Tuesday, February 27, 2007

Freguês, não; Cliente VIP...

Passou o Carnaval, com muito sol e vento na Região dos Lagos, churrascos e cervejas para quem quisesse e pudesse. Um pouco de futebol no sábado onde o Expresso do Mercadão sapecou uma sova de 4 no Rubro-Negro, abalado pela subida aos céus em Potosí e na quarta de cinzas para a Viradouro e quem gosta de desfiles de Escolas de Samba, já que a Beija venceu sem convencer mais uma vez, o Rubro Negro vence o Glorioso Maracaíbo sem fazer força preparando-se para o jogo do ano, até então: mais um clássico com seu Cliente VIP, o Clube da Colina.

No sábado, o tricolor suburbano (só podemos falar desse, pois o outro...) venceu o Mequinha, convenceu a todos e marcou sua presença em mais uma final de turno no Rio. Fruto de um belo trabalho feito por Alfredo Sampaio que mesmo com Odvan em sua equipe conseguiu ficar invicto em 6 partidas e ainda fazer o Zagueiro-Zagueiro marcar o gol decisivo.
Chega o domingo, as duas únicas torcidas existentes no Rio fogem do Maracanã para assistir ao jogo pela TV, devido exclusivamente ao abusivo preço dos ingressos. Este é um ponto onde eu ainda não consegui formar opinião, não sei se é melhor ter preços elevados e assim afugentar os que vão ao templo para profaná-lo, porém esvaziando grandes jogos ou se vale mais fazer promoções e lotar o Maraca, contudo trazendo prejuízos para quem gosta do estádio e do futebol. Estou em dúvida.

O Flamengo vai a campo com sua principal formação, única exceção feita à Irineu, que contundiu-se na véspera. O Vasco apresenta Marcelinho, que tem cara de cantor de banda de forró, no lugar de André Dias e deixa o velho Romário no banco.

Logo com um minuto de jogo, a zaga da colina falha e a bola sobra para Obina, que marca e se machuca seriamente, saindo em seguida, lembrando Cocada em 1988. Com a vantagem o Flamengo recuou e esperou o adversário para jogar nos contra-ataques, tática já manjada de Ney Franco e que nem sempre dá certo, visto o jogo contra o Botafogo. Mais uma vez não deu certo, pois o time da Colina soube se compor e passou a dominar a partida. Mas como a freguesia é certa em jogos decisivos contra o Urubu, o time do Eurico pouco produziu, apesar de ter conseguido empatar em uma cabeçada do ‘Beto Jamaica’ de São Cristóvão, o dito cantor de forró Marcelinho, aos 30 minutos e nada mais aconteceu de útil.

Veio o segundo tempo e Franco inova tirando o inoperante Claiton e colocando Salino, para ajudar o baixinho Paulinho a parar Conca e Morais. Com esta mudança o time da Gávea passa a dominar a partida, mas como tinha Roni e Souza no ataque, nada que era tentado funcionava. Bem diz meu amigo Andel que quem tem Roni não pode querer decidir nada. Acho que o Ney também conversou com Andel, pois a 4 minutos do final da partida tirou Roni acertadamente e incluiu, até tardiamente, Juninho na partida.

Renato Gaúcho também tentou modificar sua equipe, mas ele também não estava em um bom dia e mudou errado, tirando Conca e Morais cedo demais e colocando Romário apenas 6 minutos antes do fim. Romário está nesta patética jornada rumo aos mil gols, o que seria um feito, se não fosse uma história tão mal contada.

Acaba o jogo. Empate em 1 a 1.
Injusto para o Flamengo, que foi mais time. Injusto para o Vasco, que podia ter vencido se seu treinador fosse
mais ousado. O regulamento manda as equipes decidirem a vaga nos pênaltis e assim começa a já conhecida liturgia: as equipes sentam-se exaustas, os técnicos e massagistas chegam e os homens da imprensa começam a debater quem deve bater e começam os clichês: "Pênalti é loteria!", "Vamos ver quem vai bater primeiro", "Saiu a lista do Vasco" etc, o árbitro escolhe o lado e as equipes vão se abraçar no meio do campo, tentando demonstrar uma união que normalmente não é verdadeira.

Mas é um momento sensacional do futebol, a disputa.
A tensão é aparente e Leandro Amaral vai bater a primeira cobrança, gol, justo.

Renato, que é conhecido pela potência do chute, manda uma bomba no travessão (ele realmente errou todas as bolas paradas). Aí vem Dudar, que estão querendo transformar em craque, cobrança horrorosa nos pés de Bruno, que teve como mérito acertar o lado.
Leonardo Moura bate e, mesmo com seu inimaginável cabelo moicano, marca empatando a disputa.
Amaral (que não é o Leandro) chuta para fora e a vantagem muda de lado quando o outro Renato do Flamengo acerta. Neste momento é possível ver que Rodrigues tem razão: há coisas que estão escritas desde o big bang. Diego acerta os pés de Bruno mais uma vez e Souza decreta que o time da Colina é mesmo um Cliente VIP.

Os nomes da partida foram Obina Cocada e Romário, que dificilmente aceitará continuar no banco para jogadores tão fracos.

O Flamengo passou a mais uma final e é o favorito para vencer a Taça GB, diante do time do Duba, mas deve ter cuidado, pois até na Bíblia o menor vence o gigante.
Alexandre Machado, 26/02/2007

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