Tuesday, February 13, 2007

Debacle

Mais um dia de jogo clássico no Maracanã imponente. Apesar de que muitos reprovam o horário, não vejo em mau tom o match das vinte horas e trinta minutos: trata-se de programação amena, barata e terminada em tempo suficiente para a chamada "esticada".
O Tricolor, ainda em busca do sopro esperançoso do título da Guanabara, encarava o garboso América, time de simpatia popular e torcida reduzida com o passar dos tempos, poucos lembram-se a razão disso. Recordarei: rebaixamento de divisão por decreto, boicotes e perseguições federativas. Muitos dos que queriam ver o fim do América perderam-se pelo caminho. O rubro está muito vivo.
À direita da tribuna, o sangue fervia. Poucos, mas fanáticos torcedores. À esquerda, quase dez mil tricolores. Times com uniformes impecáveis. Tranquilidade no estádio, jogo de paz.
O primeiro tempo não teve um mar de emoções. O Tricolor atacava, mesmo que atabalhoadamente, como tinha sido a tônica de suas apresentações, ao passo que o América, recheado de boleiros experientes, cadenciava o jogo e preparava contra-ataques velozes, tendo destaque para Bruno Larazoni, bom jogador que sofre muito preconceito por ser filho do excêntrico treinador. De qualquer forma, os ataques foram inócuos, praticamente não chegando a ameaçar as metas. Poucas oportunidades foram realmente boas e ameaçadoras. Um grande perigo aconteceu numa cobrança de falta, bem executada por Júnior Baiano, com boa defesa do inseguro Ricardo Berna. O jogo não alimentava grandes perspectivas de gol e trazia a muitos torcedores os desejos de consumo: uma cerveja, um cachorro-quente, um refrigerantes, passatempos divertidos em contraponto a uma promessa não cumprida de espetáculo. Enfim, um jogo morno: esteve longe de ser bom, e bem distante também da ruindade absoluta. Chocho. Medíocre. Assim podemos dizer. Faltava particularmente ao Tricolor a garra e a velocidade. O América seguia a receita prescrita de paciência.
Quando tudo parecia fadado ao empate sem gols na primeira etapa, veio uma confusão na área de Laranjeiras, com cabeçadas seguidas para o alto dos dois times, sem que a bola fosse devidamente rifada. Houve um quique e, em seguida, um voleio espetacular do mesmo Lazaroni, inaugurando o placar. Foi um chute forte e muito bonito, mas não indefensável. Sei que o goleiro Berna tem defensores e nem seria o caso de culpá-lo pelo tento. Apenas é o caso de dizer que, fosse São Paulo Victor, a bola não entraria. Até msmo o efêmero São Paulo Goulart. O fato é que, tendo certa vantagem na condução do jogo, o Tricolor desceu derrotado para o vestiário.
Tenho a opinião de que alguns equívocos têm contribuído para o fracasso do Fluminense em campo. Inicialmente, a bem postada defesa do ano passado, Thiago e Roger, não estava sendo aproveitada; quando o foi, agora, contou com Luiz Alberto na condição de líbero - justamente o menos veloz e técnico dos três. Cícero e Soares, revelações em grande fase provenientes do Figueirense, poderiam ter sido melhor aproveitados se jogassem próximo, aproveitando o entrosamento - fato que não aconteceu. Carlos Alberto, o talento na armação de jogadas, foi escalado no ataque...Logo, o time batia cabeça atrás, não tinha ligação com o ataque e nem mesmo o completo ataque, vivendo de chutões para frente. Tudo isso seria corrigido no vestiário?
Não.
O time voltou como antes. Lento, aparentemente desinteressado e com mudanças sem efeito. O América foi amarrando seu jogo bem distribuído, contando com a categoria do veterano Valber e, na metade do segundo tempo, sacramentou a vitória numa belísssima e rápida jogada de ataque que terminou com a finalização de Marco Brito, filho de nossa casa, livre e driblando Berna para fechar resultado. Daí em diante, o bom toque de bola rubro serviu apenas para administrar nossa agonia - mais um ano longe da final da Guanabara, mais um ano começado em desordem, mais um ano que teremos de lutar muito para não perdermos toda a semeadura.
O América, merecido vencedor, vai firme para as semifinais. Tem um time bem estruturado, experiência e juventude. Não me surpreenderei se for o campeão.
Notícias dão conta da dispensa de Gusmão, o treinador do Tricolor. Não sei se seria a melhor alternativa.
Sei é que algo precisa ser feito. O Tricolor merece.
Paulo Roberto Andel, 12/02/2007

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