Tuesday, February 13, 2007

O adeus de Gusmão

Demorou, mas finalmente o Fluminense dispensou Paulo César Gusmão do cargo de treinador das Laranjeiras. Os torcedores só não entendem a razão de tanta demora.

Quando foi contratado, PC Gusmão tinha uma difícil missão: livrar o Fluminense de mais um rebaixamento, o que parecia extremamente complicado há cinco meses atrás. Conseguiu executar essa tarefa, sem qualquer brilho e sem merecer medalhas por isso; afinal, em 13 jogos disputados em 2006 só ganhou dois: um do Cruzeiro, que com todo respeito, é freguês, e outro do Santa Cruz, que era o último colocado do campeonato na ocasião. Diante deste sucesso, a diretoria do Flu vacilou e cometeu o erro de manter o treinador para a temporada de 2007.
O que é mais incrível é o fato dos responsáveis pelo departamento de futebol do Fluminense não aparentarem saber nada sobre o esporte - há pouquíssimo tempo atrás, o clube teve um dos melhores times do Brasil, em 2005, a campanha tricolor foi maravilhosa e o time disputou títulos em todas as competições que participou. A formação daquela equipe começou com a contratação daquele que em minha opinião é o melhor técnico em atividade no Brasil, Abel Braga. Este, com seu princípio de que jogadores que vestem a camisa de times como o tricolor têm que estar acostumados a títulos e glórias, só pediu boas contratações e o resultado foi um conjunto que contava com o talento de Gabriel, com a habilidade de Fabiano Eller, com os gols de um Tuta em boa fase, com a raça e com a garra do exímio Leandro, com jovens confiantes vindos de Xerém e sobretudo com uma vontade coletiva de ganhar.
Com um bom time e um bom técnico, o Fluminense chegou ao seu 30º título estadual, chegou à final da Copa do Brasil, passou o Brasileiro no topo da tabela e teria grandes chances de ser campeão se não tivesse que jogar todas as partidas fora de casa (o Maracanã estava em obras e o Fluminense mandava seus jogos em Volta Redonda).
Em 2006 o Fluminense errou feio, contratou mal, jogadores que não tinham gana de vencer, não tinham raça e, em diversas partidas, jogou sem a menor dignidade. Atribuo esse fracasso ao fato de terem deixado o Abel escapar, pois, se ele ficasse, teria segurado bons jogadores que foram para outros clube, e jamais teria permitido que contratassem atletas da quase rebaixada Ponte Preta, ou que vivem no departamento médico, ou que já tiveram sua época no futebol mas se recusam a admitir que esta tenha chegado ao fim. Depois veio o erro que selou nosso destino: a contratação de Ivo Wortmann. Este pediu péssimas contratações, não tinha (e não tem) nenhum título em seu currículo de treinador e, além disso, não tinha (e não tem) a vontade e a estrela de Abel. Podiam ter aprendido com o erro, mas não: mantiveram o limitado PC no comando. De dezembro pra cá, ele dispensou o Marcão, único jogador de linha do Brasil a atuar por oito temporadas seguidas no mesmo clube, e que, além de tudo, sempre declarou publicamente seu amor pelo Tricolor, que sempre defendeu as cores que traduzem tradição com honra e dignidade, que fez promessa em 2003 para o time não cair (quem mais faz isso no futebol de hoje em dia, em que o esporte é um negócio, em que não existe amor à camisa?) e que foi ao inferno e voltou com o clube; depois disso o time teve uma vitória magra num jogo ruim contra o Friburguense; em seguida, uma derrota lamentável para um Volta Redonda que não ganhou de mais ninguém; mais tarde, um empate com o fraquíssimo Nova Iguaçu e finalmente uma derrota vergonhosa para o América.

O time, de tantas contratações e sem o menor entrosamento, conta com dois jogadores que sabem jogar juntos, Cícero e Soares; ao invés de aproveitar isso, o técnico não deixou que jogassem juntos nenhuma vez.

O Fluminense tem quase 20 dias para se preparar para a Taça Rio, é praticamente uma outra pré-temporada. O ataque não é bom, temos um Alex Dias velho para os padrões do futebol e o fraco Rafael Moura. A solução é aproveitar a dupla Cícero e Soares e trabalhar para que o Lenny ganhe confiança e se torne um grande atacante, pois potencial ele tem. Além disso, é preciso que se contrate um bom técnico - só o fato de Joel Santana e Tite serem considerados é preocupante. Estes dois não podem dirigir o time das Laranjeiras. Se houver troca-troca de treinadores como no ano passado, 2007 será mais um ano de agonia, o que não precisaria acontecer: temos o craque Carlos Alberto, o excelente Thiago Silva na zaga, o bom Carlinhos na lateral direita, Cícero e Soares que fizeram um bom brasileiro pelo Figueirense. Branco deveria aproveitar a saída de PC para implorar a Marcão que volte para disputar o Brasileirão pelo Fluminense, pois Marcão é um guerreiro que sempre terá vaga de titular no Fluminense.

Bola para frente e cabeça na Taça Rio. Mas antes do returno temos duas missões: secar o Vasco, pois o único time que não pode ganhar a Taça Guanabara de jeito nenhum é o do Eurico, e trabalhar o lado psicológico dos jogadores. É fundamental que eles tenham vontade de ganhar, não adianta entrar em campo sem vontade. Fizemos isso e perdemos oito pontos para times pequenos, coisa que não pode acontecer num campeonato curto e fácil como o Estadual.

Que o próximo técnico seja um vencedor, tenha estrela e seja um motivador, como são Abel e Renato Gaúcho. E que o tricolor faça as pazes com a vitória e proporcione à sua linda torcida a alegria de gritar “É campeão”, mais uma vez.
Rita Sussekind, 12/02/2007