Estádio do Café por conta da perda do mando de campo pelos atleticanos, pode-se dizer da boa entrada do jovem goleiro Rafael, que se mostrou seguro nas poucas intervenções que fez em campo. Não evitou o gol, em razoável cobrança de falta executada pelo veterano Paulo Baier, porque ainda não havia entrado em jogo: o titular, impedido de movimentos capoeiristas numa bola mais ao alto, mais uma vez tomou um gol de falta em seu lado direito. Longe de culpá-lo pelo gol ou pela derrota; a culpa que lhe cabe é da situação como um todo. E de quem o escala, naturalmente. Sem contar o fato de ainda ficar quase dez minutos em campo sem condições, por sua teimosia que irrita o torcedor mais tranqüilo. Trata-se de um outro mundo, irreal; ficar em campo sem condição de estar em pé, priorizar defesas no gol com os pés. E este não é o mundo do Fluminense – ao menos, não deveria ser.

O fato é que em raras vezes eu assisti um jogo tão ruim do nosso Tricolor. Em outras épocas, nada boas, mas predecessoras de glórias, vi uma derrota para o CSA, de Alagoas, no Maracanã, com dois gols de Marciano. Outra, uma goleada de quatro a zero para o Campo Grande. Outra, a virada da Portuguesa da Ilha no Maracanã, com dois gols de Rico. O terrível primeiro tempo de 1998, contra o ABC. Desta vez, a coisa chegou ao mais extremo possível do que se pode tolerar. Não havia a menor possibilidade de se ganhar o jogo enquanto havia empate; com o gol de Baier, a virada tornou-se impossível. Um verdadeiro bando, atarantado em campo, sem as menores noções de posicionamento, deslocamento, marcação e, para piorar, com a insistência de se tocar – mal – a bola em um gramado esburacado e enlameado. E, claro, de nada adianta mandar a campo uma jovem promessa como Alan se o time está completamente desestruturado. Imagino qual deve ter sido o rol de instruções no intervalo, para que o time voltasse tão mal ou até pior do que na segunda etapa. Desnecessário dizer dos oito minutos finais, quando tínhamos mais um em campo; na atual situação, isso não diz qualquer diferença ou vantagem. Mais uma vez, fica claro que o problema não estava sendo criado por Parreira.

O que se tirar de uma derrota que nos coloca na última posição do campeonato brasileiro?

Lembrar Francisco Horta: “Vencer ou vencer”.

Não nos resta outra alternativa.
Hoje, a três rodadas do fim do primeiro turno, o Fluminense tem uma pontuação equivalente a de times que foram rebaixados, em anos anteriores, muito antes do final da competição.

É preciso colocar o coração na ponta das chuteiras. Temos dois jogos em casa ainda nessa primeira fase. E simplesmente não se pode perder pontos.

No passado, os Tricolores se sentiram tão indignados que, por conta de jornadas horrorosas, até se afastaram do Maracanã. Era compreensível, mas não é a solução. Um time sem torcida é um corpo sem coração. Não se pode deixar que o time morra à míngua, mesmo com sua fraqueza atual. E é bem difícil acreditar que, com o atual stablhishment das Laranjeiras, espetaculares mudanças trarão de volta o Fluminense vencedor de anos passados. Hoje, neste momento, o Tricolor tem um único amigo, coletivo, que lhe pode ajudar a reviver: sua enorme, apaixonada e coerente torcida.

Quantas vezes a nossa voz das arquibancadas não gritou por um gol de uma virada impossível, ou de um título quase perdido que retomamos com braço forte?

Empresários gananciosos, dirigentes ineptos e jogadores de enorme carência técnica passarão. Mas a torcida, meus amigos, ela é eterna: vai até a morte e, de acordo com meus amigos, depois dela!

Teremos na quinta-feira um jogo que pode decidir nossa vida, contra o Sport, adversário direto na luta contra o rebaixamento, no Maracanã. Todo Tricolor de bem que tenha possibilidades deve comparecer ao estádio. Quem não puder, que faça sua corrente positiva na televisão ou no rádio. Mas é preciso que toda a nossa torcida volte seu pensamento para o Maracanã. Precisamos vencer de qualquer forma. Não podemos ser derrotados pela mediocridade e pela incompetência dos que levaram o Fluminense ao caos onde se encontra.

No passado, tivemos ótimos times que a imprensa, tendenciosa, tratava por “timinhos”. Também tivemos times geniais que poucos reconheceram. Hoje, nosso time é um carro antigo, defeituoso, errático. Emperrado.

Cabe a nós empurrá-lo.

Para a frente.

Para trás, já temos milhões de agourentos a trabalhar.

Temos um time destroçado. Mas nossa torcida é genial. Ela pode ainda modificar este gravíssimo quadro.



Paulo-Roberto Andel, 04/08/2009

1 comment:

Flávio Jacobsen said...

Você escreve bem, cara. Gosto muito das Laranjeiras e de todos os fidalgos tricolores que conheci. O poeta Chacal, entre eles, em bela leitura que fizemos juntos aqui em Curitiba. Não vou falar sobre o que penso acerca de o Flu merecer voltar à segundona para voltar a ter meu respeito enquanto instituição. Pelo mesmo respeito que nunca perdi pela sua torcida, que sempre amei e admirei. Mas teu comentário na minha crônica modesta aquele dia no site oficial do Atlético (sim, escrevi um tempo lá) foi no mínimo deselegante. Deixa pra lá. Você é das letras e pelo jeito um cara legal. Tá tudo certo. Continue escrevendo que a coisa (e principalmente a intenção) é boa.